quarta-feira, 31 de julho de 2019

"A tua casa é o meu coração" - Joaquim Pessoa

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A tua casa é o meu coração

A tua casa é o meu coração
e o teu perfume enche de nostalgia as minhas noites.
Pelos meus braços vens caminhando nua, com a doçura da
gazela e a brevidade suicida das flores do hibisco.
O meu coração dá abrigo a um grande amor,
como a palmeira protege as tâmaras dos ventos do deserto
ou a romã se transforma em cofre para guardar os seus rubis.
Não há armadilhas montadas no percurso que te leva
à minha cama, e nada será perturbado pelo júbilo
de beijar todas as sílabas que a tua boca pronuncia.
És em mim. Estás em mim. Há-de o meu coração
ficar em ruínas e, assim mesmo, defenderá
o teu corpo, a tua vontade, e o teu sorriso que
tem a envergonhada cor da flor do lótus.
Há-de o meu coração calar-se, mas
esse silêncio não impedirá a promessa
de uma eterna noite de amor.

 Joaquim Pessoa

Impeachment?


Ele pode surgir como brecha real, diante de um governo de horrores, que multiplica atritos com seus próprios aliados. O grave é vê-lo como atalho para o vasto esforço de politização que continua a não ser feito pela esquerda. 
Para ler o texto completo de Antonio Martins clique aqui

Leia "Não houve eleição e não há presidente" de Vladimir Safatle clicando aqui

Leia "'O bolsonarismo é maior que Bolsonaro': projeto punitivista admite o intolerável e ameaça democracia" Entrevista com Isabela Oliveira Kalil clicando aqui

Leia "Roberto Romano: Presidência subversiva" clicando aqui

Leia "As duas vias do fascismo à brasileira: alternativas do movimento popular" de Carlos Eduardo Martins clicando aqui

Leia "O "novo" ativismo de ultradireita já nasceu antigo" de Uribam Xavier clicando aqui

Leia "Bolsonaro reconhece tribunal do PCC e se torna um seu aliado objetivo" de Reinaldo Azevedo clicando aqui

Leia "Ciência para superar o escárnio do governo Bolsonaro" de Luiz Roberto Alves clicando aqui

Leia "Ciência em xeque" de Francisco Fernandes Ladeira clicando aqui

Leia ""Falas de Bolsonaro são como Viagra para desmatadores", diz Sirkis" clicando aqui

Leia "Como exterminar o futuro do ensino público" de André Antunes clicando aqui

Leia "Amazônia: corporações financiam garimpo ilegal" clicando aqui

Leia "Privataria Tucana, bolsonarismo miliciano e a volta da monarquia autoritária ao poder" de Paulo Cannabrava Filho clicando aqui

Assista ao "VÍDEO: Ensinamentos da cidade que aprendeu a gostar de si " de Gabriela Leite clicando aqui

Leia "Direitos Humanos na mídia brasileira" de Diego Airoso da Motta clicando aqui

Derrida e a educação: O acontecimento do impossível

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O presente texto surgiu de uma provocação ainda no curso graduação em Filosofia, realizado na Universidade de Caxias do Sul – UCS. Por motivo de trabalho monográfico, o pensamento derridiano se apresentou quase por acaso e, a partir daí, pelo impacto causado pelo seu pensamento questionador, vem acompanhando esta autora, seja na especialização em Corpo e Cultura, seja no mestrado em Educação, oportunidade que se apresenta para indagar e aprofundar a desconstrução, embora seja fácil constatar o grande leque de assuntos na vasta e, sempre convidativa, obra de Derrida. 
Para ler o texto completo de Verónica Pilar Gomezjurado Zevallos clique aqui


Criolo - "Não Existe Amor"

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Como cronista e crítico contemporâneo, Criolo impressiona com a potência das suas letras. E a intensidade das suas performances sempre são ampliadas pelo teor político e atual que o artista trás para o palco. No Festival MIMO (em Amarante – Portugal) durante a execução da música “Não Existe Amor”, ele trouxe uma mensagem muito forte de protestos contra a escalada autoritária que o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro tem promovido no Brasil, citando o genocídio da juventude negra que assola o país, o aumento da destruição da Amazônia e o nome de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018.
Para assistir à interpretação de “Não Existe Amor” na voz de Criolo clique no vídeo aqui

Reinventar os direitos humanos

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Em seu novo livro, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins põem em questão a visão dominante dos direitos humanos, sua incapacidade para confrontar o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado, e propõem transformá-los através de um diálogo intercultural com as “epistemologias do Sul”.
Para ler o texto completo de Javier Lorca clique aqui



Gayatri Chakravorty Spivak: "Pode o subalterno falar?"

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A pergunta trazida no título do livro Pode o Subalterno Falar? da escritora indiana Gayatri Chakravorty Spivak traz em seu bojo algumas ambiguidades, possivelmente propositais. 
Aqui se posta um dos objetivos da obra: re-discutir as implicações da representação do sujeito do denominado Terceiro Mundo na conjuntura do discurso ocidental(-izado). Assumindo uma postura firme e corajosa, a autora chama para si e para os demais intelectuais pós-coloniais, a responsabilidade, de combater a subalternidade. No seu entender, tal ação se efetiva não falando pelo, mas criando mecanismo para que o subalterno se articule e seja ouvido. O sujeito subalterno na definição de Spivak é aquele pertencente “às camadas mais baixas da sociedade constituídas pelos modos específicos de exclusão dos mercados, da representação política e legal, e da possibilidade de se tornarem membros plenos no estrato social dominante”(p.12). Avançando no tema, e tendo como ponto nodal a história de uma viúva, duplamente impedida de se auto-representar, primeiro por ser mulher e segundo por sua condição de viuvez, a autora sustenta que esta situação de marginalidade do subalterno é mais arduamente imposta ao gênero feminino, posto que a “mulher como subalterna, não pode falar e quando tenta fazê-lo não encontra os meios para se fazer ouvir”( p.15). 
Para ter acesso ao livro completo clique aqui

Por que cientistas precisam ser também bons comunicadores

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Em novo livro, pesquisador americano Lee McIntyre reverencia evidência científica como antídoto ao negacionismo. Ao ‘Nexo’, autor diz que internet tem jogado gasolina na ‘fogueira da irracionalidade’
Para ler o texto completo de Estevão Bertoni clique aqui



Sem ilusões diante da distopia climática


Em novo livro, o jornalista Wallace-Wells adverte: milagres tecnológicos e consumo ético não nos salvarão da catástrofe ambiental. Já passou da hora de enfrentarmos as corporações e redesenhar nossos sistemas de infraestruturas e de produção. 
Para ler o texto completo de Ladislau Dowbor clique aqui

Testamos o novo detector de mentiras usado na Europa para interrogar viajantes. Ele falhou.

Ilustração do detector de mentiras da iBorderCtrl. Ilustração: Soohee Cho/The Intercept

Ele vem sendo chamado de Conversador Silencioso. O agente de polícia virtual foi projetado com o objetivo de endurecer as fronteiras europeias, submetendo os viajantes a um detector de mentiras para só depois permitir que passem pela imigração.
Antes de chegar ao aeroporto, você deve usar seu próprio computador para se conectar a um site, onde faz upload de uma foto do seu passaporte. O avatar de um homem de cabelos castanhos vestindo um uniforme azul-marinho recebe os viajantes.
“Qual é o seu sobrenome?”, ele pergunta. “Qual é a sua nacionalidade e qual o objetivo da sua viagem?” Você responde verbalmente a essas e a outras perguntas, e o agente virtual usa a webcam para fazer uma varredura do seu rosto e dos seus movimentos oculares, em busca de sinais de que possa estar mentindo. 
Para ler o texto completo de Ryan Gallagher e Ludovica Jona clique aqui



VÍDEO: Políticas identitárias atuais 'não mudam estrutura social', diz Asad Haider 

Em entrevista exclusiva, Asad Haider defende a volta dos movimentos de massa para mudanças efetivas – inclusive na esquerda. 
Para assistir sua entrevista clique no vídeo aqui

terça-feira, 30 de julho de 2019

"Podia escrever um poema..." - Poeta-mil-novo

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Podia escrever um poema
Quando me olhas e procuras
o meu corpo, adivinhando o meu toque e o meu carinho.
Quando fazes amor na minha pele
com a tua pele, o teu corpo se funde no meu e eu não sei qual é o coração que sinto no peito.
Quando me ouves, me aprecias, me aceitas
E me envolves num abraço que parece do tamanho do mundo.

Mas as palavras fogem, falham, escapam-se e perdem-se em tudo o que vivemos e sentimos...
Existem palavras para o poema que vivi contigo? 
Poeta-mil-novo

Cinco razões para a mais recente escalada de destempero de Bolsonaro


Em 11 dias, Bolsonaro defendeu o nepotismo; disse que a fome no Brasil era uma "grande mentira"; atacou o Nordeste; difamou a jornalista Miriam Leitão; afirmou que dados de satélite mentem sobre o aumento no desmatamento da Amazônia; defendeu censura à Agência Nacional de Cinema; atacou a repórter Talita Fernandes que questionou o porquê dele ter levado parentes ao casamento do filho em um helicóptero da FAB; ameaçou prisão ao jornalista Glenn Greenwald e agrediu seu companheiro e filhos; menosprezou o respeito ao meio ambiente, dizendo que apenas veganos se importam com isso; e brincou com a dor alheia ao dizer que poderia contar ao presidente da OAB o paradeiro de seu pai, Fernando Santa Cruz, preso e torturado pela ditadura e desaparecido desde 1970. Diante da repercussão, refugou como sempre, dando outra declaração – de que ele foi morto por organizações de esquerda. Nos registros da Comissão da Verdade, ele foi morto pelo Estado. Sabe-se que esse é o Bolsonaro real, o Bolsonaro-raiz. E ele não é um estelionato eleitoral, como já disse neste espaço, mas é, grosso modo, aquilo que prometeu. 
Para ler o texto completo de Leonardo Sakamoto clique aqui

Leia "Linha do tempo: o que os vazamentos da operação Lava Jato revelaram até agora" clicando aqui

Leia "Estado miliciano: a consolidação da ideologia e o controle territorial que se converte em poder" de Andrés Del Rio e André Rodrigues clicando aqui

Leia "A crise abriu caminho para a retomada radicalizada do neoliberalismo no Brasil" Entrevista com Adelmir Marquetti clicando aqui

Leia "Future-se é "aposta arriscada" baseada em mentiras, diz especialista Romualdo Portela" clicando aqui

Leia "Ex-ministro da Educação Renato Janine critica "Future-se" e diz que Bolsonaro vê ensino como ameaça" clicando aqui

Leia "Rouanet: única medida concreta de Bolsonaro na cultura pode virar mico" de Pedro Alexandre Sanches clicando aqui

Leia "A teologia da morte assola o Brasil" de Roberto E. Zwetsch clicando aqui

Leia "A desigualdade está crescendo - e a culpa é do desemprego" de Marcelo Medeiros e Rogério J. Barbosa clicando aqui

Leia "A galinha quer voar" de Paulo Kliass clicando aqui

Leia "A persistência do latifúndio e do mandonismo no Brasil" de Lilia Schwarcz clicando aqui

Leia "A agenda dos poderes contra o "excesso de direitos"" de Lenio Luiz Streck clicando aqui

Leia "Retrato de um sistema prisional mortífero" de Julia Dolce e Rute Pina clicando aqui

Leia "Os massacres em presídios e a terceirização da morte" clicando aqui

Leia "Quando o carrinho de supermercado vazio é uma boa notícia" de João Peres clicando aqui


Quem colocou os psicopatas no poder


Trumps, bolsonaros e dutertes estão agora em toda parte. Sua ascensão não é fortuita. Em fase de hiperconcentração de riquezas, capitalismo precisa destroçar democracia e instalar, no palco da política, palhaços que distraiam a plateia. 
Para ler o texto completo de George Monbiot clique aqui

Leia "Neste sistema, aconteça o que acontecer, não podemos ganhar" Entrevista com Luis I. Prádanos clicando aqui

Leia "O muro de Trump e o aplauso das mídias" de Alberto Bobbio clicando aqui

Leia "O círculo vicioso da concentração acelerada da riqueza no mundo contemporâneo" de Guillermo Sullings clicando aqui

Leia "Caos determinístico em sistema econômico complexo" de Fernando Nogueira da Costa clicando aqui

Leia "Precisamos redesenhar o sistema econômico" de Muhammad Yunus clicando aqui

Leia "Venezuela: O naufrágio de Juan Guaidó" de Álvaro Verzi Rangel clicando aqui

Leia "Após onda de protestos em Porto Rico e renúncia do governador, "La Junta" busca mais poder" de Kate Aronoff clicando aqui

Leia "O desencanto popular com os governos comandados pela direita na América Latina" de Aitor Molina clicando aqui

Leia "O Foro de São Paulo, Tribuna dos Povos e da Integração Latino Americana" de Gustavo Espinoza M. clicando aqui


HAEVN - "We Are"

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Para assistir à interpretação de "We Are" na voz de HAEVN clique no vídeo aqui

Portugal-Angola: regressos e derivações das memórias plurais na sociedade portuguesa

Série Mãos | 2015 | Teresa Dias Coelho (cortesia da artista)

Algumas destas histórias também revelam que esses “regressos” a Angola por pessoas da geração de Nuno podem, na realidade, ser derivações críticas, quando, após o regresso a Portugal, originam atitudes críticas sobre a persistência colonial na sociedade portuguesa. No contexto europeu, poderia o caso português representar uma alternativa: algo que, através de viagens pós-coloniais, levasse a uma sociedade mais igualitária que aceite uma nova narrativa pública plural do passado?
Para ler o texto completo de Irène dos Santos clique aqui



Como a Coca-Cola gastou milhões para comprar cientistas


Leia trecho do livro de Marion Nestle sobre as práticas da indústria alimentícia para influenciar a produção acadêmica e a ciência a seu favor clicando aqui

Desafios éticos, filosóficos e políticos da biologia sintética

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O intento de sentar as bases para converter a biologia em objeto de engenharia é hoje uma prioridade na agenda de investigação científica. A bioengenharia permitiria fabricar e obter o que queiramos a partir da matéria viva, abrindo novos potenciais de expansão para a incipiente bioeconomia. No entanto, este projeto também levanta numerosas incertezas e possíveis problemas. O presente texto aspira a uma reflexão crítica sobre o papel das ciências humanas ante esta disciplina emergente, sondando os desafios éticos, filosóficos e políticas que a biologia sintética suscita. Para isso, analisam-se os pressupostos políticos do projeto da “bioengenharia”, tanto no que se refere à sua compreensão tácita da vida, como ao modo em que concebe a relação entre tecnociência, sociedade e vida, que constitui todo um programa. O objetivo é oferecer uma panorâmica das problemáticas que emergem com a nova disciplina para tentar ver seu possível impacto a médio e longo prazo. 
Para ler o texto completo de Jordi Maíso clique aqui

segunda-feira, 29 de julho de 2019

"Pode haver um dia" - Alice Ruiz

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Pode haver um dia

em que a poesia
mude de endereço
deixe apenas tédio
mas enquanto isso
vem brincar comigo
vamos até onde
possa ser só riso
possa ir tão longe
possa ser tão lindo
pode ser brinquedo
pode ser tão sério.

Alice Ruiz

Noam Chomsky: "O que aconteceu no Brasil deve ser visto como um modelo do que pode vir"


Chomsky aborda a ascensão da extrema-direita, assinalando que “o Brasil talvez seja o caso mais extremo agora”, mas também fala sobre os motivos de otimismo nos EUA, dando o exemplo do Green New Deal de Ocasio-Cortez. 
Para ler sua entrevista clique aqui

Leia "Por que Moro ainda não caiu" de Antonio Martins clicando aqui

Leia "Moro fez uso político, na boca da urna, de acusações sem provas de Palocci" de Reinaldo Azevedo clicando aqui

Leia "Com o aval da elite, Bolsonaro transforma a mentira em tática" de  André Barrocal clicando aqui

Leia "Defesa de hacker: uma vacina contra a farsa e cópias dentro e fora do país" de Reinaldo Azevedo  clicando aqui

Leia "Conexão Curitiba: uma hipótese muito provável" de José Luis Fiori e William Nozaki clicando aqui

Leia "Bolsonaro se apequena ao dizer que sabe como se matava e torturava na ditadura" de Juan Arias clicando aqui

Leia "O bolsonarismo é maior que Bolsonaro: projeto punitivista admite o intolerável e ameaça democracia" de Marco-Weissheimer clicando aqui

Leia "Sofremos ou não uma derrota histórica?" de Valério Arcary clicando aqui

Leia "Se a crise é terminal a solução não é o fascismo" de Tarso Genro clicando aqui

Leia "Psicose antiambientalista de Bolsonaro" de André Trigueiro clicando aqui

Leia "Em 200 dias o Governo ofereceu armas, mas o que queremos é paz" clicando aqui

Leia "Amazônia: no centro do mundo e na periferia do Brasil" de Jamil Chade clicando aqui

Leia "Federais do Rio avaliam que 'Future-se' parece 'carta branca' para órgão externo fazer gestão sem licitação" clicando aqui

Leia "Uma trincheira contra o anticientificismo" de Ivan Ferreira clicando aqui

Leia "Belo Monte dez anos depois e a contínua precarização dos modos de vida" Entrevista com Sadi Machado clicando aqui

Leia "Acordo União Europeia-Mercosul é regressivo aponta Observatório da Economia Contemporânea" de Giorgio Romano Schutte clicando aqui

Leia "Livro-reportagem investiga a fortuna repentina de FHC após Presidência" de Mino Carta clicando aqui

Leia "A face ruralista de FHC" de Alceu Castilho clicando aqui

Leia "Brasil é modelo a ser seguido quando se trata de alimentação escolar" de Milton Rondó clicando aqui

Leia "Decifra-me ou devoro-te: a indústria de alimentos diante do enigma da Esfinge" de Guilherme Zocchio clicando aqui

Leia "É preciso fazer um trabalho de descolonização do desejo" Entrevista de Suely Rolnik clicando aqui

Leia "O novo olhar de Sebastião Salgado sobre Serra Pelada" de Naiara Galarraga Gortázar clicando aqui


Bolsonaro lidera República da Ignorância 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, com as mãos levantadas


Ministro Guedes quer negociar oxigênio da Amazônia, mas não é o único na Esplanada a pontificar sobre o que desconhece

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·        Marcelo Leite*

29.jul.2019

Há ministros que dizem besteiras sobre ciência e desenvolvimento por oportunismo ou má-fé, como Ricardo Salles (Meio Ambiente). Outros, por conveniência e farisaísmo, como Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Outros ainda, por pura ignorância, como Paulo Guedes (Economia).
Começando pelo último, o mais recente. Guedes, seguindo a liderança do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sentado a seu lado, deitou falação sobre a Amazônia num evento da Suframa. Deu um show de desconhecimento sobre a floresta.
Para bajular o capitão, pôs-se a discorrer sobre as riquezas materiais e biológicas da Amazônia, “que nenhum outro país tem”: minérios, gás e, principalmente, biodiversidade. E, claro, oxigênio.
Oxigênio?!

O superministro não prima pela clareza. Sua referência ao elemento químico imprescindível à vida se deu no contexto de um argumento sobre negociações comerciais com os Estados Unidos. O proverbial toma-lá-dá-cá: vocês deixam entrar o etanol, nós deixamos entrar o milho etc.
Aí ele disse que questionaria os negociadores americanos: “Vocês reconheceriam nosso direito de propriedade sobre o oxigênio?” —largou Guedes. “Nós produzimos oxigênio para o mundo.” Sugeriu que Manaus se tornasse a capital mundial de transações com oxigênio e carbono.
Não, ministro, não é nada disso. O senhor caiu no conto do “pulmão verde do mundo”, um equívoco pedestre. O erro indica que a pessoa faltou nas aulas ginasianas de botânica.
Árvores produzem oxigênio durante o dia. Empregam energia solar para fazer fotossíntese, ou seja, utilizam gás carbônico (CO2) do ar para sintetizar carboidratos, num processo que tem oxigênio (O2) como subproduto.
Durante o dia, note bem. À noite, as plantas respiram como nós: consomem oxigênio e expelem gás carbônico. Num sistema em equilíbrio, não há superávit de O2 para vender. Pulmão verde uma ova.
Ocorre que a floresta amazônica não se encontra em equilíbrio. Ela já perdeu uns 800 mil km2, 20% da área original, mais da metade disso só nas últimas três décadas.
Multiplicado esse número pelas 30 ou 40 mil toneladas de biomassa em cada quilômetro quadrado de mata, tem-se uma ideia de quanto CO2 o desmatamento lançou na atmosfera com a queima e a decomposição de toda essa matéria vegetal. O CO2 é um gás do efeito estufa, que agrava o aquecimento global e nos projetou na crise climática que o planeta enfrenta.
Não se trata, portanto, de produzir oxigênio para o mundo, mas de parar de poluir a atmosfera e de azucrinar o clima da Terra. Com todo o respeito, ministro Guedes, o senhor está mal informado.
Marcos Pontes, por seu turno, não teve pudor de lançar hidrogênio na fogueira da reputação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciada porBolsonaro. Depois das ofensas do presidente contra o instituto, em lugar de defendê-lo, disse que vai convocar o diretor do Inpe para dar explicações sobre possíveis falhas na metodologia do monitoramento florestal.
Para um ex-astronauta, cujo feito não foi mais que uma viagem de turismo espacial, mais ainda um beneficiário do complexo espacial erguido sob as asas da Aeronáutica em São José dos Campos (CTA, ITA, Inpe, Embraer), é um acinte. Vale tudo para se manter no cargo.
De Ricardo Salles, Damares AlvesAbraham Weintraub e Osmar Terra é melhor nem falar. Com Pontes e Guedes, formam o primeiro escalão zureta da República da Ignorância que Bolsonaro instaurou e lidera em Brasília, secundado por Huguinho, Zezinho e Luizinho.

*Jornalista especializado em ciência e ambiente, autor de “Ciência - Use com Cuidado”.

Fonte: Aqui


Semeador no espaço, astronauta Marcos Pontes pode facilitar devastação na Terra

O presidente da república Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da ciência e tecnologia, Marcos Pontes


Reinaldo José Lopes*

 Presidente e ministro cobraram explicações sobre dados de desmatamento do Inpe

·          
·        28.jul.2019

Nunca achei justo que ridicularizassem Marcos Pontes, por enquanto o único astronauta brasileiro, por ter plantado feijões no espaço, repetindo a experiência que toda criança do país já fez com algodões em casa algum dia. A ideia, na verdade, até me soava inspiradora, de um jeito singelo, tal como a própria trajetória de Pontes.
A reação invertebrada do atual ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações aos chiliques de Bolsonaro sobre o desmatamento na Amazônia esmigalhou essas ilusões, feito um pedaço de lixo espacial caindo na cabeça de um transeunte incauto. O cenário se transformou numa versão amarga da parábola do semeador: o plantador de feijões espaciais capaz de engolir qualquer distorção dos fatos para que a floresta dê lugar a capim e soja na Terra.
 Caso você tenha andado pelo espaço nos últimos dias, eis um resumo da ópera bufa a que me refiro. O presidente da República disse que os dados de satélite sobre o desmate amazônico, analisados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), seriam exagerados ou falsos, e que o pesquisador Ricardo Galvão, diretor do Inpe, poderia estar a “serviço de alguma ONG.”
“Com toda a devastação de que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido”, arrematou Bolsonaro.
É curioso que um egresso do oficialato do Exército aparentemente não entenda matemática básica —os dados do Inpe apontam uma perda de cerca de 20% da área original da mata, o que está muito longe de ser sumiço completo. (“Extinção” a gente usa para espécies, em geral, senhor presidente.) Mas o buraco é muito, muito mais embaixo.
Um dos problemas centrais do atual governo federal é simples: por incapacidade, conveniência ou uma mistura perversa dessas e de outras motivações, Bolsonaro e todos os seus principais apoiadores resolveram jogar o método científico na lata do lixo. Estão tratando a ciência como inimiga, pura e simplesmente.
Alarmismo de jornalista nerd? Pois considere o modus operandi do presidente nesta crise, que repete, quase à perfeição, o empregado em outras polêmicas (sobre drogas, sobre armas, sobre tudo).
Em vez de começar com a análise cuidadosa dos dados da realidade, como requer a ciência, o governo do PSL já vem com a conclusão pronta: eu acho, eu quero, portanto é verdade. Se os fatos me contradizem, pior para os fatos.
Pontes parecia ser uma exceção. No entanto, deu-se ao trabalho de escrever, em nota oficial, que “a contestação de dados, assim como a análise e discussão de hipóteses, são elementos normais e saudáveis do desenvolvimento da ciência”.
E são mesmo —quando o sujeito tira as contestações e as hipóteses de algum lugar real, e não dos recônditos da própria cachola. Foi o que Bolsonaro (“nosso presidente Bolsonaro”, como destacou, subserviente, o ministro) não fez, nem de longe, preferindo chutar, sem base nenhuma, que havia erro ou má-fé nos dados.
O marketing político do bolsonarismo costuma destacar a força da disciplina e da unidade que vem do ambiente militar. Ao bater continência a seu superior sem pestanejar, em vez de recordar a ele os fatos, Pontes esquece que nenhum exército sobrevive à negação da realidade. Não se invade a Rússia no inverno; não se brinca com as bases do ambiente que nos nutre a todos. Os mortos e feridos dessa guerra não serão os bolsonaristas de hoje, mas seus —e nossos— netos.
*Jornalista especializado em biologia e arqueologia, autor de "1499: O Brasil Antes de Cabral".

Fonte: Aqui

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