ACORDO ORTOGRÁFICO: A batalha do asterisco
Pedro Mexia é um homem marcado no jornal onde escreve. Não interessa que assine uma coluna semanal fixa, dessas com direito a foto de meio corpo centralizada no terço superior da página, ou que seu nome apareça com frequência nas resenhas e críticas do caderno de cultura. Não adianta: por onde quer que leve sua pena nos suplementos do semanário português Expresso, é seguido por uma nota de rodapé que o assombra e avisa o leitor: “Pedro Mexia escreve de acordo com a antiga ortografia.”
“No princípio, a nota de rodapé servia para justificar minha objecção de consciência contra o Acordo Ortográfico, mas depois nunca mais caiu. Achei que a certa altura as pessoas já sabiam e ela era dispensável, mas lá continua”, disse-me Mexia numa tarde de dezembro, enquanto abocanhava um sanduíche de pão preto em um café atrás do Palácio Galveias, em Lisboa, onde pombas e pavões disputam comida pelos jardins. Os olhos azuis, o cabelo loiro já ralo, que lhe confere uma testa avantajada, e um cavanhaque claro com falhas transmitem ao jornalista e poeta de 41 anos uma fisionomia que um bom lombrosiano chamaria de inocente e pacata, jamais belicosa.
Como um guerreiro, contudo, num artigo publicado em 14 de janeiro de 2012, Mexia fustigou o aviso imposto pelo jornal em que trabalha e que lhe faz companhia logo abaixo de seu e-mail. “Eu agradeço que o Expressome permita a objecção de consciência”, começa em tom cordato, para a seguir, num momento shakespeariano, bradar en gardecontra o lembrete que o persegue: “Suspeito que esta fórmula foi inventada por alguém que pretende colar aos dissidentes o vocábulo ‘antiga’, como se nós escrevêssemos em galaico-português. Como se a língua que a maioria dos portugueses ainda usa se tornasse por simples decreto ‘antiga’: antiquada, decrépita, morta.”
Para ler o texto completo de Cláudio Goldberg Rabin clique aqui
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