sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

PEDRO BARROS: 'Mídia traz uma Venezuela caricata, completamente deslocada da realidade'

Pedro Barros
Acompanhar o noticiário internacional é sempre uma experiência que demanda discernimento – afinal, trata-se de notícias que vêm de longe e que, além de obviamente sujeitas ao viés analítico e ideológico do órgão de comunicação que as irradia, são relativas a fatos não vivenciados no dia a dia do público leitor. No Brasil, precisa-se de bem mais que discernimento para passar por esta experiência – muita desconfiança e dois pés pra trás talvez não deem conta da tarefa, especialmente se estão em foco países que tomaram um rumo que fuja minimamente ao que determina o mainstream.

A Venezuela é certamente um desses países. E não se trata aqui de tecer louvores ao país latino-americano, o qual, a exemplo de tantas outras nações de nossa região, tem uma trajetória marcada por uma série de contradições e precariedades sociais e políticas. Trata-se simplesmente de apelar para noções básicas e primárias do jornalismo, de modo que, diante dos fatos, se porte com um mínimo de seriedade e isenção.

Assistir  aos noticiários ou ler matérias dos maiores grupos de mídia sobre os últimos manifestos na Venezuela é se deparar, no entanto, sem exceção, com um bloco monocórdio, parcial e tendencioso. Um dos jornais televisivos de maior repercussão no país, o Jornal Nacional da Rede Globo, em uma de suas edições da semana passada, chegou a trazer os acirrados acontecimentos da Venezuela, com sua população visivelmente dividida (como é de praxe em situações sociais de conflagração ou mais extremadas), a partir das falas, imagens e cenários de somente um dos lados – a oposição ao presidente Maduro e ao chavismo.

Ideias como as refletidas pela frase “Governo que cai? Não. Governo que sustenta grupos paramilitares e uma polícia política, dispostos a aterrorizar atos da oposição, espionar e matar”, seguida de posterior e literal alusão ao nazismo – frase de um editorialista da Folha de S. Paulo, na segunda-feira, 24 de fevereiro -, são quase exclusivamente o que se vê espelhado pela imprensa corporativa. Autênticas caricaturas de direita, ditadas pelos porta-vozes e críticos vorazes dos clichês que saem pela esquerda.

Para avançar o debate, o Correio da Cidadania insere-se na tentativa de outros veículos que procuram dar voz àqueles que não têm entrada na grande mídia e que apresentam fatos e visões que nela são quase proibidos. Na noite de segunda-feira, 24 de fevereiro, conversamos com Pedro Silva Barros. Professor licenciado do Departamento de Economia da PUC-SP e doutor em Integração da América Latina pela USP, é técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e titular da missão deste órgão do governo federal em Caracas, Venezuela, desde setembro de 2010.

Dentre as várias e abrangentes colocações sobre o país no qual vive há quase 4 anos, Barros destaca que “os canais estatais não superam, somados, 10% da audiência”. Ele está se referindo ao mesmo país e à mesma mídia que os meios de comunicação por aqui denunciam como “100% controlados pelo chavismo”.

Para ler a entrevista de Pedro Barros clique aqui
Leia "Oposição e EUA usam estudantes para derrubar chavismo, diz cineasta que filmou protestos de 2007" de Marina Terra clicando aqui

Uma rara entrevista de Freud no final de sua vida

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Entre as preciosidades encontradas na biblioteca da Sociedade Sigmund Freud está essa entrevista. Foi concedida ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926. Deve ter sido publicada na imprensa americana da época. Acreditava-se que estivesse perdida, quando o Boletim da Sigmund Freud Haus publicou uma versão condensada, em 1976. Na verdade, o texto integral havia sido publicado no volume Psychoanalysis and the Fut número especial do “Journal of Psychology”, de Nova Iorque, em 1957. É esse texto que aqui reproduzimos, provavelmente pela primeira vez em português.
Para ler a entrevista de Freud clique aqui

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ucrânia: laços indiscretos entre EUA e neo-nazistas

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Quando os protestos na capital da Ucrânia chegaram a um desfecho, este fim-de-semana, as demonstrações de extremistas fascistas e neo-nazistas assumidos tornaram-se evidentes demais para serem ignoradas. Desde o início dos protestos, quando manifestantes lotaram a praça central para combater a polícia ucraniana e exigir a expulsão do corrupto presidente pró-russia Viktor Yanukovich, as ruas estavam cheias de pelotões de extrema-direita, prometendo defender a pureza étnica de seu país.
Bâners dos partidários da “supremacia branca” e bandeiras dos confederados norte-americanos [escravocratas] foram fixadas dentro da prefeitura de Kiev ocupada. Manifestantes içaram bandeiras da SS nazista e símbolos do poder branco sobre a estátua tombada de Lenin. Depois que Yanukovich fugiu do palácio estatal de helicóptero, os manifestantes destruíram a estátua dos ucranianos que morreram lutando contra a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Saudações nazistas e o símbolo doWolfsangel tornaram-se cada vez mais comuns na praça Maiden. Forças neo-nazi estableceram “zonas autonômas” em torno de Kiev.
Para ler o texto completo de Max Blumenthal clique aqui

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O ‘mathema’ do golpe oligárquico na Venezuela

Tão interessante quanto a conferência “O que é o autor?”, realizada por Michel Foucault em 1969, na Sociedade Francesa de Filosofia, foi a intervenção, em forma de debate, de figuras como Lucien Goldmann, Jacques Lacan, J. d’Ormesson, J. Ullmo e J. Wahl, pois de uma forma e de outra todos os presentes tocaram naquilo que Foucault não falou explicitamente embora lá estivesse todo seu argumento acerca da questão autoral ou mesmo a questão do sujeito, a saber: na estrutura, no estruturalismo.
O principal argumento de Michel Foucault sobre o autor não se centrou na sua existência ou não existência, na sua morte ou não morte. Foucault evitou a falsa polêmica, como a de saber, por exemplo, se Deus existe ou não existe. A premissa que sustentou seus argumentos foi: a questão que importa não é a da morte do autor, mas a da função que cumpre em um regime discursivo de uma época, entendendo por este o conjunto de práticas discursivas que esquadrinha um determinado tempo histórico, seja sob o ponto de vista da criação, sob o ponto de vista científico ou mesmo sob o ponto de vista dos discursos correntes no cotidiano das maiorias.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

ENTREVISTA / SEBASTIÃO SALGADO: ‘Para a fotografia, tem que saber experimentar o prazer de esperar’

 

A pé, a cavalo, o olhar aprende de outro jeito. A melhor escola como fotógrafo para Sebastião Salgado foi talvez a daqueles deslocamentos para conduzir o gado pelas terras de seu pai durante dias, percorrendo centenas de quilômetros. Foi assim que a sensibilidade visual de quem é hoje um dos grandes do mundo se foi educando. Passo a passo, aprendendo, diz, “o prazer da espera”. Por oito anos andou imerso em seu último projeto –Gênesis, em exposição até maio no museu Caixaforum, de Madri–, oito anos nos quais se fixou nas origens do planeta, ainda presentes em muitas paragens preservadas –ou em perigo– da Terra. O olhar ecológico, ideológico desse brasileiro exilado na França durante os anos duros da ditadura, nômade, mas tremendamente familiar, moldou uma ética e uma estética global que nos ajuda a compreender muito melhor o mundo.
Para ler a entrevista de Sebastião Salgado clique aqui

COMUNICAÇÃO COM O ALÉM: Eles venceram

O site do Estadão publicou na quarta-feira (19/2) uma importante matéria com o título “Norte-americanos investem para oferecer bate-papo virtual com familiares e amigos falecidos“, tratando da criação de um software ou programa, ou ainda aplicativo, nos moldes do conhecido Skype, para que o usuário possa conversar de forma virtual, digital e eletrônica com seus parentes mortos e outros antepassados.
Tal software, segundo o artigo, é resultado de um projeto desenvolvido no MIT, o famoso Instituto de Tecnologia de Massachusetts, localizado em Cambridge (EUA) e fundado em 1861.
A grande proximidade do MIT ao campus da Universidade Harvard, fundada em 1636 (quase 300 anos antes de nossa famosa USP), faz com que diversos estudos e projetos de pesquisa sejam conduzidos em conjunto através da associação institucional Harvard-MIT Division of Health Sciences and Technology. Assim, é infalível associar o nome desses dois centros do saber com a fama e a reputação que ambos possuem, quando se fala de assuntos relacionados com ciência e tecnologia.
Para ler o texto completo de José Albino clique aqui

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

E se um beija-flor pousar na sua janela?

Depois de criar a consagrada expressão modernidade líquida para a vida contemporânea – fluida, inconstante, insegura e insatisfatória – e a mesma conceituação para a pós-modernidade, uma modernidade tardia e “perturbadora” como a que vivemos hoje; e após inscrever vários best sellers sobre o assunto (Modernidade líquida, Amor líquido, Vida líquida e Medo líquido) na sua vasta obra literária, o polonês Zygmunt Bauman, 83 anos de idade e sempre transbordando de energia, publicou no Brasil, há apenas um mês, mais um volume do que podemos chamar de série - ou de coleção.
Vigilância líquida (Ed. Zahar) é o resultado de recentes conversas de Bauman, professor emérito das universidades de Varsóvia e de Leeds, na Grã Bretanha, com o amigo David Lyon, professor da Universidade de Queens, no Canadá, que assim como ele também é sociólogo e estuda os mecanismos de controle e vigilância da sociedade, no caso a sociedade líquida, e as demandas de “segurança” crescentes – muitas delas artificiais, como as que procuram classificar como terrorismo determinadas manifestações políticas - estimuladas por empresas de tecnologia ou, com frequência, pelos interesses de ocasião de grupos e partidos políticos.
Para ler o texto completo de Léa Maria Aarão Reis clique aqui


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Halie Loren - "Sway"

Para escutar "Sway" na interpretação de Halie Loren clique aqui

Qual cultura e de quem?

Escola de Artes Visuais da National Gallery, Departamento de Mbare
Escola de Artes Visuais da National Gallery, Departamento de Mbare, Zimbabwé
A maioria dos meninos e das meninas que cresceram neste bairro, nos anos 70, encontravam-se a cinco minutos de um cinema, de uma biblioteca, de um centro desportivo, de uma igreja e de uma escola. Um ambiente educacional e cultural rico para os pequenos, diriam. Ainda por cima, tratava-se de uma das mais diversas comunidades multi-étnicas. Muitas pessoas da terra e além fronteiras queriam viver na próspera capital de um pequeno país rico. Enquanto os residentes locais haviam trazido essas incrivelmente ricas culturas e a sua arte, a infraestrutura da cidade impôs uma cultura urbana e encorajou certo tipo de artes.
Qual cultura e de quem?
Antes da independência do domínio britânico em 1980, Mbare era uma área onde viviam os pretos. Os brancos não viviam aqui, excepto, ocasionalmente, o pároco católico. Os polícias e superintendentes brancos das autoridades locais apareciam apenas de manhã e iam-se embora à noite. Viviam nos subúrbios brancos ou em bairros resguardados pelas áreas industriais e comerciais.
Um par de ruas principais ligava o bairro ao resto do mundo, e essas ruas podiam ficar vedadas pela polícia quando os pais do meninos começavam a fazer barulho a propósito dos direitos humanos e das condições de vida na zona. A julgar pela forma como a polícia se comportava, os episódios esporádicos em que perseguiam os pretos com cães, motocicletas e veículos antimotim, por vezes, para as crianças, parecia ser uma brincadeira de crescidos. Fazia tudo parte da paisagem cultural urbana. Uma pequena comunidade branca de origem europeia governara o Zimbabwé desde 1896 e tinha ‘construído’ uma nova ‘nação’, chamada Rodésia, cultura incluída.

Para ler o texto completo de Farai Mpfunya clique aqui

FILME "Obra-prima em Tóquio"

Algumas das obras mais marcantes e celebradas da cinematografia mundial são de difícil acesso: vistas em momentos especiais, como mostras ou homenagens em festivais importantes. O cultuado cineasta japonês Yasujiro Ozu (1903-1963) inspirou nomes como Wim Wenders, tanto quanto é objeto das mais variadas leituras e interpretações. Mas o culto a Ozu não corresponde à circulação de seus filmes no mercado de DVDs.
Por isso, deve ser saudada a iniciativa da Versátil, que acaba de lançar uma caixa em três discos que reúne cinco clássicos do mestre japonês. Dentre estes, para deleite dos cinéfilos, aquele que para muitos é sua obra-prima: “Era uma Vez em Tóquio” (1953).
Desde a antiguidade, uma das exigências a uma obra de arte é que ela comova. Mas comova à medida que mantenha equilíbrio no fluxo temporal da narrativa, na composição da psique dos personagens e carregue mensagem que leve ao espectador a identificação. Do contrário, a queda ao melodrama, ao artificialismo vazio, ou ao maneirismo. Numa obra cujo propósito é comover, justapor esses elementos é um desafio a que poucos têm êxito.
Para ler o texto completo de Humberto Pereira da Silva clique aqui

Na Islândia, uma em cada dez pessoas publicará um livro

A Islândia está vivendo um boom literário. Esta ilha com um pouco mais de 300 mil habitantes tem mais escritores, mais livros publicados e mais livros lidos per capita do que qualquer outro lugar do mundo.
Para ler o texto completo de Rosie Goldsmith clique aqui

Cartilhas e documentos importantes sobre Educação Ambiental

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Este manual traz os principais procedimentos para a restauração florestal tendo por estudo de caso a Amazônia e atividades desenvolvidas visando ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Para baixar as cartilhas e documentos clique aqui

Pânico sobre deflação mundial

wallerstein crise
Por isso, é chocante que, nas duas últimas semanas de janeiro, o Wall Street Journal (WSJ), o Financial Times (FT), o Main Street, a agência Bloomberg, o New York Times (NYT) e o Fundo Monetário Internacional tenham, todos, soado o alarme sobre o “colapso” destes mesmos mercados emergentes; e que tenham advertido, em especial, sobre a deflação, que poderia ser “contagiosa”. Tive a impressão de que estão em pânico, quase indisfarçável.
Primeiro, algumas palavras sobre deflação. Mercados “calmos” são aqueles em que os preços nominais não caem e sobem devagar. Isso permite aos vendedores e compradores prever, com razoávelconfiança, quais suas melhores decisões. Os mercados mundiais não estão calmos há bastante tempo. Muitos analistas associam o fim desta calma à crise, em 2008, do mercado de hipotecas norte-americano. De minha parte, vou além. Penso que o declínio começou no período entre 1967 e 73, e não foi interrompido desde então.
Para ler o texto completo de Immanuel Walerstein clique aqui
Leia também “Economias em desenvolvimento atingem uma parede de tijolos” de Erich Follath e Martin Hesse clicando aqui

sábado, 22 de fevereiro de 2014

"SENSO SEM DIREÇÃO" - Goimar Dantas

SENSO SEM DIREÇÃO

Eu me desdobro: origâmica
E me esculpo: cerâmica
Escorro em lava: vulcânica – sobre você.
E então me vejo: reflexo.
Um Rio Tejo em seu fluxo,
cujo desejo profundo é se misturar ao mar.
Um oceano nostálgico
de águas salgadas, febris.
E correntezas incertas.
Ondas gigantes e hostis.
E ainda assim eu me entrego.
Submergindo, me enredo:
sereia plena, feliz.
Espécie de néctar, fruta:
pra sorver absoluta
na boca da sua noite.
Sumo pra suar em febre
e entranhar em sua pele:
esse horizonte, fronteira.
Penhasco, abismo, ladeira.
Avesso do meu direito
onde espero me perder.

Goimar Dantas, RN, 1972

Gilmar Mendes não sabe o que diz ou não diz o que sabe

Paulo Moreira Leite
Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".

O esforço de Gilmar Mendes para tentar desmoralizar a campanha de solidariedade de tantos brasileiros aos condenados da AP 470 ajuda a entender o caráter precário daquele que foi chamado de “maior julgamento da história.”
Ao sugerir que o senador Eduardo Suplicy liderasse uma campanha para ressarcir “pelo menos parte dos R$ 100 milhões subtraídos dos cofres públicos" no caso do mensalão” Gilmar Mendes assume uma postura espantosa para um ministro do STF.
Faz afirmações que não pode provar, insinua o que não consegue demonstrar.
A atitude de Gilmar é política.
As doações, em escala que surpreendeu os próprios condenados, mostram o repúdio de um número crescente de brasileiros diante dos abusos do julgamento. 
Para ler o texto completo de Paulo Moreira Leite clique aqui

Uma máscara sobre a tragédia da Ucrânia

Ianukovich e Obama. Official White House Photo por Pete Souza

Não é segredo que Barack Obama é um dos ilusionistas supremos dos tempos modernos. O seu divórcio entre palavras e atos é tão profundo que chega a ser quase sublime, ultrapassando em muito as mistificações rudes do gangue Bush-Cheney. As irrealidade projetadas por estes eram mais transparentes e, em qualquer caso, foram apenas concebidas para disfarçar de leve as políticas impulsionavam (militarismo, cortes de impostos para os ricos, etc.). Com efeito, os bushistas faziam as suas tiradas como atores entediados no final de um longo percurso, sem se importar se acreditavam neles ou não, desde que conseguissem o que queriam.
Mas Obama elevou essa arte a outro nível. É um artista consumado, esforçando-se por "viver" o seu papel e declamar as suas falas, como se elas fizessem sentido e transmitissem verdade emocional. O que faz não é apenas dourar a agenda conhecida com algumas mentiras atrapalhadas; ao posar como pacificador compassivo, progressista, anti-elitista, está a mascarar uma agenda oculta usando uma vasta gama de artifícios, fazendo esforços enormes para gerar um mundo alternativo que não existe.
Para ler o texto completo de Chris Floyd clique aqui

GILBERTO GIL: "La lune de gorée"

Ilha de Gorée ou Ilha de Goréia localiza-se ao largo da costa do Senegal, em frente a Dakar, na África OcidentalFoi, entre os séculos XV e XIX, um dos maiores centros de comércio de escravos do continente, a partir de uma feitoria fundada pelos Portugueses. Esse entreposto foi, ao longo dos séculos, conquistado e administrado por NeerlandesesIngleses e Franceses.
Ilha de Gorée: Forte d'Estrées, actual Museu Histórico do Senegal.
A sua Arquitectura é caracterizada pelo contraste entre as sombrias casernas dos escravos e as elegantes mansões dos seus mercadores.
Gorée, classificada em 1978 como Património da Humanidade é um símbolo da exploração humana e uma escola para as gerações actuais, com grande importância para a Diáspora africana.


A lua de Goreia

A lua que se ergue
Na ilha de Goreia
É a mesma lua
Que se ergue em todo o mundo

Mas a lua de Goréia
Em uma cor profunda
Que não existe
Em outras partes do mundo
É a lua dos escravos
É a lua da dor

Mas a pele que há
No corpo de Goreia
É a mesma pele que cobre
Todos os homens do mundo

Mas a pele dos escravos
Em uma dor profunda
Que nao existe não
Em outros homens do mundo
É a pele dos escravos
Uma bandeira de liberdade

Para ouvir Gilberto Gil interpretando "La lune de Gorée" clique aqui

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

"Os poemas" - Mario Quintana


Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana

Venezuela: um filho das elites prega abertamente o golpe

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O perfil é o de um típico mauricinho do Leblon. Ou dos Jardins. Um coxinha – como se costuma dizer agora. Só que um coxinha perigoso. Leopoldo Lopez é criticado até por setores da oposição – por ter decidido sozinho chamar os jovens às ruas pra derrubar o governo eleito da Venezuela. Hemrique Capriles, o outro líder da oposição, quer usar as ferramentas legais para derrotar o chavismo. Lopez quer o golpe.
Ele teve prisão decretada. Os EUA pressionam para que não seja detido. Por que? Lopez é apontado como homem de confiança, na Venezuela, do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe – de extrema-direita.
Quando se diz que a elite venezuelana não aceita o que Chavez fez, tirando a estatal petroleira (PDVSA) das mãos de famílias que usavam a estatal como propriedade privada, a definição cai como uma luva para Leopoldo Lopez“Ex-prefeito do munícipio de Chacao (2000-2008), López, de 43 anos, vem de uma das famílias da elite venezuelana, ligada ao setor industrial e petroleiro.”
Para ler o texto completo de Rodrigo Vianna cliaque aqui

DOSSIER: 12 Anos de Escravidão

12 Anos de Escravidão é um filme importante. Espera, isso não está certo… 12 Anos de Escravidão é um filme razoável sobre um tema importante. Agora sim! O diretor Steve McQueen (do ótimo Hunger, do não tão ótimo Shame) usa a autobiografia de Solomon Northup como matéria prima para contar a história do homem negro, nascido livre na Nova York do século 19, que é enganado e vendido como escravo para o Sul, para as plantações de algodão, para a senzala. O livro é uma epopeia chocante sobre a escravidão, sobre a apatia dos que eram contra ver pessoas como mercadoria, sobre a crueldade de quem se via com o poder quase divino sobre vida e morte, sobre a vida com grilhões. Merecia um filme a altura. 12 Anos de Escravidão é belíssimo, tem um ótimo elenco (em especial Michael Fassbender, a gente chega nele) e toca todas as notas certas. Mas não tem fúria, não tem alma: é burocrático, é didático, é quase uma palestra sobre escravidão. E nada é mais chato ou mais equivocado do que um cineasta querendo nos pegar pela mãozinha para dar uma lição de história. Steve McQueen achou tudo tão importante que esqueceu do principal: dirigir seu filme.
Para ler o texto completo de Roberto Sadovski clique aqui
Leia o texto "12 Anos é o 'melhor' filme sobre escravatura por falta de concorrência" de Chico Fireman clicando aqui
Leia 12 anos de escravidão’ não rompe com discurso e estética hegemônicos de Beatriz Macruz clicando aqui


Quem rotula nossa sexualidade?

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Ellen Page, que refletiu sobre dificuldade em “sair do armário”

Na sexta-feira a atriz Ellen Page se assumiu lésbica em um discurso público pela primeira vez. Entre tantas coisas lindas que disse, refletiu sobre a dificuldade em “sair do armário” (leia o discurso completo aqui). Quando compartilhei a informação com outras pessoas, muita gente disse coisas do tipo “eu já sabia”. Assim como muita gente usa frequentemente o termo “gaydar” (querendo dizer que haveria uma espécie de radar gay, que permite algumas pessoas identificarem mais facilmente quem é gay ou não). Esses comentários não vieram de pessoas homofóbicas, conservadoras, ausentes da discussão sobre os direitos e a condição LGBT num mundo heteronormativo. Pelo contrário, vieram de muit@s companheir@s de luta. Por isso decidi usar minha coluna de hoje como um apelo e lhes dizer: parem. Apenas parem.
Enquanto mulher bissexual, esse tipo de classificação me parece extremamente arbitrária. Por vários motivos, mas principalmente porque se baseia nos mesmos estereótipos que autorizam violência simbólica e física contra a população LGBT, e porque é autoritário ao querer definir para um indivíduo algo que só pode ser definido por ele ou ela mesm@: sua identidade sexual.
Para ler o texto completo de Marília Moschovich clique aqui

Zizek: Há mais do que fúria na Bósnia

Presidency and Government buildings on fire during protest in Sarajevo
Semana passada, cidades queimavam,[1] na Bósnia-Herzegovina. Tudo começou em Tuzla, cidade de maioria muçulmana. Os protestos então se espalharam até a capital, Sarajevo, e Zenica, mas também até Mostar, onde vive largo segmento da população croata, e Banja Luka, capital da parte sérvia da Bósnia. Milhares de manifestantes furiosos ocuparam e incendiaram prédios públicos. Embora a situação já tenha se acalmado, persiste no ar uma atmosfera de alta tensão.
Os eventos fizeram surgir teorias da conspiração (por exemplo, que o governo sérvio teria organizado os protestos para derrubar o governo bósnio), mas é preciso ignorá-las firmemente, porque, haja o que houver por trás das manifestações, o desespero dos manifestantes é autêntico. Fica-se tentado a parafrasear aqui a famosa frase de Mao Tse Tung: há caos na Bósnia, a situação é excelente![2]
Por quê? Porque as exigências dos manifestantes são as mais simples que há – emprego, uma chance de vida decente e o fim da corrupção – mas mobilizaram pessoas na Bósnia, país que, nas últimas décadas, tornou-se sinônimo de feroz limpeza étnica.
Para ler o texto completo de Slavoj Zizek clique aqui

"Pássaro azul" - Charles Bukowski


“Há um pássaro azul em meu peito
que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja.
Há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas eu despejo uísque sobre ele e inalo
fumaça de cigarro
e as putas e os atendentes dos bares
e das mercearias
nunca saberão que
ele está
lá dentro.
Há um pássaro azul em meu peito
que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo,
fique aí,
quer acabar comigo ?
(…) Há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou bastante esperto, deixo que ele saia
somente em algumas noites
quando todos estão dormindo.
Eu digo: sei que você está aí,
então não fique triste.
Depois, o coloco de volta em seu lugar,
mas ele ainda canta um pouquinho
lá dentro, não deixo que morra
completamente
e nós dormimos juntos
assim
como nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para
fazer um homem
chorar,
mas eu não choro,
e você ?”

Charles Bukowski

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