terça-feira, 30 de abril de 2013

JORNALISMO PÓS-INDUSTRIAL: Os jornalistas

Preparado no âmbito do Tow Center for Digital Journalism da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, o documento a seguir foi traduzido com exclusividade para a Revista de Jornalismo ESPM, que autorizou sua reprodução neste Observatório. Trata-se de um relatório de pesquisa sobre o jornalismo pós-industrial, lançado em 2012, e dividido em três partes: Jornalistas, Instituições e Ecossistema. A introdução ao documento está publicada sob o título “Adaptação aos novos tempos“, os demais capítulos serão apresentados nas próximas semanas. Para ler a íntegra do material, clique aqui e peça a sua Revista de Jornalismo ESPM. O relatório apresenta o atual estágio do jornalismo, em que as condições técnicas, materiais e os métodos empregados na apuração e divulgação das notícias até o fim do século 20 já não se aplicam. Estamos em meio a uma revolução, e a adaptação às novas fronteiras da profissão é a condição de sobrevivência nesse cenário, que prevê o uso intensivo de bases de dados, além da interação com múltiplas fontes e com o público.
O foco do trabalho é a imprensa norte-americana, mas as lições a serem tiradas da análise servem a todos os interessados nos rumos dessa indústria.
Para ler o texto completo de  C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky clique aqui

A histeria coletiva do momento: a redução da maioridade penal

A raivosa e conservadora classe média descobriu um novo inimigo – as crianças e adolescentes pobres e que cometem crimes – e uma nova solução para todos os problemas: a redução da maioridade penal.
Sendo teoricamente mais rigoroso, não podemos tratar como “classe social” o que chamamos de classe média. Tendo como elemento unificador apenas a execução de um trabalho não manual, seja ele reprodutivo ou criativo, o mais correto é falar de “setores médios”, visto que tal condição reúne grupos bastante diversificados. A unidade e a determinação teórica de uma classe social a relaciona com a inserção de determinado grupo nas relações sociais de produção. O que determina a burguesia, por exemplo, não é a quantidade de dinheiro e de bens materiais que seus membros podem ter, mas o fato de serem proprietários privados de meios de produção, por explorarem trabalho alheio e por extraírem ou participarem da divisão da mais-valia.
Para ler o texto completo de Cesar Mangolin clique aqui
Leia também o texto "Razões para NÃO reduzir a maioridade penal" de  Vinícius Bocato clicando aqui
Leia também o texto "As dificuldades de argumentar contra o senso comum" de Sylvia Debossan Moretzsohn clicando aqui
Leia o texto "Pela ampliação da maioridade moral" de Eliane Brum clicando aqui
Leia o texto "A ineficiência do Estado perante a barbárie" de Maria Rita Kehl & Paulo Fernando Pereira de Souza clicando aqui
 
 

domingo, 28 de abril de 2013

Mídia: a falta que a ousadia britânica nos faz

Acompanhei, em Londres, o trabalho sereno, lúcido, inteligente do juiz Brian Leveson, incumbido de comandar as discussões sobre a mídia britânica.
Leveson, para lembrar, foi chefe de um comitê independente montado a pedido do premiê David Cameron depois que a opinião pública disse basta, exclamação, às práticas da mídia. Já havia um mal estar, parecido aliás com o que existe no Brasil, mas a situação ficou insustentável depois que se soube que um jornal de Murdoch invadira criminosamente a caixa postal do celular de uma garota de 12 anos sequestrada e morta. O objetivo era conseguir furos.
Leveson e um auxiliar interrogaram, sempre sob as câmaras de televisão, personagens como o próprio Cameron, Murdoch (duas vezes), editores de grande destaque, políticos e pessoas vítimas de invasão telefônica, entre as quais um número expressivo de celebridades.
Para ler o texto completo de Paulo Nogueira clique aqui

Professor do futuro será um designer de currículo

O termo é desconhecido no Brasil, mas é bom você já ir se familiarizando com ele. O professor tradicional – esse com o qual estudamos anos e que conhecemos hoje – vem gradativamente se transformando no que em algumas escolas por aqui, mas mais intensamente nos Estados Unidos, chamam de designer de currículo. A principal função desse “novo” profissional está a de desenvolver currículos e projetos interdisciplinares, integrando às novas tecnologias. “O professor designer de currículo é a expressão maior e mais completa do mestre contemporâneo. Vai além de ministrar o conteúdo estrito senso, mas é também responsável por preparar o educando para o hábito de aprender a aprender, desenvolvendo habilidades de aprendizagem que são consideradas imprescindíveis aos profissionais e cidadãos em um mundo centrado na inovação”, afirma Ronaldo Mota, ex-secretário Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e atualmente professor visitante do Instituto de Educação da Universidade de Londres.
Para ler o texto completo de Vagner de Alencar clique aqui

África: quando ética e estética encontram-se na pintura

Entre as histórias que se atravessam e os caminhos que se cruzam, escolhidos mais pela vida do que qualquer outro quê, conheceram-se Lawrence e Agnes, enquanto cursavam a faculdade de arte. Do encontro, nasceu um casamento, uma ideia e uma escola de pintura, que viria a se tornar um dos símbolos da arte contemporânea da Zâmbia. Pertencentes ao grupo étnico Bemba, comum no norte do país, os jovens foram convencidos pelas mães a participar da cerimônia tradicional secreta Mbusa antes da união oficial. Terminaram a iniciação apaixonados pelo que tinham aprendido e decidiram trazer para dentro dos quadros tais valores. Assim nasceu a pintura Wayi Wayi, que hoje traduz um forte estilo estético da cultura nacional.
Para ler o texto completo de Flora Pereira e Natan de Aquino clique aqui

Mafalda e a poderosa crítica de valores

Difícil encontrar alguém que não conheça uma baixinha argentina chamada Mafalda. Seja como souvenir, estampando camisas e cartazes do movimento estudantil, ou através dos já clássicos livros-coletânea, a quase “cinquentona” menina insiste em se fazer presente. Apesar da curta trajetória (1964 a 1973), trata-se da personagem de histórias em quadrinhos (hq’s) mais popular da Argentina e uma das mais conhecidas no mundo.
Ao contrário do que muitos pensam, Mafalda não foi contemporânea da ditadura do triunvirato Videla, Massera e Agosti, conhecida como Proceso de Reorganización Nacional (1976-1983) – um dos seis golpes civil-militares pelos quais aquele país passou no século XX, com um saldo de cerca de trinta mil mortos/desaparecidos. A personagem de Quino“nasceu” na conturbada década de 1960, durante o governo de Arturo Umberto Illia (1963-1966), derrubado por outro golpe – a chamada Revolução Argentina,que colocou no poder os generais Onganía, Levingston e Lanusse. Mais exatamente, o “nascimento” de Mafalda se dá no mesmo ano em que no Brasil é deflagrado o Golpe que duraria vinte e um anos.
Para ler o texto completo de Carlos Eduardo Rebuá Oliveira clique aqui

Acesso livre: 35 filmes para questionar capitalismo

Esta lista, inevitavelmente incompleta e truncada de injustiças, resgata da História do Cinema as melhores e mais belas encarnações dos ideais da esquerda.
Para ver a lista completa clique aqui

sábado, 27 de abril de 2013

PABLO NERUDA: Nenhuma outra viajará pela sombra comigo


Nenhuma outra viajará pela sombra comigo

 

Já és minha. Repousa com teu sono no meu sono.

Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.

Gira a noite em suas rodas invisíveis

e ao meu lado és pura como o âmbar adormecido.

 

Nenhuma outra, amor, dormirá com meus sonhos.

Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.

Nenhuma outra viajará pela sombra comigo,

apenas tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.

 

Já tuas mãos abriram os punhos delicados

e deixaram cair suaves signos sem rumo,

teus olhos fecharam-se como duas asas cinzentas,

 

enquanto eu sigo a água que levas e me leva:

a noite, o mundo, o vento fiam o seu destino,

e sem ti já não sou senão apenas o teu sonho.

 

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Do medo de amar e suas origens

Na última coluna comecei a falar sobre o sexo tântrico. Finalizei frisando que para vivenciarmos tal experiência necessitamos ter consciência de nossos bloqueios e buscar ultrapassá-los. Mas onde se originam estes limites? Para descobrir precisamos vasculhar profundamente os nossos primeiros relacionamentos, ou seja, com nossos pais.
Talvez seja muito difícil para nós voltarmos no tempo e sentir o frescor daquele amor que tínhamos com nossos pais. Para a criança, os pais são tudo. O problema é na vida adulta tentarmos fazer do outro tudo para nós. Caímos num amor regredido. O que sentimos é um anseio por amar, o que não é o mesmo que a capacidade de amar. E quando encontramos uma pessoa que corresponde a esse anseio, ficamos obcecados por ela.
O médico norte-americano Alexander Lowen, salienta que relacionamentos adultos saudáveis baseiam-se em liberdade e igualdade. Liberdade denota o direito de expressar livremente os próprios desejos e necessidades. Igualdade significa que cada pessoa está no relacionamento por si mesma e não para servir ao outro.
Para ler o texto completo de Katia Marko clique aqui

Como era tranquilo mover fábricas…

Desde que existe uma economia mundial capitalista, um dos mecanismos essenciais para que seu funcionamento tenha sido bem-sucedido foi a relocalização industrial. Após um período de acumulação significava de capital, nos ramos industriais mais dinâmicos (normalmente por volta de 25 anos), o nível de lucro costumava cair, tanto por causa do enfraquecimento do quase-monopólio desse ramo principal quanto por conta do crescimento dos custos de trabalho, devidos a diversas formas de ação dos sindicatos.
Quando isso acontecia, a solução para a industria era relocalizar-se. Significa que o local da produção era transferido para alguma outra parte do sistema mundial, que tinha “níveis de salário historicamente mais baixos”. Na verdade, os capitalistas que controlavam as principais indústrias estavam trocando custos de transporte maiores por custos de trabalho reduzidos. Isso mantinha uma receita significativa para eles — embora menor que no primeiro período, quando ainda mantinham um quase-monopólio.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

quinta-feira, 25 de abril de 2013

ENTREVISTA/ Maria Ignez Costa Moreira: "Famílias em vulnerabilidade social: é possível auxiliar sem invadir?"

As professoras Maria Ignez Costa Moreira e Soraia Dojas M. S. Carellos estão lançando a coletânea "Famílias em vulnerabilidade social: é possível  auxiliar sem invadir?" que é fruto do trabalho de pesquisadores e de profissionais do campo da Psicologia engajados nas políticas públicas de proteção e assistência às famílias, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
A propósito do lançamento do livro a professora Maria Ignez Costa Moreira concedeu uma entrevista onde aborda as inquietações produzidas pela prática com famílias na rede de assistência e de saúde pública, desafiadora dos saberes instituídos e instigante na reflexão que proporciona quanto à adequação ética de nossas ações junto a essas famílias.
Para a ver a entrevista clique aqui 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Como o consumo de notícias nos torna infelizes

Nas últimas décadas, aqueles mais felizes dentre nós reconheceram os perigos de uma vida com superabundância de comida (obesidade, diabetes) e começaram a mudar as dietas. Mas a maioria, entre nós, não compreende que a notícia é para a mente o que o açúcar é para o corpo. A notícia é fácil de digerir. A mídia nos alimenta com pedacinhos de assuntos triviais, guloseimas que não dizem respeito às nossas vidas e não exigem muito raciocínio. É por isso que quase não sentimos uma saturação. Ao contrário de ler livros e artigos extensos em revistas (o que exige raciocínio), engolimos quantidades ilimitadas de flashes das notícias que são caramelos coloridos para a mente. Hoje, chegamos ao mesmo ponto em relação à informação do que havíamos chegado há 20 anos em relação à comida. Estamos começando a reconhecer como as notícias podem ser tóxicas.

As notícias enganam – Vejam o seguinte exemplo (tomado emprestado do ensaísta e professor libanês-americano Nassim Taleb): um carro trafega sobre uma ponte e a ponte cai. Qual será o foco da mídia jornalística? O carro. A pessoa no carro. De onde ela vinha. Onde pretendia ir. Como sentiu o acidente (caso tenha sobrevivido). Mas tudo isso é irrelevante. E o que é relevante? A estabilidade estrutural da ponte. Esse é o risco subjacente que tem ficado escondido e pode estar escondido em outras pontes. Mas o carro é chamativo, é dramático, é uma pessoa (não-abstrata) e é uma notícia barata para produzir. As notícias nos levam a andar às voltas com o mapa de riscos completamente errado em nossas cabeças. Por isso, o terrorismo é supervalorizado. O estresse crônico é subvalorizado. O colapso da [empresa de serviços financeiros] Lehman Brothers é supervalorizado. A irresponsabilidade fiscal é subvalorizada. Os astronautas são supervalorizados. As enfermeiras são subvalorizadas.
Para ler o texto completo de Rolf Dobelli clique aqui

Pós-modernidade e golpes midiáticos

1.
Em diálogo com Deleuze e Guattari, assumo o argumento de que o capitalismo vive de fluxos, com fluxos, pelos fluxos, de forma hiperpragmática. Estes, por sua vez, simplesmente podem ser traduzidos como forças terráqueas, sociais, tecnológicas, artísticas, identitárias, cosmológicas, como, enfim, quaisquer forças, independente de suas qualidades intrínsecas, razão por que, na fábrica mundial que é o capitalismo, tanto faz se as forças em questão forem, sob o ponto de vista das sociedades, democráticas, despóticas, terroristas, esquerdistas, patriarcais, femininas, racistas, liberadoras, fundamentalistas, revolucionárias, sexuais, criativas, operárias, narcísicas, solidárias.

2.
O capitalismo, sobretudo o contemporâneo, atua no planeta como um todo, transformando inclusive as fronteiras nacionais em forças a serem manipuladas, aqui e ali, assim e assado, em conformidade com os desafios desse ou daquele contexto histórico. É por isso que, de antemão, a expressão relação de forças, sob o ponto de vista do capitalismo, é vivida literalmente, como desafio: o capitalismo sempre atua nas relações entre as forças, independente delas mesmas; independente, pois, do que as forças pensam sobre si mesmas, razão por que, sob o ponto de vista do capitalismo, o relevante é que, mesmo pensando em si mesmas, as forças possam produzir riquezas, movimentando sem cessar o valor em mais valor, o lucro em mais lucro.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Offshore Leaks: as caixas pretas do poder global

Um facho de luz está iluminando o lado obscuro do poder global desde o início do mês, sem que os jornais brasileiros pareçam interessados em segui-lo. Após 15 meses de trabalho, uma equipe do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) começou a publicar reportagens muito constrangedoras sobre os centros financeiros offshore, também conhecidos pelo termo eufemístico de “paraísos fiscais”. Por envolverem políticos e magnatas conhecidos do público, as revelações já estão provocando sobressaltos políticos em países tão diferentes como França (onde caiu o ministro das Finanças), Canadá, Indonésia, Filipinas, Venezuela, Rússia e Azerbaijão.
O trabalho do ICIJ tem como fonte um vazamento de informações extraordinário. Um operador anônimo, de uma instituição financeira que opera nas Ilhas Virgens britânicas, enviou a Gerard Ryle, diretor do Consórcio, um disco rígido de computador contendo 260 gigabytes de dados – 2,5 milhões de documentos, acumulados ao longo de trinta anos. Em volume, são 160 vezes mais dados que o material vazado, pelo Wikileaks, a partir do Departamento de Estado dos EUA. Por isso, o caso tornou-se internacionalmente conhecido como o “offshore leaks”. Uma equipe de 86 jornalistas, de 37 publicações (nenhuma brasileira…) analisou as informações e está produzindo as reportagens. É possível acompanhá-las, por exemplo, em seções especiais criadas no próprio site do ICIJ, mas também no Guardian, de Londres, e no Le Monde, de Paris.
Para ler o texto completo de Antonio Martins clique aqui

domingo, 21 de abril de 2013

Maria Lúcia da Silva - Formação em Direitos Humanos: Identidades, branquitude e pertencimento

Redefinir a questão racial, atribuindo-lhe o lugar das experiências cotidianas e pensar como o olhar do outro influencia a concepção dos indivíduos, estes foram os desafios do segundo encontro do curso Educação, Relações Raciais e Direitos Humanos, que trouxe ao debate os temas identidades negras, branquitude e pertencimento racial. A psicóloga e psicoterapeuta Maria Lúcia da Silva, do Instituto AMMA Psique e Negritude, afastando-se da prática de teorização da temática racial, estimulou os/as participantes a pensarem em suas experiências relacionadas à discriminação. "Em um grupo diverso -- composto por brancos, negros, homens e mulheres -- nós pudemos perceber que as humilhações foram de toda ordem, do ponto de vista do gênero, racial, de condição social, ou porte físico", comenta a psicoterapeuta.
Veja sua fala no vídeo aqui

sábado, 20 de abril de 2013

ENTREVISTA/JOSÉ PACHECO: Excelência acadêmica com Inclusão Social

Para o educador português José Pacheco, é preciso abandonar estereótipos e preconceitos para que as escolas se transformem em um lugar onde todos tenham a oportunidade “de ser e de aprender”.
Ele é mestre em Ciências da Educação, professor, autor de diversos livros da área, mas ficou mundialmente conhecido por ser o idealizador da Escola da Ponte – localizada na Cidade do Porto, em Portugal –, uma instituição consagrada por um projeto educativo inovador, baseado na autonomia dos estudantes. Nesta entrevista exclusiva à Profissão Mestre, José Pacheco aborda as principais deficiências do ensino público brasileiro e suas “possíveis” soluções, fala sobre os benefícios de projetos inovadores – como o da Escola da Ponte – e suas consequências para a sociedade.
Para ler sua entrevista clique aqui

"Rota Irlandesa': a crítica de Ken Loach ao imperialismo contemporâneo

O diretor inglês Ken Loach tornou-se famoso pelos seus filmes que apresentam críticas sociais e conduzem o expectador a reflexões políticas sobre acontecimentos históricos e suas implicações na vivência cotidiana. Realizando uma mistura, nem sempre fácil de produzir, entre uma narrativa dramática e a exposição de temas socialmente relevantes, mais comuns no gênero documentário, ele consegue, ao mesmo tempo, distanciar-se de dois extremos: dos filmes estruturados por posturas naturalistas, assim como daqueles marcados pelo subjetivismo exacerbado. Contudo, pelo seu constante posicionamento crítico, que não apenas apresenta o problema, mas instiga à sua superação, alguns críticos de cinema costumam menosprezar sua obra a partir de termos como “esquemáticos”, “panfletários” ou até mesmo “didáticos”.
Nesse sentido, alguns de seus grandes filmes, como “Terra e Liberdade”, “Pão e Rosas” ou “Ventos de Liberdade”, no lugar de terem seu elevado mérito artístico e histórico reconhecido, foram tratados por adjetivações pejorativas. O problema é que, em certa medida, de forma consciente ou não, essas admoestações são motivadas por uma apologética da ordem social estabelecida, que utiliza a pecha de “ideológica” para qualquer obra que não se enquadre na suposta neutralidade estética. Todavia, essas recriminações não produzem impactos negativos na produção artística de Loach (assim como de Paul Laverty, roteirista que costuma acompanhá-lo em projetos conjuntos), que permanecem distantes dessa falsa imparcialidade e que serve funcionalmente na manutenção do status quo.
Para ler o texto completo clique aqui

A paixão segundo Clarice Lispector


O mundo de Clarice é um mundo a explorar. O filho de Clarice Lispector é o nosso guia na viagem pelas palavras e pelo universo da escritora brasileira mais estudada no estrangeiro depois de Machado de Assis. O amor pela língua portuguesa é a marca da exposição A hora da estrela na Fundação Gulbenkian.
Para ver o vídeo da entrevista clique aqui

HUMOR: Pai na internet

Certamente, já aconteceu você ter que explicar a um familiar o que é e para que serve a Internet. Divirta-se clicando aqui

Abigail Norfleet James: rapazes e moças não aprendem da mesma maneira

Abigail Norfleet James estudou numa escola só para raparigas, a St. Catherine’s School, em Richmond, Virgínia, Estados Unidos. Começou a dar aulas na década de 1970, assim que terminou a licenciatura e sempre se debruçou sobre as diferenças de aprendizagem entre rapazes e raparigas.
Por isso, na sua tese de doutoramento, em 2001, comparou licenciados, do sexo masculino, que frequentaram escolas diferenciadas com os que aprenderam em escolas mistas. Já publicou vários livros sobre o tema. Como ensinar o cérebro masculino e Como ensinar o cérebro feminino são alguns dos títulos.
A especialista em educação está em Portugal a convite da Associação Europeia das Escolas de Educação Diferenciada (EASSE) e, na sexta-feira, fez algumas formações para professores nesta área. O objectivo é que os docentes “adeqúem as suas metodologias aos avanços científicos no que se refere às diferenças do cérebro das raparigas e dos rapazes e Abigail Norfleet James é uma das maiores especialistas nesta área”, justifica Margarida Garcia dos Santos, presidente da associação em Portugal, acrescentando que esta informação pode ajudar a combater o insucesso escolar.
Leia sua entrevista clicando aqui

quinta-feira, 18 de abril de 2013

“Faça arte, não leis” – Entrevista com Nina Paley

Além de artista talentosa, Nina Paley é voz ativa na luta por uma cultura livre. A animação Sita Sings the Blues, seu primeiro trabalho lançado sob uma licença livre, foi um sucesso tremendo. Já foi vista e baixada centenas de milhares de vezes (veja e/ou baixe você também!) e abocanhou uns tantos prêmios. Sua tirinha mais recente, Mimi and Eunice, é uma deliciosa e provocativa incursão pelos problemas da propriedade intelectual. Desde 2009 é artista residente do site QuestionCopyright.org, onde escreve e desenvolve projetos ligados ao tema, e ainda tem um blog.
Nesta entrevista, concedida por e-mail, Nina fala ao nosso novo colaborador André Solnik – jornalista e fotógrafo formado pela PUCSP – sobre seu envolvimento com a cultura livre, dá suas impressões (negativas) sobre a lei de copyright e demonstra todo o seu desapontamento com as licenças Creative Commons. “Licenças são a solução errada. A arte é a solução. Faça arte, não leis”. O recado está dado.
Para ler a entrevista de Nina Paley clique aqui

É hora de reorganizar tempo e espaço da sala de aula

Imagine que você é um aluno do 7o ano de uma escola pública. Você chega na escola e se dirige a um grande salão, onde terá seu horário de matemática. Na entrada, um letreiro de aeroporto te dá boas vindas e lista o nome de todos os alunos da turma, inclusive o seu. O painel indica que hoje é dia de se sentar na estação 12, ou no chamado “Zoológico do Bronx”, onde vai trabalhar com o professor tirando algumas dúvidas. Quando a música toca, o mesmo painel sugere que você passe o próximo horário no “Aeroporto de La Guardia”, onde vai trabalhar numa playlist de conteúdos (vídeos, games, textos) para aprender um novo conceito. Amanhã, talvez, seja o dia de se dirigir ao “Aeroporto JFK” para realizar algumas avaliações e mostrar o que aprendeu.
É assim que alunos de oito escolas públicas americanas estão vivenciando o ensino de matemática. O modelo de personalização do aprendizado, chamado de Teach to One, é aplicado pela ONG NewClassrooms, cofundada por Joel Rose. A proposta da organização é não só levar as plataformas adaptativas para dentro das escolas, mas sim usar essa ferramenta para remodelar a sala de aula e os processos de ensino-aprendizagem. Em suas escolas, os alunos trabalham individualmente, em grupos, com os professores, por meio de projetos e são constantemente avaliados. Todos os dados gerados em um dia servem de informação para o planejamento da aula do dia seguinte.
Para ler o texto completo de Mariana Fonseca clique aqui

P2P: um projeto também para a Democracia?

Imagine que qualquer cidadão possa dialogar com qualquer conselheiro, deputado, senador ou embaixador. Imagine que possa, com eles, co-criar leis e participar levando ideias para o bem comum. Os governos já não falam apenas com governos. Os ativistas tampouco dialogam somente com ativistas. Nessa nova democracia, há outros mecanismos de diálogo: todos podem falar com todos. E, como se não bastasse, os documentos e conteúdos são totalmente transparentes. Além disso, o sistema não funciona por hierarquia, mas por meritocracia. Quem demonstra mais méritos goza de mais reputação social. Um deputado ou cidadão especialmente ativo em política tem mais autoridade moral que outros.Para ler o texto completo de Bernardo Gutiérrez clique aqui

Inteligência artificial: estamos preparados?

Ao chegar a uma cidade desconhecida, você consulta, por voz, seu computador móvel – um celular, ou um aparato acoplado a seus óculos –, em busca de onde dormir. Ele informa, em timbre agradável, que, tendo em vista seu orçamento, vale tentar o hostel do lugar; e, claro, indica o caminho. Você quer saber mais: “Que fazer à noite”? Ouve proposta de uma festa ao ar livre: o sistema sabe que bailes funk não te animam. “Onde encontro o movimento contra a construção de um novo shopping-center?”, você indaga. Um ruído característico, criado para sugerir suavidade e proteção, sinaliza que os dados foram tirados do ar, por ordem judicial. Você reflete: valerá consultar as notícias locais? Que tipo de filtros as selecionarão? Será que também bloqueiam os blogs?
A cena é fictícia, mas talvez não por muito tempo. Do ponto de vista tecnológico, algumas das grandes corporações voltadas para a internet desenvolvem, há anos, sistemas cada vez mais sofisticados de inteligência artificial. O Google é, como seria de se prever, o mais avançado. Seus engenheiros trabalham com um paradigma trazido diretamente da ficção científica. Querem produzir algo como “o computador da Enterprise”, a nave-mãe da série Star Trek, segundo revela o jornalista Fahrad Manjoo, numa inqueitante reportagem que a revista Slate acaba de publicar.
Para ler o texto completo de Antonio Martins clique aqui

A cidadania segundo Aaron Swartz

Há menos de um mês, a revista estadunidense The New Yorker publicou uma matéria sobre Aaron Swartz intitulada Requem for a Dream. Trata-se de uma belíssima crônica escrita por Larissa MacFarquhar, resultante de um robusto trabalho investigativo sobre a genialidade do cyberativista tragicamente morto em janeiro de 2013 e as percepções das pessoas próximas a Aaron com relação ao modo como ele enfrentou o polêmico processo criminal (iniciado em razão do download de milhares de artigos acadêmicos pela plataforma JSTOR, através de um computador ligado na rede do Massachusetts Institute of Technology) que motivou sua morte.
A crônica, entretanto, erra ao focar no "lado sombrio" de Swartz e nas relações de causalidade que podem explicar seu suicídio. Ao meu ver, o caso de Aaron Swartz não deve ser objeto de reflexão para possíveis explicações causais (quais fatores psicológicos e biológicos levaram ao suicídio?). Buscar uma explicação é colocar-se em uma posição de conforto (construir sentido). Na minha leitura, o suicídio de Swartz - ocorrido há quase três meses - deve levar ao desconforto reflexivo e um debate sério sobre cidadania e engajamento político. Os projetos nos quais Aaron se envolveu e as causas pelas quais ele lutou (compartilhamento de informação, modelos alternativos de copyright e aproveitamento do potencial conectivo da internet para ativismo cívico) forçam um trabalho constante de questionamento sobre as limitações do status quo e o potencial de empoderamento ligado a inovações.
Para ler o texto completo de Rafael Zanatta clique aqui



NATALIA JUSKIEWICZ - "Canção do mar"


A polaca que deu um sofisticado sabor ao fado. Ouçam-na numa interpretação da clássica “Canção do mar” clicando aqui

Para economizar, historiador mora dentro de van em universidade dos EUA

Quando foi aceito na pós graduação da Duke University, o norte-americano Ken Ilgunas não tinha dinheiro suficiente para bancar seu curso e o custo de vida. Ainda com uma dívida de US$ 32 mil pelo financiamento da graduação, Ken decidiu que reduziria seus gastos para não ter que fazer outro empréstimo.
A decisão tomada foi comprar uma van e morar em um estacionamento do campus. Para o acesso a internet e eletricidade, usou a biblioteca. Para o banho, usava uma academia de ginástica barata. Para alimentação, cozinhava suas refeições.
A história é contada no livro "Walden on Wheels: On the Open Road From Debt to Freedom", que será lançado em maio pela editora New Harvest.
Confira o relato de Ken Ilgunas clicando aqui

domingo, 14 de abril de 2013

CINEMA: François Ozon volta a evocar Pasolini

O francês François Ozon é um cineasta peculiar. Seu território, de um modo geral, é a família francesa de classe média, aturdida diante das novas tensões sociais, étnicas, morais, espirituais. Na sua abordagem predomina a sátira corrosiva, mas esta se dá sob os mais variados gêneros: do thriller (Swimming pool) ao drama (O tempo que resta), passando pela comédia extravagante (8 mulheres, Potiche).
Nessa filmografia heterogênea, mas nunca banal, Dentro da casa [assista ao trailer] destaca-se como um dos trabalhos mais maduros e bem construídos. A partir de uma situação simples – um professor de colégio (Fabrice Luchini) ajuda um aluno talentoso (Ernst Umhauer) a escrever uma redação em capítulos sobre a família de um colega –, Ozon desdobra uma complexa tapeçaria, em que se entrelaçam vários planos narrativos: a história da relação cotidiana entre aluno e professor, a própria história que o aluno escreve e, por fim, uma espécie de terceira dimensão formada pela interpenetração das outras duas – realidade e ficção confundidas num drama único. Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Universidade e Metrópole: que projeto queremos?

Qual o atual papel da universidade pública na transformação das cidades brasileiras e na proposição de novas formas de vida urbana? Ao redor do mundo, a conexão das universidades com as comunidades locais cresce, enquanto o Brasil ainda replica sistematicamente o paradigma do campus universitário como enclave monofuncional e segregado. Esta é uma proposta de discussão elaborada a partir da consulta à comunidade acadêmica da Escola de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFMG, em abril de 2013, para decidir entre a continuação desta na região centro-sul de Belo Horizonte ou a sua mudança para o Campus da Pampulha.
Para ler o texto completo de  Adriano Mattos Corrêa, Beatriz Couto, Cristiano Cezarino, José Augusto Pessoa, Hamilton Moreira Ferreira, Myrian Bahia Lopes, Natacha Rena, Renata Marquez, Rita Velloso, Roberto Andrés, Stéphane Huchet e Wellington Cançado clique aqui

sábado, 13 de abril de 2013

Como a Finlândia constrói a melhor escola do mundo

“Não!”, interrompeu Alfons Tallgreen, 13 anos, ao ouvir que o finlandês, sua língua materna, tinha raízes semelhantes às da língua russa. “O estoniano, o húngaro e o finlandês são línguas correlatas. Aconteceu assim: primeiro, o finlandês começou a ser usado no sul da Finlândia e, aos poucos, foi ganhando o norte do país”, conta o menino ruivo, aluno da 7ª série da Itäkeskus, em Helsinque, capital da Finlândia. Apesar de já conhecer a história de sua língua, Alfons quer, no futuro, estudar as propriedades de plantas e microorganismos. Pausadamente, explica que sua vontade inicial era ser dentista – a mãe o demoveu da ideia. Porém, já estava interessado em biologia nessa época. “Estava pesquisando a floresta aqui do lado da escola. Mas infelizmente as árvores serão cortadas para a construção de casas de madeira no lugar”, diz.
A escola em que Alfons estuda tem o foco específico em línguas. Ali, os alunos têm a opção de estudar diversos idiomas. É o caso de seu colega, Muaad Hussein, cuja família tem ascendência libanesa. Com a mesma idade de seu colega, o menino já conhece cinco línguas: árabe, sueco, italiano, francês e finlandês, além de entender também um pouco de espanhol. “É claro que nem todos os alunos se interessam assim. Alguns não querem nem ouvir os professores. Não pensam no futuro”, desabafa. Muaad tem razão. Ali, na Finlândia, os meninos e meninas são iguais a todos os outros no mundo: não gostam de escola, adoram o videogame, o computador, andam de skate em praças e passeiam em grupos pelos shoppings. O que leva, então, o país a ser sucessivamente o primeiro colocado nas avaliações do Pisa? Na última edição, que avaliou ciências, a média finlandesa foi de 563 – o Brasil alcançou 390 (52º de 56 países).
Para ler o texto completo de Beatriz Rey clique aqui

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Manuel Castells: tempo de semear

revolution for our future
 
Estamos testemunhando o aparecimento de um novo tipo de movimento social, que ainda é embrionário, por isso ainda não foi capaz de alterar fundamentalmente a política. Mas foi assim em muitos momentos da História. Este pode ser o começo de um longo processo de mobilização.
O que caracteriza todos estes movimentos é que, por um lado, são sempre criados na internet, aproveitando-se da autonomia do ciberespaço para promover debates e interagir. Mas passam frequentemente, no momento seguinte, ao espaço urbano — e constroem redes sociais físicas de interação. A combinação do ciberespaço e do espaço público com alguma contestação ao sistema institucional é o que caracteriza estes movimentos. Eles aparecem e desaparecem. E estão sempre na internet. Eu chamo suas dinâmicas de rizomáticas.
Para ler o texto completo de Manuel Castells clique aqui


terça-feira, 9 de abril de 2013

Ouça Ana Paula da Silva

Catarinense de Joinville, Ana Paula da Silva é considerada por críticos brasileiros e europeus uma das melhores intérpretes da atualidade.
Acompanhada pelo violão 7 cordas de Gustavo Moro, pelo cavaquinho de Nelsinho Serra e pela percussão de Carlinhos Ribeiro e Ricardo Salmazo, Ana Paula apresenta repertório do seu quinto disco "Pé de Crioula". O álbum, inteiramente dedicado ao samba, traz canções como "Me Alucina" (Candeia/Wilson Moreira), "Negro Coração" (Alegre Corrêa/Raul Boeira) e "Pé de Crioula" (Ana Paula da Silva/Serginho Almeida), entre outras.
Ana Paula compartilhou o palco e realizou inúmeros concertos dentro e fora do Brasil com grandes músicos. Viveu na Áustria por dois anos, onde trabalhou com vários instrumentistas na linha do jazz. Nesse período lançou seu disco em parceria com o compositor, arranjador e guitarrista Alegre Corrêa.
Gravou no disco de Martin Reiter - ALMA, CD que ganhou Prêmio de melhor disco de jazz em 2008 - Áustria.
Realizou ao lado do conceituado músico de jazz Joe Zawinul uma turnê de cinco semanas em 2006.
Realizadora de seus projetos, CDs e shows desde o primeiro disco de cinco já lançados:
- Canto Negro e Por causa do Samba (Brasil e Europa- 2006);
- Livro CD Contos em Cantos (2008),
- Aos de Casa (Brasil-Europa-Argentina 2009) - selecionada pelo Prêmio Pixinguinha - e Pé de Crioula (2010).

Ouçam-na clicando aqui

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Por que as cotas raciais deram certo no Brasil

Política de inclusão de negros nas universidades melhorou a qualidade do ensino e reduziu os índices de evasão. Acima de tudo, está transformando a vida de milhares de brasileiros.
Para ler o texto completo de Amauri Segalla, Mariana Brugger e Rodrigo Cardoso clique aqui

Wanderley Guilherme dos Santos: De officiis


Em entrevista concedida á Inteligência, Guilherme Wanderley dos Santos discorre sobre as dificuldades políticas experimentadas pela presidente Dilma; condena o economicismo político; explica as modalidades de coalizão parlamentar e adverte que a do governo no Congresso está flácida. Ao final, recorda que, em política, a coerção ou a ameaça de seu emprego pode ter efeitos salutares, quando visa a incentivar os aliados recalcitrantes a cumprirem com os seus deveres. O tema dos deveres políticos remonta ao clássico tratado homônimo de Cícero, cujo título original latino serve de manchete a esta matéria.
Para ler a entrevista de Wanderley Guilherme dos Santos clique aqui



domingo, 7 de abril de 2013

Fórum Social Mundial, esperança e medo

O Fórum Social Mundial (FSM), que acaba de encerrar sua edição atualmente bienal, aconteceu este ano em Túnis. Foi vastamente ignorado pela imprensa mundial mainstream. Muitos de seus participantes eram céticos que falavam de sua irrelevância, algo que acontece a cada encontro desde sua segunda edição, em 2002. Foi marcado por debates sobre sua própria estrutura e esteve repleto de polêmicas sobre qual a estratégia política correta para o mundo da esquerda. Apesar disso, foi um enorme sucesso.
Uma maneira de medir seu êxito é relembrar o que ocorreu no último dia do último FSM, em Dakar, em 2011. Neste dia, Hosni Mubarak foi forçado a abandonar a presidência do Egito. Todos no Fórum aplaudiram. Mas muitos disseram que esse ato em si provava a irrelevância do encontro. Algum dos revolucionários na Tunísia ou no Egito buscou inspiração no evento? Eles ao menos tinha ouvido falar sobre o Fórum Social Mundial?
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

Violência, a marca do poder masculino

A masculinidade, como todas as identidades, é social e historicamente construída em cada sociedade. Em quase todas, entretanto, há uma especialização masculina na violência.
Partilhamos de uma herança ocidental que traz nos étimos da própria língua os traços arcaicos, mas presentes, de formas de pensamento de longa duração. O radical latino que identifica o masculino, vir, é o mesmo que formará a palavra virtude, definindo a própria noção de virtude como algo masculino e, portanto, guerreiro. A violência viril é um emblema da masculinidade que nasce com as primeiras civilizações e permanece como essência do próprio conceito de civilização, uma civitas apenas de homens, mesmo quando concebida na forma republicana ilustrada moderna[1], onde mesmo o direito de voto feminino foi mais que tardio.
Para ler o texto completo de Henrique Carneiro clique aqui

sábado, 6 de abril de 2013

Poema de Paulo Leminski


Objeto
de meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

seja estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois

SEJA

Paulo Leminski

terça-feira, 2 de abril de 2013

PADRÃO GLOBO DE QUALIDADE: Sorrisos que escravizam e prostituem

O príncipe Grigorij Alexandrovitch Potemkin (1739-1791) foi um marechal-de-campo russo, além de conselheiro e amante da csarina Catarina II (1729-1796). Durante boa parte de sua vida, envolveu-se com um projeto de colonização das selvagens estepes do sul da Ucrânia. Era considerado um sonhador e tornou-se conhecido como o fundador de cidades como Kherson, Nikolaev, Sebastopol.
Conta a lenda que Catarina II, em 1787, resolveu realizar uma longa viagem pela Ucrânia com o objetivo de inspecionar os povoamentos supostamente levados a cabo por seu amante, o príncipe Potemkin, embora, daí o motivo da expressão inicial, ainda que invertida, deste parágrafo, “não conta a lenda”, quisesse mesmo é inspecionar o próprio Potemkin, certamente o único motivo que a levaria realizar uma viagem tão longa e demorada: o distante corpo do amante e não o corpo inóspito de longínquas terras.
Como seus projetos mirabolantes de colonização estavam ainda numa situação deplorável, o engenhoso príncipe, querendo impressionar Catarina II, mandou construir cenários de povoados, conhecidos como “aldeias de Potemkin”. Considerando que Catarina II não fosse tão idiota a ponto de acreditar em tais subterfúgios (teatros de povoados ao invés de povoados de verdade), o que ocorreu de fato foi a simples constatação de que Catarina II preferiu fazer vistas grossas, fingindo que acreditava, agradando assim seu dileto amante, do que denunciar e punir implacavelmente a farsa.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

O diabo na política

Interessante observar como a irracionalidade, posta à vista no espaço público pela mídia, é capaz de causar espanto, assombrar e até mesmo seduzir um grande número de indivíduos. Muitos protagonistas da cena social e do campo político se valem de incursões por temas bizarros para assegurar seu espaço, ainda que breve e circunstancialmente, como recurso para marcar sua existência no mundo mediado. Os deputados Jair Bolsonaro e Marco Feliciano são dois desses atores, que eventualmente se valem do microfone que lhes deram os eleitores para lembrar que o ovo da serpente sobrevive no limbo da civilização.
Tais personagens se valem das aparentemente ilimitadas liberdades que lhes concedem a democracia e a civilidade para atacar a democracia e a civilidade, que desprezam. No fundo, agem contra seus próprios interesses de preservação, como todos os indivíduos antissociais, pois ao extrapolar os limites de tolerância do senso comum correm o risco de colocar contra si mesmos todo o corpus social – inclusive aquela fração que os apoia. E não são poucos.
Mas esse tipo de raciocínio pode parecer elaborado demais para quem escolheu viver em estado permanente de alienação.Pode-se abordar de muitas formas esse fenômeno, que parece crescer quanto mais se expandem as mídias digitais, mas é preciso definir um ponto de partida para essa observação.
Para ler o texto completo de Luciano Martins Costa clique aqui

Os direitos humanos em mãos impróprias

Contra tudo e (quase) todos, o deputado Feliciano e seu Partido Social Cristão se aferram ao cargo mais alto a que chegaram, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A situação é insustentável para o país, porém conveniente a ele e ao partido, até porque dificilmente obterão, um dia, outro posto dessa envergadura ou tanta repercussão na mídia.
O PSC, com seus 16 deputados federais e um senador, faz o seguinte cálculo: quer aumentar seus votos em 2014, valendo-se – paradoxalmente – da exposição num cargo que vai contra tudo em que o deputado crê. Falem mal de mim, mas falem: mesmo a mídia negativa ajudará a ganhar eleitores, numa franja inculta e preconceituosa da sociedade. Isso, mesmo sabendo que, ao pregar o que a opinião esclarecida repudia e que o Supremo Tribunal Federal descartou em vários julgados, o PSC inviabiliza sua presença no governo federal, atual ou futuro. Não se imagina que, no mandato a se iniciar em 2015, Dilma, Marina, Aécio ou Campos deem um ministério a um político dessa agremiação. Seria alto o custo de ter no primeiro escalão quem endossa a tese de que os negros descendem do filho amaldiçoado de Noé, e por isso merecem miséria, Aids e Ebola, ou de que a mulher deve obedecer sempre ao homem. Um custo, aliás, não só nacional – porque repercussão internacional negativa, se não houve, virá – até porque o deputado começou a gestão visitando a embaixada do Irã, país constantemente condenado por ações contrárias aos direitos humanos.
Para ler o texto completo de Renato Janine Ribeiro clique aqui
Sobre o mesmo tema pode ler o texto “Democracia é isso” de Alberto Dines clicando aqui

O menino, o deputado e o jornalismo genuíno

A veiculação da “entrevista” do deputado José Genoino (PT-SP) pelo CQC na segunda-feira (25/3) é mais um capítulo lamentável da história recente da televisão brasileira. A forma como foi obtida a declaração do parlamentar e o alarde sobre o conteúdo dela permitem refletir sobre a qualidade da programação da TV aberta, sobre a ética da comunicação e sobre o papel da mídia na sociedade. Não é à toa que a tal “entrevista” tenha se tornado um tema polêmico nas redes sociais na semana que passou, mobilizando opiniões de todas as cores.
Exibido pela TV Bandeirantes desde 2008, o CQC é um dos programas de maior sucesso da emissora, reproduzindo o formato original argentino em que seus apresentadores perseguem celebridades e políticos “custe o que custar”. Trajados com ternos pretos e óculos escuros, os “CQCs” parecem ter uma única missão: constranger seus entrevistados, fazendo perguntas capciosas ou flagrando-os em situações de embaraço. O desconforto dos abordados fica visível quando percebem a abordagem, e isso gera a “graça” do programa. O efeito desejado é que o CQC cumpre uma certa vingança do espectador ao mostrar o quão ridículo é aquele ator famoso ou quão patético é o poderoso político. Mas será mesmo?
Para ler o texto completo de Rogério Christofoletti  clique aqui
Sobre o mesmo assunto pode ler o texto "Nazijornalismo" de Leandro Fortes clicando aqui

Presidenta, crie corvos e eles bicarão teus olhos

O Brasil teve a mais longa ditadura da América Latina: 21 anos. Passamos por um período de redemocratização iniciado em 1985 e, finalmente, em 1988, com a Constituição chamada por Ulysses Guimarães de constituição cidadã, entramos efetivamente num sistema político de democracia, sob o Estado Democrático de Direito. Nossa democracia ainda é muito jovem, considerando que pela primeira vez o Brasil desfruta de um período de democracia ininterrupta, sem golpes no meio do caminho.
Às vésperas de completar 49 anos do golpe militar que contou com o apoio das classes privilegiadas, da imprensa, de intelectuais de direita, de grande parte da classe média brasileira e dos EUA, ainda estamos longe de viver numa verdadeira democracia em termos de efetiva igualdade de todos perante a lei e do respeito à dignidade humana, corolário da nossa Constituição.
O Brasil é um país constitucionalista, ou seja, um Estado no qual ninguém está acima da lei, nem governantes nem governados. Significa que nenhuma lei pode estar em contradição com a Constituição, bem como a nenhum cidadão ou grupo de indivíduos cabe, sob qualquer pretexto, agir de modo tal que contrarie o que diz nossa Lei Maior, mesmo quando percebemos que há colisão entre direitos.
Isso quer dizer que nenhum direito é absoluto. O direito à liberdade de expressão não é absoluto a ponto de violar o direito à imagem, à privacidade e à dignidade humana. Mesmo quando se trata de figuras públicas, o direito mínimo à privacidade deve ser garantido. Estar na condição de agente público não exclui direitos fundamentais e direitos humanos do político como indivíduo e como cidadão.
De modo simplificado, o que podemos dizer sobre a dignidade humana é que todo ser humano deve ser tratado como um fim em si mesmo, não como um meio, segundo a fórmula kantiana.
Para ler o texto completo de Maria Luiza Tonelli clique aqui

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Via Crucis, Maria - Barbara Furtuna & L'Arpeggiata

Christina Pluhar e seu conjunto revelam considerável criatividade musical que, mantendo-se fiel ao espírito de seu tempo, encanta os ouvintes. Além das apresentações com requintadas peças instrumentais, barrocas, e com solos e duetos cantados pelos sopranos Philippe Jaroussky e Núria Rial, incluem-se músicas que fazem parte de uma tradição popular que remonta há centenas de anos. O que todos os espetáculos têm em comum são a musicalidade impecável, a aguda inteligência, a sensibilidade na realização das composições, uma espontaneidade irreprimível e uma enorme vitalidade. O som é limpo e emocionante.
Via Crucis é um projeto que procura reunir canções barrocas, canções tradicionais, jogos de mistério, que foram desenvolvidos no século 17 e, sob várias formas, ainda estão vivos na Europa. É uma temática muito difícil de trabalhar, porque existe um vasto e maravilhoso repertório sobre este tema. Levou um longo tempo para se alcançar a seleção final. Demorou cerca de cinco anos para gravar o CD, e para pensar e repensar e, finalmente, criar a Via Crucis. O toque especial da Via Crucis é a colaboração com o Conjunto Vocal Barbara Furtuna, esses cantores fantásticas da Córsega. Eles têm um jeito maravilhoso de cantar, que é extremamente arcaico. Eles fazem lembrar aqueles grupos de cantores que se podem ver nas esculturas da Idade Média. Nessas primeiras pinturas ou esculturas medievais constata-se que os cantores tinham um contato físico muito próximo. Eles respiravam juntos e se encaravam. É como se formassem um único corpo.
Com o Conjunto Barbara Furtuna, parece que eles surgem de uma dessas obras de arte medievais. Têm uma linguagem corporal maravilhosa, soletram e respiram juntos. As ornamentações que usam são um caldeirão de inúmeras culturas. É absolutamente incrível. É mais um exemplo de uma espécie de cultura muito antiga que poderia ser situada no século 11. Pode-se compará-los com os cânticos polifônicos dessa época. É o que fazem agora. É fascinante trabalhar com esses artistas, pois pode-se aprender muito sobre a intensidade e o trabalho coletivo. São pessoas incríveis e artistas maravilhosos. Sentimo-nos pequenos quando estamos perto deles e os ouvimos cantar. É uma experiência fortíssima.
A peça de mistério [em que a Via Crucis é baseada] é uma espécie de ópera - a ópera sagrada, que é apresentada durante a Semana Santa. É algo muito antigo. As primeiras descrições de peças dos mistérios medievais encontram-se no século 11, e muitas delas, nos séculos 16 e 17. No século 17, a ópera era encenada e realizada no interior da igreja ou na sua parte externa com atores, dançarinos e máquinas como nas óperas contemporâneas. Por exemplo, aparecem anjos voando ou cenas do inferno ou paisagens muito barrocas para contar todos os aspectos da Paixão de Cristo. Mas também incluem outras histórias que contam, desde a criação do mundo até o fim do mundo. Tudo isso feito de uma forma muito teatral.
É uma tradição muito arcaica que ainda hoje está viva em diferentes formas em muitas partes da Europa. Por exemplo, na Espanha, no decorrer das procissões, entoam-se os cantos, utilizam-se tambores e realizam-se diferentes representações. Existem diferentes tradições na Córsega, Sardenha, Sicília e no sul da Itália. Existem ainda algumas tradições também na Bulgária. Em todos os países do Sul da Europa, diferente representações com traços de mistério continuam ocorrendo.
Podem ouvi-los em Via Crucis clicando aqui

O neofeminismo corporativo discute se carreira e filhos são incompatíveis

"Não podemos mais ignorar a voz interior das mulheres que diz: 'Eu quero algo mais do que ter um marido, filhos e um lar", decretou a feminista Betty Friedan, no seminal "A Mística Feminina", há 50 anos. Desde então, mulheres chegaram à presidência da República, ao Supremo Tribunal Federal, foram lançadas ao espaço, lutaram em guerras, comandaram multinacionais. Mas ainda não conseguiram fazer o básico: conciliar uma carreira bem-sucedida com a criação dos filhos.
"Não dá para fazer tudo. Ninguém consegue ter dois empregos, filhos perfeitos, preparar três refeições por dia e ter orgasmos múltiplos [...] a supermulher é a inimiga do movimento feminista", definiu a ativista Gloria Steinem em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, no ano passado.
Se a geração "heroica" de feministas se ocupava de bandeiras como a liberalização do aborto, o direito ao sexo casual, os métodos anticoncepcionais e a paridade de remuneração, a nova geração se concentra em uma questão mais prosaica. Afinal, há poucas mulheres em posição de liderança porque o sistema não ajuda quem precisa conciliar carreira e filhos (com babás, horários flexíveis, trabalho em casa), ou porque falta ambição às mulheres?
Para ler o texto completo de Patrícia Campos Mello clique aqui

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