"Poema para o fim de semana: o amor aos sessenta" - Alberto da Costa e Silva
Poema para o fim de semana: o
amor aos sessenta
Isto que é o amor (como se o
amor não fosse
esperar o relâmpago clarear o
degredo):
ir-se por tempo abaixo como
grama em colina,
preso a cada torrão de minuto e
desejo.
Ser contigo, não sendo como as
fases da lua,
como os ciclos de chuva ou a
alternância dos ventos,
mas como numa rosa as pétalas
fechadas,
como os olhos e as pálpebras ou
a sombra dos remos
contra o casco do barco que se
vai, sem avanço
e sem pressa de ausência, entre
o mito e o beijo.
Ser assim quase eterno como o
sonho e a roda
que se fecha no espaço deste
sol às estrelas
e amar-te, sabendo que a
velhice descobre
a mais bela beleza no teu rosto
de jovem.
Alberto da Costa e Silva
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