sábado, 30 de abril de 2022

"Carnivale" - Myrian Fraga


 



Carnivale

 






Porque a carne


É a carne


E tudo mais é fraco


A vida se renova


A cada novo acaso.



 

Será mesmo a alegria


O gole mais amargo


De um Pierrot que a si mesmo


Reconhece palhaço?



 

Ó espelho. Ó espelho,


Cada dias mais baço,


Que alvo contorno é este,


Que disfarce


Afasta deste rosto


O ríctus de cansaço?



 

Nas se é apenas um rito,


Se é apenas passagem,


Um frenesi, um espasmo,


Um galope de cascos,


Rutilantes, no asfalto.



 

E ao estridente soar


Das guitarras em pânico,


O tempo se desdobra


Em mil estilhaços


Fragmentos de nada...



 

Ó Deusa Carnivale,


Embala nos teus braços


A alegria dos tristes,


Este embaraço


Do sorriso que se perde


Em carmim e alvaiade.



 

No rescaldo da festa


Recolhe os pedaços


Deste deus que é delírio


Mas que é também fracasso



 

Breve


Todo ardor será cinza


Somente a enigmática


Face nos espelhos


Recompondo o disfarce.



 

 

 

 

Myrian Fraga

 


Sobre a barbárie dos civilizados e a civilidade dos bárbaros

 





Por longo tempo se acreditou, e muitos ainda acreditam, que a fundação do Brasil se deu com a vitória definitiva de um punhado de civilizados sobre a imensidão dos bárbaros. Assim se ensina a história, ou se ensinava, assim se celebra o passado: aqui chegaram os brancos e souberam impor sua fé e sua ordem sobre a desordem dos infiéis, dos incultos, dos incautos. Ao outro, sempre ao outro, se atribui a violência e o mal: aqueles seres desconhecidos, erroneamente chamados de índios, eram os primitivos, os selvagens, os canibais. Estariam condenados a uma brutalidade sem fim, se os brancos não tivessem chegado para lhes ensinar alguma civilidade. Brusco corte para o presente que nos que nos assombra, com sua violência extrema, sua destruição sem medida, sua intolerância escancarada. Se para algo nos servisse a brutalidade que tomou conta do país, embora a brutalidade nunca possa ter nenhuma utilidade, seria para expor com didatismo a inversão necessária dessa história: os supostos civilizadores sempre foram, eles sim, os bárbaros. Para ler o texto de Julián Fuks clique aqui


Leia "As medalhas do presidente" de Andrés Del Rio e André Rodrigues clicando aqui


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A Guerra na Ucrânia. 1. Crónica de uma guerra pré-anunciada

 





A guerra na Ucrânia foi anunciada com grande antecedência. A surpresa que tantos manifestaram perante a sua eclosão não tem fundamento objetivo e é, em muito casos, fingida. Para ler o texto de José Catarino Soares clique aqui







O "irrealismo" capitalista de Mark Fisher 




O escritor inglês acertou no principal: a impotência reflexiva da profecia autorrealizável do capitalismo. Para ler o texto de André Márcio Neves Soares clique aqui


Huillo & Coldplay - "Different Is OK" (Ao vivo na cidade do México)

 





Como uma das maiores bandas de rock do mundo faz a diferença pela inclusão



Há seis anos, na Cidade do México, rodou o mundo a imagem de um garoto com autismo se emocionando e chorando ao ouvir a banda inglesa Coldplay, no palco, cantando "Fix You", algo como te consertar, em português. Foi um momento de fazer passarinhar o coração de quem tem fé na alma. Ao lado do pai, também em prantos, o menino externava um sentimento de plenitude ao poder assistir à manifestação artística de seus ídolos ali de pertinho. Diante de tantas incompreensões em torno de uma condição diferente em que muitos querem ver como igual, poder estar ali vibrando livremente, com toda estereotipia que lhe é peculiar, parecia um alento sem igual.

 

Em abril passado, de volta ao país latino, o grupo um dos mais populares do mundo, que já deixou outras marcas inclusivas em sua trajetória, como ter feito o encerramento da Paralimpíada de Londres em 2012, convidou o agora adolescente Huillo para a festa. A multidão ouviu e ovacionou o novato artista, que cantou e tocou piano, ao lado dos músicos consagrados, uma canção chamada "Different is Ok",( Ser diferente é Normal), dando um intervalo nos hits tão esperados para uma pequena reflexão a respeito de aproveitar a vida sendo como é.

Em outra circunstância, em Dublin, na Irlanda, um jovem cadeirante foi erguido para o alto, em meio à multidão de fãs, em uma outra apresentação do Coldplay. Vendo a cena, Chirs Martin, vocalista e líder da banda, chama o rapaz para o centro do palco.

Chris auxilia a acomodação do moço e dá a ele protagonismo. Cantam juntos para mais de 80 mil pessoas que, com certeza, levaram para casa lembranças inclusivas com potencial transformador.

O lugar da pessoa com deficiência precisa ser deslocado dos conceitos equivocados de dependência, de inabilidades, de incapacidades, de tristezas, de recolhimento para o amplo convívio, para as oportunidades, para a visibilidade e para as potências resultantes de suas experiências.

Os grandes shows e apresentações estão sendo retomados a todo o vapor em diversos cantos do planeta. Estamos ávidos por momentos de catarse, por gritar bem alto, por retomar a sensação boa de compartilhar emocionados letras de canções que nos movimentam para a alegria.

Aproveitar holofotes, fama, prestígio e adoração pública diante desse caldo de humanidade latente parece ser oportunidade incrível para despertar novos pensamento e olhares a respeito das diferenças. Em um concerto de duas horas, dedicar cinco minutos a causas com poucas chances de protagonismo me parece um tempo valioso em sua repercussão e simples de ser desprendido.

E não escrevo aqui de filantropia, de apoio social, de ação de boa vontade. Escrevo sobre transformação de valores, de envolvimento genuíno com demandas do "serumano" que fazem hora extra para serem compreendidas e verdadeiramente abraçadas. 

Vou estar no show dos ingleses, em outubro. Oxalá alguma outra manifestação inclusiva aconteça no palco. Estamos precisando, com urgência. Há um massacre de direitos da pessoa com deficiência em curso no Brasil e vamos precisar de muito "Yellow", "Viva la Vida" e "Paradise" para suportar mais essa. 

Fonte: Jairo Marques (26/04/2022) Aqui

 




 

Para assistir à interpretação de “Different Is OK” por Huillo & Coldplay clique no vídeo aqui


Laurici Vagner Gomes: Pandemia, psicodeflação e educação estética

 

Franco Berardi
Friedrich Nietzsche



O fio condutor do presente artigo são as considerações acerca da pandemia apresentadas por Franco Berardi em Crônicas da Psicodeflação. O ponto de partida desse livro é o encontro entre o organismo superexcitado da humanidade e um vírus que, vindo de fora da máquina capitalista, obrigou os corpos a desacelerar, conduzindo a um estado de psicodeflação. Analisando esse estado sob a perspectiva do esgotamento, do niilismo do grande cansaço, caracterizado por Nietzsche, procuramos atender ao desafio apresentado por Berardi: preparar a saída da pandemia imaginando o possível. É nesse exercício de pensamento que, a partir da filosofia nietzschiana, discutimos a noção de educação estética para pensar em um contramovimento ao esgotamento. Para ler o texto completo de Laurici Vagner Gomes clique aqui








Revista "Educação Em Foco", v. 25 n. 45, 2022 







A revista apresenta o Dossiê “Educação  em Tempos  de pandemia  e  os  desafios  aos  docentes  e  discentes”. Este aborda temas  relacionados às questões do ensino  remoto  durante  a  pandemia tanto  para  docentes,  quanto  para  discentes  e  suas  famílias. Assim, visa problematizar temas como ensino e aprendizagem, dificuldades encontradas no trabalho e no estudo,  juntamente  com  alternativas  encontradas  diante  da  imprevisibilidade.  Em  textos escritos a partir de pesquisas realizadas por autores/as nacionais e internacionais apontam caminhos encontrados para continuar o processo educativo. Fica evidente um trabalho realizado com vistas achegar até os/as discentes conhecimentos, discussão crítica e, também, afetividade. Para cessar o conteúdo integral da revista clique aqui





 
Retorno após o contágio
Retorno após o contágio
 
Este livro foi co-publicado com a Friedrich-Schiller-Universität Jena e abre uma nova coleção do CLACSO, "Diálogos", que busca promover o diálogo e a cooperação entre a academia europeia e latino-americana. Este artigo visa desenvolver progressivamente uma nova sociologia do capitalismo e da mudança social na e da América Latina, além de alimentar a discussão com a sociologia crítica alemã e, em particular, com a chamada "Escola de Jena", cujas referências são Klaus Dörre , Stephan Lessenich e Hartmut Rosa.
 

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