quarta-feira, 26 de setembro de 2018

"A poesia do teu corpo" - Antonio Acevedo Linares

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A poesia do teu corpo

A poesia do teu corpo no meu corpo
escreve-se na pele como na folha
dessa página em branco
como a poesia do meu corpo em teu corpo escrevo
na tua pele como na folha dessa página em branco
e escrever para nós é como
amarmos a pele do teu corpo e do meu corpo como
a folha dessa página em branco

Antonio Acevedo Linares

José Dirceu: "O problema do Bolsonaro é do PSDB e DEM. Sem Lula, temos Ciro e Haddad"

Zé Dirceu

Ex-ministro de Lula viaja de ônibus pelo país, para lançar livro escrito enquanto estava preso, e diz que não pretende participar do Governo se o PT ganhar a eleição. “A elite que reze para que eu fique bem longe”.

Para ler a entrevista de José Dirceu clique aqui

Também houve um #elenão nos EUA. E Trump venceu


Hoje pela manhã, a Rosana Pinheiro-Machado e o Marcos Nobre indicaram uma possível saída de Jair Bolsonaro ainda no primeiro turno. Mesmo que com chance remota, eles apontam seus motivos. “A campanha de Bolsonaro criou confusão onde ela não existia. O eleitorado antipetista estacionado na candidatura do capitão parece começar a pensar duas vezes onde parecia mais do que decidido”, escreve Nobre, apontando para o precedente do caso Marina, com o derretimento da candidatura nos últimos dias do primeiro turno, e para o voto estratégico anti-PT se mover para um candidato mais viável e com capacidade de vitória no segundo turno. 
Para ler o texto completo de Fabricio Pontin clique aqui

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Leia "A apreensão com a força de Bolsonaro entre os militares" de André Barrocal clique aqui

Forte de Copacabana dominado por tropas golpistas, em 1º de abril de 1964.

Leia "A verdade é dura: quem fica em cima do muro consente com as ideias nazifascistas do bolsonarismo" de Mário Magalhães clique aqui

Quanto custa a educação pública de qualidade no Brasil?


O Brasil demorou centenas de anos para formular uma legislação que não somente permitisse como também tornasse obrigatória a Educação Básica a todas/os residentes em território nacional – o que inclui imigrantes. A Constituição Federal de 1988 foi emendada, em 2009, tornando o ensino obrigatório dos 4 aos 17 anos. 
Para ler o texto completo de Andressa Pelanda clique aqui

Como são os shows feitos com hologramas. E as novas turnês

Holograma de Maria Callas na turnê 'Callas in concert'

A técnica se tornou tendência em 2012 e hoje espetáculos passam por Europa, Estados Unidos e agora chegam ao Brasil. 
Para ler o texto completo de Anita Abdalla clique aqui

A capacidade para a dúvida. Ou como evitar a receita da catástrofe

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Algo preocupante acontece quando preferimos o discurso rápido que se impõe ao outro pela força e de modo violento. 
Para ler o texto completo de André De Martini clique aqui

RSS, para uma internet livre novamente


Domínio das mega-plataformas e de seus algorítmos tornou a rede monótona, segregada e iracunda. Mas a disputa não está perdida — e uma ferramenta simples pode ser muito libertadora.
Para ler o texto completo de Victor Wolffenbüttel clique aqui

terça-feira, 25 de setembro de 2018

"Noites Loucas" - Emily Dickinson

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Noites Loucas

Noites Loucas!
Estivesse eu contigo
Noites Loucas seriam
Nosso luxuoso abrigo!

Para Coração em porto —
Ventos — são coisas fúteis —
Bússolas — dispensáveis —
Portulanos — inúteis!

Navegando em pleno Éden —
Ah, o Mar!
Quem dera — esta Noite — em Ti
Ancorar
!

Emily Dickinson

Os 50 anos do AI-5. Lembrar para não esquecer

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Em dezembro de 2018 completam-se cinco décadas do início do período mais assustador da ditadura militar. Recordar, hoje, esse momento é uma espécie de antídoto contra quem questiona valores básicos da democracia. 
Para ler o texto completo de Lilia Shwarcz clique aqui

Quem são os assexuais: relatos de brasileiros que não querem saber de sexo

iStock
A bandeira assexual (em tons de roxo e preto) ao lado da bandeira trans (rosa e azul)

A psicóloga Nathalia Rodrigues, de 25 anos, conheceu um rapaz que ela acreditava ser o companheiro perfeito para a vida. Eles saíram juntos, se beijaram e, depois do primeiro encontro, nunca mais se viram. A jovem desistiu de manter contato com o pretendente. O maior medo dela era que o envolvimento avançasse para uma relação sexual. "O pensamento de estar com alguém e ter que fazer sexo me angustiava", diz. 
Para ler o texto completo de Vinicius Lemos clique aqui

Revista Educação em Foco, v. 21, no 34 (2018)

Capa da revista

Para ter acesso ao conteúdo completo da revista Educação em Foco clique aqui

O nascimento da Fridolatria


A transformação de Frida Kahlo em ícone pop foi feita a partir de clichês e exotismos artificiais, que buscaram narrativas colonizadoras para despi-la de seu espírito revolucionário.
Para ler o texto completo de Valeria Luiselli clique aqui

As mentiras sexistas da ciência

Angela Saini, em Londres.

Angela Saini detalha em um ensaio como os preconceitos influenciam a suposta condição biológica da mulher. 

Para ler o texto completo de Laura Fernández clique aqui

O tempo dos ventos selvagens


Como o aquecimento global está tornando mais devastadores os furacões, tufões e ciclones. Por que já se preveem as “supertempestades” de categoria 6.
Para ler o texto completo de José Eustáquio Diniz Alves clique aqui

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

"O ramo roubado" - Pablo Neruda

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O ramo roubado

De noite entraremos
para roubar
um ramo florido.

Saltaremos o muro
nas trevas do jardim alheio,
duas sombras na sombra.

Ainda não se foi o inverno,
e a macieira aparece
transformada de repente
em cascata de estrelas perfumadas.

De noite entraremos
até seu palpitante firmamento,
e as tuas mãos pequenas e as minhas
roubarão as estrelas.

E sigilosamente,
em nossa casa,
na noite e na sombra,
entrará com teus passos
o silencioso passo do perfume
e com pés estrelados
o corpo claro da primavera.

Pablo Neruda

ELIANE BRUM: Mulheres contra a opressão

Mulheres contra a opressão

O maior movimento de resistência ao projeto autoritário mostra que apoiar Bolsonaro é votar a favor das forças que empobrecem o país e violentam os mais frágeis. 

Para ler o texto completo de Eliane Brum clique aqui



Leia “Bolsonaro, Mourão e Guedes: o triplex do horror” de Gustavo Conde clicando aqui


REUTERS/Paulo Whitaker

Chico Buarque, eleitor do PT, Caetano Veloso, que vota em Ciro Gomes, Miguel Reale Júnior, ligado ao PSDB, Wagner Moura, eleitor de Guilherme Boulos, e Neca Setúbal, apoiadora de Marina Silva, são alguns dos 333 nomes que divulgaram um manifesto contra a ameaça fascista, representa por Jair Bolsonaro. "Somos diferentes. Temos trajetórias pessoais e públicas variadas. Votamos em pessoas e partidos diversos. Defendemos causas, ideias e projetos distintos para nosso país, muitas vezes antagônicos. Mas temos em comum o compromisso com a democracia. Com a liberdade, a convivência plural e o respeito mútuo. E acreditamos no Brasil. Um Brasil formado por todos os seus cidadãos, ético, pacífico, dinâmico, livre de intolerância, preconceito e discriminação", diz o texto, que sinaliza uma aliança antifascista no segundo turno. 
Para ler a íntegra do Manifesto clique aqui

Documentário "A História do Golpe"

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"Austeridade", história de uma fraude


Como o pensamento econômico conservador recorreu a um conceito cultivado por Aristóteles e inverteu seu sentido, para impor políticas que golpeiam as maiorias e enriquecem dos nababos.
Para ler o texto completo de Pedro Rossi, Esther Dweck e Flávio Arantes clique aqui

Mesa - "Cedo o meu Lugar"

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Para assistir à interpretação de "Cedo o meu Lugar" na voz de Mesa clique no vídeo aqui

Frantz Fanon, uma voz dos oprimidos

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A divisão dos homens entre opressores e oprimidos, a desumanização indígena e o condicionamento do negro pelo branco. Contribuições fundamentais na primeira metade do século passado, as questões debatidas pelo psiquiatra e intelectual negro continuam atuais.
Foi como um estrondo no céu do pós-guerra. Em 1952, aparecia Pele negra, máscaras brancas, uma “interpretação psicanalítica do problema negro”. A introdução proclamava: “É preciso libertar o homem de cor de si mesmo. Lentamente, porque há dois campos: o branco e o negro”.
Seu autor, Frantz Fanon (1925-1961), foi ao mesmo tempo psiquiatra, ensaísta e militante político ao lado da Frente de Libertação Nacional da Argélia (FLN), com a qual compartilhava a causa independentista. Martinicano, faz parte do grupo de intelectuais negros cuja importância a França tem dificuldade em reconhecer, embora tratem de uma história comum a todos. Anticolonialista radical, de escrita altamente literária e retórica, contribuiu para aclarar não só a história, mas também reflexões e debates contemporâneos. Preferem, no entanto, esquecê-lo sob o rótulo de “profeta fracassado. 
Para ler o texto completo de Anne Mathieu clique aqui

A hipótese de Weimar: Quando o diálogo é impossível, não há outra opção a não ser suprimir o adversário

A atriz Senta Söneland proferindo um discurso em Berlim no período entre guerras.

O escritor escocês Philip Kerr morreu em março passado, aos 62 anos. Deixou cerca de 30 romances, entre eles os 14 protagonizados por um personagem singular chamado Bernie Gunther. A graça dessa esplêndida série está no contexto histórico: Gunther é um policial social-democrata que se vê absorvido pelo nazismo (era difícil se opor a sujeitos como Himmler e Heydrich) e, mantendo uma certa dignidade pessoal, trabalha para um regime assassino. O policial nunca deixa de ter saudades da violenta, libérrima e divertida Berlim da República de Weimar, o regime democrático que nasceu após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial e morreu com a ascensão de Adolf Hitler. 
Para ler o texto completo de Enric González clique aqui

domingo, 23 de setembro de 2018

"E, subitamente" - Casimiro de Brito

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E, subitamente
1
e subitamente
a mais bela das mulheres
olha para mim

2
e subitamente
o meu caminho começa
onde estás deitada

3
e subitamente
o oásis onde julgava
ser ilha deserta

4
e subitamente
abres o céu do teu corpo
e já sou pássaro

5
e subitamente
as bocas da minha amiga
dobram-se para amar

6
e subitamente
acordo mas tu já não estás
deitada a meu lado

7
e subitamente
a sombra da minha amada
oh resplandece


Casimiro de Brito

Tóquio abriu um museu 100% digital

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São dez mil metros quadrados, divididos por cinco zonas e meia centena de trabalhos interativos com uma missão: mudar radicalmente a nossa experiência num museu. 
Para ler o texto completo de Victor Ferreira clique aqui

"Na ditadura tudo era melhor". Entenda a maior fake news da História do Brasil


O capitão Jair Bolsonaro acredita que a ditadura militar foi uma época dourada para o Brasil. “Era completamente diferente de hoje. Naquele tempo você tinha liberdade, segurança, ensino de qualidade, a saúde era melhor.”
Apesar de nem as vírgulas dentro dessas aspas serem verdadeiras, a lorota de Bolsonaro tem colado com certa facilidade. Não é raro encontrar jovens defendendo o regime militar. Há também os que viveram a época e garantem que tudo era melhor. Todos da minha geração tem um tio, um pai ou um avô que afirma com muita convicção que o ensino público era fantástico, que não havia corrupção, que a economia bombava e que se podia andar tranquilamente nas ruas sem medo da violência. Mas essas experiências particulares não refletem exatamente o que se passava com a totalidade dos brasileiros naquele período. A bolha do seu tio não representa o Brasil. 
Para ler o texto completo de João Filho clique aqui

Jared Diamond: "Se Lisboa só pudesse ter um museu, esse museu deveria ser o das descobertas"

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Jared Diamond viveu entre os últimos caçadores-recolectores do mundo e emociona-se com o fim iminente desse modo de vida. Defende que para perceber o mundo atual temos de recuar à pré-história e que há coisas a aprender com as sociedades tradicionais. Para este prestigiado acadêmico, uma das vantagens históricas da Europa é a sua desunião. 
Para ler sua entrevista clique aqui

O cinema no olho do furacão


No Festival de Brasília, às vésperas de eleições decisivas, torna-se quase impossível discernir política e arte, cinema e ação política.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Duas táticas da oligarquia financeira no Brasil


Primeira: “adocicar” Bolsonaro, por meio do ultraliberal Paulo Guedes. Segunda: colonizar uma das candidaturas à esquerda, “sugerindo” um ministro da Fazenda como Joaquim Levy .
Para ler o texto completo de Paulo Kliass clique aqui

O lobo devorou, sim, a Chapeuzinho

O lobo devorou, sim, a Chapeuzinho

Adocicar os contos infantis não é recomendável. Priva as crianças da 
estimulação da fantasia, da compreensão de certas emoções e, inclusive, 
da inspiração para descobrir soluções.
Para ler o texto completo de Marta Rebón clique aqui

"Noturno" - David Mourão-Ferreira

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Noturno

Eram, na rua, passos de mulher.
Era o meu coração que os soletrava.
Era, na jarra, além do malmequer,
espectral o espinho de uma rosa brava...

Era, no copo, além do gim, o gelo;
além do gelo, a roda de limão...
Era a mão de ninguém no meu cabelo.
Era a noite mais quente deste Verão.

Era no gira-discos, o Martírio
de São Sebastião, de Debussy....
Era, na jarra, de repente, um lírio!
Era a certeza de ficar sem ti.

Era o ladrar dos cães na vizinhança.
Era, na sombra, um choro de criança...

David Mourão-Ferreira

A falácia do "racismo inverso"

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A atenção. “Attenção: Vende-se para o mato uma preta da costa de idade de quarenta e tantos annos, muito sadia e bastante robusta, sabe bem lavar e cozinhar o diário de uma casa, vende-se em conta por haver precisão, no beco Largo, n. 2. Na mesma casa vende-se uma tartaruga verdadeira.”
O protesto. “Protesta-se com todo o rigor das leis contra quem tiver dado, e der coito a escrava do abaixo assignado, fugida de seo poder na freguezia do Queimado desde 7 de fevereiro do corrente anno; e gratifica-se, conforme a trabalho da captura, á quem a prender, e levar ao dito seo senhor ali, ou mete-la nas cadêas da capital. […] Levou uma filha de sua côr, que terá pico mais de anno de idade do Padre Duarte.
A fuga. “Escravo fugido. Acha-se fugido desde o dia 3 de março passado, o escravo de nome Joaquim, de nação Congo, edade 61 annos, mais ou menos, côr preta, cabelos brancos, tanto os da barba como os da cabeça, olhos grandes, bons dentes, bastante baixo, tendo o dedo grande da mão direita mutilado.”
Estes excertos, expostos no Memorial da Escravatura e do Tráfico Negreiro, em Cacheu — importante entreposto comercial de escravizados na Guiné-Bissau —, ilustram a forma como as relações raciais, fruto do colonialismo e da Escravatura, passaram da “diferença negativa à coisificação do Africano” (Isabel C. Henriques), comparado, tratado e marcado como animal doméstico, de carga e de serviço, retirando-lhe toda e qualquer dignidade e submetendo-o às mais brutais violências e, com o tráfico negreiro, sujeito a uma desumanização de difícil equiparação na História mundial. A vida média de uma pessoa uma vez escravizada era, aliás, de dez anos, como observou António Carreira em Notas sobre o Tráfico Português de Escravos, de 1978. 
Para ler o texto completo de Joacine Katar Moreira clique aqui

Paradigma quântico e transformação do mundo


Se tudo é ao mesmo tempo matéria e energia; e se o olhar do observador altera o objeto, que consequências tirar para a ação política de esquerda?
Para ler o texto completo de Débora Nunes clique aqui

Máquinas de censura, direitos dos autores e o novelo de uma diretiva polêmica

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A União Europeia está mais perto de criar novas regras para os conteúdos em plataformas como o Google, o YouTube e o Facebook. Enredado em críticas e conflitos, o processo deixou muitos utilizadores na incerteza sobre o que aí vem. 
Para ler o texto completo de João Pedro Pereira clique aqui

Enrique Iglesias - "Bailando"

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Para assistir à interpretação de "Bailando" na voz de Enrique Iglesias clique aqui

Solidão no luto: pesquisa inédita mostra dificuldades dos brasileiros para lidar com a morte

Três cenas mostram um velório, sepultamento e cremação

"Eu sei que a morte virá, mas não me sinto pronto(a) para isso."
Você concorda com essa frase? É provável que você faça parte do grupo majoritário de 68% dos entrevistados que, em uma pesquisa inédita, responderam afirmativamente à questão e expuseram a dificuldade dos brasileiros em lidar com a morte.
Encomendado pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) e realizado pelo Studio Ideias, o estudo mapeia a percepção de brasileiros sobre assuntos que vão da realização de cerimônias fúnebres à liberdade que uma pessoa deve ter ou não para decidir sobre o fim da própria vida. 
Para ler o texto completo de Mariana Alvim clique aqui

Em busca do centro: O pessimismo e a ironia de V. S. Naipaul

V. S. Naipaul foi frequentemente chamado de reacionário, mas na verdade a sua obra o levou a uma espécie de pessimismo desencantado. “Não tenho desejo de mudar o mundo”, disse

Em An Area of Darkness [Uma Área de Escuridão], seu primeiro relato de viagem sobre a Índia, publicado em 1964, V. S. Naipaul discorre sobre o costume local de defecar em público. “Os indianos defecam em todo lugar”, ele escreve. “Defecam, sobretudo, ao lado dos trilhos de trem.” Em Goa, como na Roma Antiga, defecar é aparentemente uma atividade social – amigos conversam de forma agradável enquanto se agacham juntos. Se o viajante surpreende um grupo de mulheres defecando nas encostas de Srinagar, elas começam a rir: a vergonha é do viajante por se expor à cena, e não delas. Naipaul descreve o costume local com um nível de escrutínio que só a descoberta literária ou o exaspero provoca (e nesse livro em particular, as duas coisas parecem andar juntas). 
Para ler o texto completo de Alejandro Chakoff clique aqui

sábado, 22 de setembro de 2018

"Noturnamente" - Mia Couto

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Noturnamente

Noturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo

Peito que em mim respira
olhar em que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
e me denuncio

Sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces

Mia Couto

O golpe de 64 não salvou o país da ameaça comunista porque nunca houve ameaça nenhuma

Posse do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco na presidência da República de 1964 a 1967.

Há uma farsa historiográfica que ronda a praça de maneira persistente: a tese de que que a “revolução de 64” teria salvo o Brasil da ameaça comunista.
Conversa para boi dormir.
A renúncia de Jânio Quadros em 1961, e a ascensão do seu vice João Goulart, odiado pelo partido mais conservador da época, a UDN, de Carlos Lacerda, e por parte dos militares, foi o ápice de uma cisão ideológica que perdurava havia quase 20 anos. De agosto de 1961 a março de 1964, Jango foi alvo de uma guerra discursiva que o pintou como corrupto e conspirador de uma ofensiva comunista. Era tudo fantasia. 
Para ler o texto completo de Alexandre Andrada clique aqui

Suicídio, drama global


Embora declinantes, mortes autoinfligidas causam, em todo o mundo, mais vítimas que os homicídios. Setembro, mês de alerta, convida a debater as causas. 
Para ler o texto completo clique aqui

Como reconhecer uma notícia falsa para não compartilhar mentiras

A atriz Patrícia Pillar tem sido frequentemente envolvida em 'fake news'.
A atriz Patrícia Pillar tem sido frequentemente envolvida em 'fake news'

Em época de eleições polarizadas, espalhar boatos (as famosas fake news) se tornou uma estratégia comum para confundir e influenciar os resultados. É só abrirmos as redes sociais e lá está aquele áudio, texto, foto, vídeo customizado para provar nossa ojeriza por determinado candidato ou alimentar nossa preferência por outro. 
Para ler o texto completo de J. R. H. clique aqui

Aline Frazão - "Sumaúma"

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Para assistir à interpretação de "Sumaúma" na voz de Aline Frazão clique no vídeo aqui

A "blitzkrieg" golpista do general Rocha Paiva na tela da Globonews


Ao contrário do que supunham os ingênuos, não é o apregoado “profissionalismo”, mas sim a vocação intervencionista — praticada desde o final do século 19, escamoteada às vezes, mas jamais abandonada — que vem dando o tom da atuação recente da principal força armada brasileira, o Exército. 
Para ler o texto completo de Pedro Estevam de Rocha Pomar clique aqui

Andrew Fishman: "O país sem corrupção"

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"O país sem corrupção"

Andrew Fishman 

Não consigo contar quantas vezes eu já ouvi uma versão dessa pergunta desde que me mudei para o Rio. Depois de décadas de decepções políticas e anos de "o PT inventou a corrupção", parece um mantra quase religioso para a maioria da população: Brasil está quebrado, mas lá fora as coisas são simplesmente ótimas. A retomada da migração de brasileiros para o exterior parece comprovar a tese.

Quando estou cansado respondo "ah, aqui é legal também". Mas nos raros momentos em que estou bem humorado e suficientemente cafeinado, tenho uma resposta pronta que muitas vezes até consegue rachar a certeza do interlocutor: 

Olha, o Brasil tem um problema com corrupção, sim. Lava Jato, Cabral, Cunha, grandes e pequenos roubos aqui e ali, sem dúvidas. E isso atinge a vida de todo brasileiro. Mas os Estados Unidos é ainda mais corrupto, com um impacto ainda mais nefasto na vida das pessoas e no mundo em geral — só que a corrupção lá tipicamente é mais sofisticada (e, por isso, mais eficaz).

No Brasil, a maioria dos grandes escândalos revelados recentemente têm mais ou menos o mesmo roteiro: faz um contrato superfaturado → Paga uma porcentagem em propina para o governante → Pronto! Lucro!

É um esquema muito óbvio que pode gerar milhões. Nos EUA, isso acontece também, mas o sistema não permite que seja uma regra, pois é preciso manter a aparência de legitimidade. Este mês faz 10 anos desde o início da crise financeira de 2008, ou, como eu chamo, o maior golpe na história do mundo. E foi montado e executado nos EUA. 

  1. Bancos pequenos ofereceram empréstimos habitacionais para pessoas que nunca dariam conta de pagá-los, sem nem verificar se as pessoas tinham renda.
  2. Os títulos desses empréstimos foram revendidos para bancos maiores que não verificavam sua qualidade.
  3. Depois, bancos grandes embalaram milhares destes títulos e criaram um novo tipo de produto bancário para investimentos, revendendo isso às pessoas.
  4. Eles pressionaram as agências de classificação de risco a dar uma nota boa aos produtos (ou perderíam os bancos como clientes).
  5. Com o selo de qualidade, revenderam os bolões de empréstimos de financiamento habitacional na bolsa como investimentos extremamente seguros.
  6. Os bancos acumularam centenas de bilhões com estes investimentos, mas assim que perceberam que o golpe estava chegando ao fim e a bolha ia estourar, correram para vender o que puderam a qualquer preço para qualquer azarado que ainda não soubesse que o jogo estava acabando (99% das pessoas).
  7. Assim, liquidaram uma grande quantidade desses bens tóxicos de suas contas e tinham seguro para garantir o resto. Terceirzaram criminosamente todo o prejuízo.
Mas não foi suficiente. Vários bancos e suas seguradoras entraram em crise. O primeiro banco a cair foi Lehman Brothers, o segundo foi Bear Sterns e o governo teve que entrar com bilhões para resgatar o resto e evitar o colapso da indústria inteira. 

Durante a fraude, todos os envolvidos no processo ganhavam comissões por cada transação, o que os incentivava a vender cada vez mais. Depois que a bomba estourou, descobrimos que muita gente sabia que ia dar merda, mas ninguém quis dar ouvidos, já que estavam ganhando rios de dinheiro na época. E essa bomba acabou tendo efeitos catastróficos, entre eles:

  • US$14 trilhões da economia mundial pegou fogo e *poof*, desapareceu
  • Corroeu 3.5% do PIB mundial
  • Gerou 34 milhões de desempregados mundialmente
  • Milhões de americanos perderam suas casas por não conseguir pagar o financiamento
  • O número de suicídios cresceu assustadoramente
  • Necessitou de trilhões em ajuda (bailouts) governamental 
  • Expandiu a desigualdade social
  • Provocou ou exacerbou rachas no tecido social e político de vários países
O custo total, na verdade, ainda é incalculável, mas tem gente que argumenta que esta crise mundial provocou a onda política anti-establishment mundial de que o Srs. Bolsonaro e Trump fazem parte e até causou o Brexit.

Mas uma coisa é clara: ninguém foi preso. Ninguém. A maioria dos principais banqueiros envolvidos sequer perderam seus empregos e seus colegas foram chamados para limpar a bagunça que fizeram da forma mais conveniente para eles. As raposas limparam o galinheiro.

Dez anos depois, ninguém teve que admitir culpa criminal; os bancos, juntos com a administração de Trump, estão correndo para desmontar as reformas mequetrefes feitas para prevenir a próxima crise; executivos continuam ganhando bônus absurdos; bancos continuam oferecendo empréstimos de qualidade duvidosa. Ninguém aprendeu nada.

Isso, meus amigos, é corrupção de primeira linha. Isso é corrupção legalizada, o tipo que mais rende. E o sistema americano é desenhado para facilitar e perpetuar esse tipo de golpe. É corrupção 2.0 (ou 3.0, perdi a conta já).

Brasileiros têm muita razão em ficarem indignados com desgovernança, pilantragem, canalhice etc. Compartilho o sentimento. Mas não se engane em acreditar que o Brasil está ganhando o campeonato da corrupção. Aliás, esta semana a Libéria anunciou que "perdeu" 5% do seu PIB (estão provavelmente nos bolsos de seus políticos). 

Tem corruptos em todo canto, para todos os gostos. A pergunta-chave é se, depois de serem desmascarados, o país e o sistema têm a força e vontade para punir e se reformar. Nos EUA, aparentemente, a resposta é não. Além disso, políticos como Trump conseguiram capitalizar o caos enquanto só pioram a situação. No Brasil, a corrupção também gerou seus candidatos de respostas fáceis, rápidas e violentas. A gente vai descobrir em algumas semanas se o povo acha que eles são a solução. Talvez é melhor você jair se acostumando…


Editor geral


Fonte: The Intercept Brasil, 22/09/2018


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