"Beijos e mais Beijos" - Casimiro de Brito

Beijos e mais Beijos

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Ah como são pouco, tão poucos, todos os beijos do mundo.
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O beijo: duas bocas que são, ao mesmo tempo, dois sexos. O corpo amante encontra, durante o beijo, o máximo da sua intensidade: é o momento em que dois desejos se fundem e dialogam. É a fundação do amor sensual e, ao mesmo tempo, terno e um pouco guerreiro.
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Uma vida inteira para encontrar o feminino absoluto (não, não sei o que é) e parece que o encontrei numa mulher sem mamas. Uma mulher oriental. Ah mas como elas florescem num jardim circular, em volta dos mamilos, que beijo como se fosse uma abelha.
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Os sexos coroados por beijos, ou eram estrelas cadentes?
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“Apeteces-me cada vez mais. E bem desejava o teu abraço, agora. Amo-te todo, beijo-te à distância de um continente e, mesmo assim, me derreto. Vem voar comigo. E desde já te aviso, se não vieres meto-me no primeiro avião.”
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Quando partes beijo a sombra que deixaste.
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Jus osculli: o direito ao beijo, o direito ao coito, a que as romanas tinham. Competia-lhes abraçar, mal se levantassem, o primeiro homem da família que encontrassem, entre os seus parentes de sangue e os do seu marido. Defendiam-se, claro, de várias maneiras porque não sabiam quem lhes caberia em sorte.
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Quanto pesa um beijo?
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Pedes beijos. Pergunto-te se um não basta? “Só um?” Um só à volta do teu corpo como se fosse a teia de uma aranha muito amável e cheia de mel. Um beijo perfumado com um pouco de sal.

Casimiro de Brito