quarta-feira, 30 de abril de 2014

MÚSICA POPULAR: Jornalistas contra a mediocridade musical

Já não temos mais o direito de errar. Basta de mediocridade musical (MM). A trilha sonora do país não pode continuar sendo o lixo que atinge o cérebro, polui o coração e atrai as moscas varejeiras lambedoras de jabá. Convoco os colegas jornalistas para que ergam a cabeça e caiam na dança do Zarastustra nietzschiano não se deixando abater pela MM que assola o Brasil.
Invoco o espírito dos deuses ateus e a energia dos poetas deste país e do mundo. Invoco a deusa música, ateia e anarquista por natureza, razão e metafísica, para desfazer as trevas que se abatem sobre o país. Precisamos cravar uma estaca no coração dos vampiros que sugam a arte e a criatividade musical.
Música ruim sempre existiu, mas há pelo menos 30 anos que a música de má qualidade tomou posse das rádios, TVs, jornais e revistas, sites, “faces”, blogs. Agora é nossa obrigação enquanto jornalistas usar o cérebro e dizer a verdade. Por uma questão de estética e também de ética. Não se pode ficar calado enquanto o povo é enganado, levado a consumir o lixo, levar para casa e armazenar na alma esta coisa ruim que eles chamam de música.
Um país que tem Elomar e Caetano, Gil e Chico César, Lenine e Beto Brito, um Brasil que já deu Luiz Gonzaga e Caymmi, João Gilberto, Tom Jobim e Jackson do Pandeiro, não pode cair tanto. É preciso vergonha na cara e alegria da alma para dizer em alto e bom som estéreo: longe mim a MM!
Para ler o texto completo de Dioclécio Luz clique aqui

"Não Estejas Longe de Mim um Dia que Seja" - Pablo Neruda


Não Estejas Longe de Mim um Dia que Seja

Não estejas longe de mim um dia que seja, porque,
porque, não sei dizê-lo, é longo o dia,
e estarei à tua espera como nas estações
quando em algum sitio os comboios adormeceram.

Não te afastes uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas da insónia
e talvez o fumo que anda à procura de casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebre a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas pálpebras não voem:
não te vás por um minuto, ó bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer.


Pablo Neruda

'Mondo cane' na internet

Acompanho com tristeza o mondo cane na internet e, certa vez, escrevi um texto que começava assim: “Destruído pela BBC, destruído pela MTV. Eu odeio morder a mão de quem me alimenta de informação”. Trata-se da tradução livre do refrão de uma música do Duran Duran, dos anos 90, cujo título é emblemático: Too Much Information.
De lá para cá, a questão só se agravou. O volume de informação produzida aumentou imensamente. Mais de um milhão de títulos de livros são publicados por ano. Fora algumas centenas de milhões de páginas de revistas e jornais. Sem falar na internet, que possui bilhões de páginas armazenadas.
Mais informação não significa melhor informação. Hoje temos muito mais conhecimento acumulado. Nosso interesse, no entanto, caminha em direções pouco relevantes. Uma simples olhada no site G1 revela do que “o povo gosta” na internet, como diria o falecido Edson Bolinha Cury na TV Bandeirantes.
As reportagens mais lidas no maior site de notícias do Brasil estão localizadas no reino do mundo cão, que inclui sexo, desvios de conduta, perigo, entre outros ingredientes de fácil sensibilização dos sentidos. A sequência só foi quebrada pela súbita morte do glorioso José Wilker.
Para ler o texto completo de Murillo de Aragão clique aqui

DAN DENNETT: 'A internet virá abaixo e viveremos ondas de pânico

Dan Dennett (Boston, 1942) é um homem pausado. Com barba branca, aspecto de catedrático entranhável e andar tranquilo, ninguém esperava quando subia os degraus até o palco do TED que o respeitado filósofo norte-americano estava a ponto de pronunciar um discurso que ressoa ainda pelos corredores do teatro construído pelo arquiteto David Rockwell: “A internet cairá e quando isso acontecer viveremos ondas de pânico mundial. Nossa única possibilidade é sobreviver às primeiras 48 horas. Para isso temos de construir – se me permitem a analogia – um bote salva-vidas.”
Os botes salva-vidas são, segundo Dennett, o antigo tecido social de organizações de todo tipo que se viram (quase) aniquilados com a chegada de Internet. “Algumas tecnologias nos tornaram dependentes e a Internet é o máximo exemplo disso: tudo depende da rede. O que aconteceria se ela caísse? Nos Estados Unidos tudo desabaria em questão de horas. Imagine: acordar e a TV não funciona. Obviamente não tem sinal no celular. Você não tem coragem de pegar o carro porque não sabe se essa vai ser sua última reserva de gasolina e os únicos que se prepararam para isso são todos esses malucos que constroem bunkers e armazenam armas. Certeza de que queremos que eles sejam nossa última esperança?”
Para ler o texto completo de Toni García clique aqui

Cortinas Fechadas, de Jafar Panahi: a expressão, em filme, do homem dolorido

Divulgação
Como avaliar um filme político que luta as causas progressistas – justiça social, denúncias reiteradas de desigualdades e de abusos, restabelecimento de realidades escamoteadas ou distorcidas pelas ditaduras -, porém com baixa qualidade cinematográfica? Cinema sem talento artístico, montagem confusa, pobre de imagens, pesquisa precária, inconcluso, apenas catártico, mas que apresenta certas informações que, para a história, são novas e oportunas? Produções baratas, realizadas com honestidade, suor e lágrimas, mas incomparáveis ao impecável cinema, por exemplo, de Eduardo Coutinho, Costa-Gavras, Ken Loach?
Vale a complacência?
Não é o caso do excelente Cortinas Fechadas, do cineasta Jafar Panahi, de 54 anos, nascido no Azerbaijão, membro do grupo de elite dos melhores realizadores do provocador cinema iraniano: Kiarostami, Makhmalbaf, Asghar Farhadi, Majid Majidi e Mohammad Rasoulof, este em atual prisão domiciliar. O seu filme que se inicia e termina com as grades de uma vasta janela de casa de veraneio aparentemente aprazível - na verdade grades de uma prisão -, e no qual a tela, sem imagens, se mostra negra à custa de cortinas escuras rigorosamente cerradas, é uma produção dirigida por um prisioneiro político a quem se tenta calar à força.
Para ler o texto completo de Léa Maria Aarão Reis clique aqui

ENTREVISTA / MATTHEW GENTZKOW: 'A TV não faz mal para as crianças'

As contribuições para o entendimento da mídia sob a ótica econômica deram a Matthew Gentzkow, professor da Universidade de Chicago (EUA), lugar de destaque no rol de grandes pensadores americanos. Entre suas obras está um estudo que comprova estatisticamente os benefícios da televisão para o desenvolvimento infantil, o que contradiz grande parte das pesquisas na área. Na semana passada, ele foi agraciado com a medalha John Bates Clark, concedida pela Associação Americana de Economia, que o coloca, aos 38 anos, entre vencedores do Prêmio Nobel como Paul Samuelson e Milton Friedman.
Pra ler a entrevista de  Matthew Gentzkow clique aqui

WIKILEALKS: A 'arte' de limitar a liberdade de informação

Os cidadãos do mundo inteiro testemunharam há alguns meses com espanto a revelação da existência de dois programas de vigilância em massa das comunicações por parte do Governo dos Estados Unidos. A justificativa do Governo norte-americano para tal violação do direito fundamental à privacidade pessoal e familiar era previsível: os programas são eficazes porque têm “impedido muitos ataques terroristas”. As autoridades nunca especificaram quais foram essas ações, o que obviamente provoca na sociedade uma sensação amarga que aumenta a sua incredulidade.
No entanto, é menos previsível a resposta que o Governo pode dar em relação ao caso de Edward Snowden, ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) e suposto responsável por esse vazamento de informações.
Para ler o texto completo de Baltasar Garzon clique aqui

terça-feira, 29 de abril de 2014

Por que a sociedade precisa legalizar o aborto?

"O aborto acontece em todas as classes sociais, não é uma questão de informação ou de acesso a métodos anticonceptivos. Estes falham e, muitas vezes, as mulheres fazem relações sexuais forçadas ou o parceiro não quer usar a camisinha. O aborto é um direito da mulher em função da complexidade da maternidade, em uma sociedade patriarcal e machista, que coloca a maternidade como o principal lugar da mulher”, analisa a psicóloga e líder da Marcha Mundial das Mulheres Nalu Faria.
Para ler e ver o vídeo da palestra de Nalu Faria clique aqui

"General, o teu tanque é um carro forte" - Bertolt Brecht


General, o teu tanque é um carro forte

General, o teu tanque é um carro forte.
Arrasa um bosque e esmaga centos de homens.
Mas tem um defeito:
Precisa de um condutor.

General, o teu bombardeiro é forte.
Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um
elefante.
Mas tem um defeito:
Precisa de um mecânico.

General, o homem é muito hábil.
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito:
Sabe pensar.


Bertolt Brecht

O efeito Strangelove: Como somos levados a aceitar uma nova guerra mundial

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Há poucos dias estive a rever o filme Dr. Strangelove. Já o assisti talvez uma dúzia de vezes; dá sentido a notícias sem sentido. Quando o major T.J. 'King' Kong entra em conflito com os russos e envia o bombardeiro nuclear B52 contra um alvo na Rússia, quem tem que tranquilizar o Presidente é o general 'Buck' Turgidson. Ataque primeiro, diz o general, afinal "são apenas 10 a 20 milhões de mortos, no máximo". Presidente Merkin Muffley: "Não vou ficar na história como o maior assassino de massas desde Adolf Hitler". General Turgidson: "Talvez fosse melhor, senhor Presidente, que se preocupasse mais com o povo americano do que com a sua imagem nos livros de história". 
O génio do filme de Stanley Kubrick é que representa com rigor a loucura e os perigos da guerra-fria. A maior parte dos personagens baseia-se em pessoas reais e em maníacos reais. Não há hoje ninguém equivalente a Strangelove, porque a cultura popular está dirigida quase totalmente para as nossas vidas interiores, como se a identidade seja o zeitgeist moral e a verdadeira sátira seja redundante; mas os perigos são os mesmos. O relógio nuclear parou às cinco para a meia-noite; as mesmas bandeiras falsas estão hasteadas sobre os mesmos alvos pelo mesmo "governo invisível", como Edward Bernays, o inventor das relações públicas, descreveu a propaganda moderna.
Para ler o texto completo de John Pilger clique aqui

A literatura no mundo virtual: falsas autorias

A internet tem sido uma ferramenta eficaz ao democratizar a publicação de textos literários, mas tem, por outro lado, dado espaço a imbróglios relativos à autoria. Esta pesquisa mostra a profusão de textos apócrifos no mundo virtual, bem como equívocos quanto aos créditos dados em poemas e crônicas de escritores consagrados na literatura universal.
Para ler o texto completo de Aília Sampaio clique aqui

"In the mood" - Glenn Miller


O clássico "In the moood" de Glenn Miller para ouvir clicando aqui

Em defesa do cinema desagradável

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Cães errantes ganhou o grande prêmio do júri no Festival de Veneza do ano passado, mas está longe de ser uma unanimidade de crítica e, muito menos, um sucesso de público. Como todo o cinema do malaio (radicado em Taiwan) Tsai Ming Liang, é um filme duro, radical, exigente.
Já nas primeiras imagens – um plano fixo de vários minutos que mostra um menino e uma menina dormindo numa choça, enquanto em primeiro plano uma mulher sentada penteia sem parar os longos cabelos, de modo que mal vemos seu rosto – o diretor mostra seu rude cartão de visitas, como se estabelecesse ali um pacto com o espectador: “Deixai toda esperança, vós que entrais”. Quem quiser diversão ou conforto, que vá procurar em outra sala.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Para ir além do alimento-mercadoria

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O sistema alimentar moderno transformou radicalmente a estrutura social, econômica, política e cultural das sociedades. Inspirada na lógica industrial, os objetivos estão centrados numa economia de baixo custo e grande escala, projetada com tecnologia e eficiência para oferecer “mais por menos” ao consumidor final. Essa equação se traduz em mais produtos na prateleira a um preço cada vez menor de produção, que beneficia exclusivamente os grandes fabricantes e redes varejistas multinacionais.
Em O Fim dos Alimentos (Editora Eevier, à venda na internet), o jornalista norte-americano Paul Roberts descortina o cenário da economia alimentar, com um panorama inédito que reúne subsídios para compreender sintomas que vão da obesidade ao declínio das refeições preparadas em casa. Nutrida por desigualdade e injustiça, esta economia reproduz um ciclo tendencioso e vicioso, em que a demanda do consumidor, seus desejos e interesses implacáveis são utilizados como justificativa para manter um modelo de produção, consumo e distribuição questionável.
Para ler o texto completo de Juliana Dias clique aqui

O 25 de Abril que não aconteceu

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Estamos no mês das celebrações. Vão organizar-se muitas peregrinações ao 25 de Abril de 1974 com trajetos e até destinos diferentes, como se fossem pacotes de turismo da memória. Um tempo tão importante pelos lugares visitados como pelos evitados, pelo que vai ser dito como pelo que não vai ser dito. Remeto-me a imaginar os lugares evitados, o não- dito, propondo-me um exercício de sociologia das ausências. São três os 25 de Abril que vão estar ausentes.
Para ler o texto completo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

O Brasil quer saber: nossa cerveja é transgênica?

140425-Cerveja
Depois da dúvida levantada no texto publicado em Outras Palavras em 28/02/2014, e da grande repercussão das suspeitas sobre possível presença de milho transgênico na cerveja brasileira, nada aconteceu. Ou… quase nada.
A Ambev, maior empresa da indústria cervejeira no Brasil, evitou responder oficialmente aos consumidores interessados em saber o que estão bebendo. A única “resposta” que veio a público foram dois textos publicados no site da Carta Capital, tratando o tema com ironia e sem trazer qualquer dado que afaste ou confirme a suspeita. Escondem-se na suposta busca de uma bebida “brasileira”, com milho. Mas evitam o essencial: seria o milho presente na cerveja… transgênico?
Para ler o texto completo de Flávio Siqueira Júnior e Ana Paula Bartoletto clique aqui

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Assim o Ocidente ressuscita a Guerra Fria

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Faz várias semanas, agora, que toda a mídia mainstream está engajada em denunciar primeiro a suposta ação de Putin na Crimeia – e em seguida, na Ucrânia. A última capa deThe Economist mosta um urso engolindo a Ucrânia, sob o título “Insaciável”. A unanimidade na mídia é sempre constrangedora, porque significa algum ato de dobrar joelhos. Será possível que os quarenta anos de Guerra Fria estejam sendo ressuscitados?
A inércia desta guerra, na verdade, nunca foi rompida. Diga “o presidente comunista de Cuba, Raúl Castro”, e ninguém ficará chocado. Use a mesma lógica, e chame o presidente Obama de “capitalista” e repare nas reações. Na Itália, Sílvio Berlusconi foi capaz, durante vinte anos, de ganhar as eleições contra a “ameaça” do comunismo – representada, segundo ele, pelo partido à esquerda, agora no poder, sob Matteo Renzi, um católico devoto.
Para ler o texto completo de Roberto Savio clique aqui

"Ontem choveu no futuro..." - Manoel de Barros


Ontem choveu no futuro.
Águas molharam meus pejos.
Meus apetrechos de dormir.
Meu vasilhame de comer.
Vogo no alto da enchente à imagem de uma rolha.
Minha canoa é leve como um selo.
Estas águas não têm lado de lá.
Daqui só enxergo a fronteira do céu.
(Um urubu fez precisão em mim?)
Estou anivelado com a copa das árvores.
Pacus comem frutas de carandá nos cachos.

Manoel de Barros

O pânico em torno de Piketty


O novo livro do economista francês Thomas Piketty, "Capital in the Twenty-First Century" (o capital no Século XXI), é um autêntico fenômeno. Outros livros sobre economia já foram best-sellers, mas a contribuição de Piketty é séria, um estudo que transforma discursos, diferentemente da maior parte dos best-sellers. E os conservadores estão aterrorizados.
Assim, James Pethokoukis, do American Enterprise Institute, adverte no "National Review" que o trabalho de Piketty deve ser refutado, caso contrário, "vai se espalhar entre os intelectuais e remodelar a paisagem política e econômica na qual serão travadas todas as batalhas políticas futuras". Bem, boa sorte nessa empreitada.
O que é realmente impressionante neste debate até agora é que a direita parece incapaz de montar qualquer tipo de contra-ataque substantivo à tese de Piketty. Em vez disso, sua reação tem sido xingar -em particular, chamar Piketty de marxista, assim como qualquer um que considere a desigualdade de renda e riqueza uma questão importante.

Voltarei à questão dos xingamentos em um momento. Primeiro, vamos falar sobre por que o "Capital" está tendo um impacto tão grande.
Para ler o texto completo de Paul Krugman clique aqui

A União Europeia e o fim do Mercosul

Arquivo
A conveniência da participação do Brasil em esquemas de integração regional e da negociação de acordos de “livre comércio” com países altamente desenvolvidos, e altamente competitivos na área industrial, somente pode ser avaliada a partir da situação real da economia mundial e da economia brasileira que se caracteriza hoje por quatro fatos principais:

• a estratégia dos países desenvolvidos de procurar sair da crise através de políticas agressivas de abertura de mercados de terceiros países, de proteção de sua produção doméstica e de manipulação cambial, que desvaloriza suas moedas;


• a política chinesa de expansão de suas exportações de produtos industriais e de abertura de mercados para seus produtos e para seus investimentos, em especial para a produção de commodities (produtos primários);


• a importância do comércio intra-firma que chega a atingir 60% do comércio mundial, o que torna limitada e bastante retórica o conceito de livre comércio;


• a presença avassaladora de megaempresas multinacionais, e de empresas estrangeiras de menor porte,  na economia brasileira, não só no setor industrial, mas crescentemente no setor de serviços, tais como educação e saúde.


Para ler o texto completo de Samuel Pinheiro Guimarães clique aqui

As perguntas que não são feitas nas pesquisas eleitorais

Arquivo
Pesquisas de opinião são orientadas, claro, e as eleitorais não constituem exceção. Se alguém deseja saber quem prefere maçã ou banana deve perguntar justamente isso, sem confundir o pesquisado com as opções de abacaxis e mangas. Muitas pesquisas eleitorais desorientam os entrevistados ao introduzir opções que nada mais são do que abacaxis e mangas, nomes de candidatos sabidamente estéreis no contexto eleitoral efetivo. Obtêm-se antes de tudo uma ideia da dispersão aleatória da preferência eleitoral, não as escolhas sólidas a aparecer com perguntas focadas no que está, de fato, em jogo.  Mas nada impede que se investigue se o freguês é mais afeito a frutas ácidas ou cremosas – um tanto mais geral e inespecífica do que a pergunta anterior.
Com maior ou menor generalidade o que importa é que há um mundo de interrogações adequadas ao conjunto das frutas, todas legítimas, respeitadas modestas regras de lógica. Simples, mas esquecido quando os institutos divulgam seus resultados, aceitos com sagrada intimidação. Na verdade, os mesmos tópicos das pesquisas podem ser investigados por inquéritos variados, nada havendo de interdito no terreno do mexerico.
Para ler o texto completo de Wanderley Guilherme dos Santos clique aqui

domingo, 27 de abril de 2014

DOCUMENTÁRIO "Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás"

O documentário “Atlântico negro: na rota dos orixás” (54 min, 1998) do diretor brasileiro Renato Barbieri foi filmado no Maranhão, na Bahia e no Benin (país situado na costa ocidental da África) revela as afinidades culturais e históricas existentes entre Brasil e África, sobretudo no campo das religiões dos vodus e dos orixás. Renato Barbieri registra, com rara sensibilidade, a africanidade ancestral presente em terreiros de Salvador, que virou candomblé, e do Maranhão, onde a mesma influência gerou o Tambor de Minas. Mostra-nos as danças sagradas e rituais de orixás nos antigos reinos iorubás de Keto e jejes de Abomey. O documentário faz também referências ao que era a África antes da chegada dos portugueses. Se se quiser comparar os Reinos africanos do Benin, Congo, Monomutapa, entre outros, com a civilização europeia da época, constata-se um nível civilizacional bastante avançado em termos de organização política, de sistemas de produção, de arte e de arquitetura. O trabalho de Barbieri aborda, de forma didática, a problemática da escravatura, através de entrevistas, de mapas que nos mostram as rotas e os principais lugares da África (Daomé - atual Benin, o Senegal, a Nigéria, o Congo, Angola e Moçambique) donde vieram escravos para o Brasil. Com clareza, são-nos revelados os fatos que propiciaram o tráfico: as guerras entre reinos africanos. Posteriormente, os traficantes utilizavam os escravos como mão-de-obra barata num dos mais gigantescos e terríveis episódios de violência cometidos contra seres humanos. Os dados estatísticos relativos ao tráfico de escravos bem como os mecanismos de violência física e simbólica utilizados contra eles são espantosos. Tais dados revelam que esse comércio durou cerca de 350 anos, tendo quatro milhões de negros vindo para o Brasil (muitos foram para Cuba, Venezuela e Caribe). O que não se deve esquecer é que nos porões dos navios não vinha apenas força-de-trabalho, mas costumes, tradições, visões de mundo. Não menos surpreendente, eram os mecanismos utilizados pelos traficantes visando destruir toda uma cultura. Com efeito, os negros eram obrigados a percorrer 5 km até ao porto de embarque. Em seguida, os homens eram obrigados a dar nove voltas e as mulheres sete voltas em torno da Árvore do Esquecimento, para ficarem sem capacidade de reagir, de se rebelar para, em suma, esquecerem a sua cultura. Como se fosse possível tal destruição cultural! Um fato curioso revelado no documentário é o que diz respeito à maior fortuna da época no mundo, que pertencia a um traficante de escravos baiano, Francisco Félix de Souza, mais conhecido por Xáxá. O documentário de Renato Barbieri revela-nos ainda que a África manifesta-se na consciência brasileira através da religiosidade, nas cores, nas gestualidades, na forma de falar a língua portuguesa, nas danças, nas comidas.
José de Sousa Miguel Lopes

Para ver o documentário de Renato Barbieri clique aqui

"tanto tempo..." - Alice Ruiz


tanto tempo
tanta distância
refaço no espelho
cada traço
da nossa semelhança

o espaço que nos separa
vai ficando velho
só eu fico moça
na lembrança
de teus olhos de criança

Alice Ruiz

Dirceu: Homem-teste

É inacreditável que, no Brasil de 2014, se tente levar a sério – por um minuto – o pedido de investigar todas ligações telefônicas entre o Planalto, o Supremo, o Congresso e a Papuda entre 6 e 16 de janeiro. A rigor, o pedido de investigação telefônica tem um aspecto terrorista, como já disse aqui. Implica em invadir poderes -- monitorar ligações telefônicas é saber quem conversou com quem mesmo sem acessar o conteúdo da conversa -- e isso o ministério público não tem condições de fazer antes que o STF autorize  a abertura de um processo contra a presidente da República. O que queremos? Brincar de golpe? Criar o clima para uma afronta aos poderes que emanam do povo? Quem leva a sério o pedido de monitorar telefones do Planalto, com base numa denúncia anonima, sem data, nem hora nem lugar conhecido -- o que permite perguntar até se tenha ocorrido -- nos ajuda a  pensar numa hipótese de ficção científica. Estão querendo um atalho atingir a presidente? Assim, com a desculpa de que é preciso apurar um depoimento secreto? Nem é possível fingir que é possível levar a sério um pedido desses. Por isso não é tão preocupante que uma procuradora do DF tenha feito tenha assinado um pedido desses. É folclórico, digno dos anais da anti-democracia e da judicialização. O preocupante é a demora de Joaquim Barbosa em repelir o pedido. Rodrigo Janot, o PGR, já descartou a solicitação. Mas Joaquim permanece mudo. O que ele pretende? O que acha que falta esclarecer? Honestamente, cabe perguntar: qual é a dúvida? 

Para ler o texto completo de Paulo Moreira Leite clique aqui

DEZ ANOS DE COTAS NAS UNIVERSIDADES

Em 1997, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros, entre 18 e 24 anos cursavam ou tinham concluído um curso de graduação no Brasil. O baixo índice indicava que algo precisava ser feito. “Pessoas estavam impedidas de estudar em nosso país por sua cor de pele ou condição social. Se fazia necessária, na época, uma medida que pudesse abrir caminho para a inclusão de negros e pobres nas universidades”, lembra a pesquisadora e doutora em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Teresa Olinda  Caminha Bezerra.

A solução encontrada para que se diminuísse o déficit histórico de presença de negros e pobres nas universidades brasileiras foi a adoção de ações afirmativas por meio de reservas de vagas, que ficaram conhecidas como cotas. Porém, por todo o país, houve resistências à sua implementação.
Para ler o texto completo de Igor Carvalho clique aqui

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