Somos 11,6 milhões de mulheres desajustadas
A frase do general Mourão – candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro – caiu quadrada nos ouvidos de uma parcela enorme da nação brasileira. Quando não pensou meia vez para dizer que famílias pobres “sem pai e avô, mas com mãe e avó” são “fábricas de desajustados” que fornecem mão de obra ao narcotráfico, o militar feriu com gravidade a verdadeira família tradicional brasileira: a de mulheres que criam filhos e netos sem a presença masculina. Para citar um exemplo pessoal, meu pai foi criado pela mãe e a avó. Ambas também foram criadas unicamente por suas mães e avós em locais muito carentes de tudo. Tenho seis gerações de familiares que, a julgar pelo critério do general, forneceriam matéria prima para o crime. Segundo dados do IBGE, na Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (PNAD), o número de mulheres que chefiam suas famílias sozinhas saltou de nove milhões para 11,6 milhões em quinze anos. Ou seja: de 2001 a 2015, houve um aumento de 20%.
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