2000 postagens no blog
Hoje, este
blog apresenta a sua postagem 2000!!! Nascido não fez ainda três anos, ele tem
sido um repositório de inúmeros textos de renomados intelectuais. Suas rubricas
têm coberto uma diversidade de temáticas (Ciências Sociais, educação, mídia,
cultura, africanidades, filosofia, história, sociologia, antropologia,
geografia, saúde, poesia, cinema, pintura, escultura, dança, música,
fotografia, humor...). Com um crescente número de leitores, o blog tem sido
acessado numa vasta gama de países. Dos cerca de 80.000 acessos colocaremos
aqui apenas os 10 primeiros acessos por país:
Na postagem
2000 que curiosamente ocorre no dia 25 de abril, dia em que há exatamente
40 anos foi derrubado o fascismo em Portugal e que possibilitou o processo de
independência das colônias portuguesas em África (Angola, Cabo Verde, Guiné
Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), nada melhor do que fazer recordar um
dia histórico para todos estes países.
Nada melhor, repetiria, do que trazer a
celebração dessa data através da poesia da luso/moçambicana Maria Machamba:
Para Manuel Vicente, "Sr. Professor"
Se Abril se fez de cravo em riste,
Na senha e contra-senha
Das quarenta estrofes blindadas,
Se Abril é já um fado cansado,
Entre as armas e os barões assinalados
Por mares nunca dantes navegados,
Na congestão da paz, do pão, da educação,
Repita-se a canção morena, e que soe a toada:
Amar Portugal.
Porque se Abril se fez de alma ao peito,
Como vai a alma tão cheia do progresso,
E o peito ecónomo ao léu?
Decrete-se então por maioria qualificada ser eterno o Abril,
Recicle-se o lixo, a vaidade.
Mas só se valer a pena.
Senão, vete-se, vete-se,
O mês infame.
Vá lá ver da constitucionalidade,
De tomar imposto à liberdade.
E, não na avenida, beco ou ruela,
Faça-se Abril, de verdade.
Se Abril se fez de arma ao colo,
Entre o trapézio e o trapezista
Haja malabarismos
Que tenham sonhos de artista: viver em Portugal.
É por estar Abril exilada,
Que nasceram pips e rebites de racionalidade e fomento,
Mas a proficiência é estéril de pessoas.
Se tantos partem e poucos esperam,
Já não há adeus,
Danem-se as despedidas,
Já passamos depois do adeus.
Somos só nós, só nós, só nós, somos sós nós.
Se neste país não há crianças, não há emprego, não há crianças,
O que falta quebrar da promessa de Abril?
Mas...
Se já houve mil sois em Abril
E apenas quarenta as noites,
Sejamos nós o Abril, todos os dias.
Haverá Abril, ainda Abril.
Maria Machamba
Se Abril se fez de cravo em riste,
Na senha e contra-senha
Das quarenta estrofes blindadas,
Se Abril é já um fado cansado,
Entre as armas e os barões assinalados
Por mares nunca dantes navegados,
Na congestão da paz, do pão, da educação,
Repita-se a canção morena, e que soe a toada:
Amar Portugal.
Porque se Abril se fez de alma ao peito,
Como vai a alma tão cheia do progresso,
E o peito ecónomo ao léu?
Decrete-se então por maioria qualificada ser eterno o Abril,
Recicle-se o lixo, a vaidade.
Mas só se valer a pena.
Senão, vete-se, vete-se,
O mês infame.
Vá lá ver da constitucionalidade,
De tomar imposto à liberdade.
E, não na avenida, beco ou ruela,
Faça-se Abril, de verdade.
Se Abril se fez de arma ao colo,
Entre o trapézio e o trapezista
Haja malabarismos
Que tenham sonhos de artista: viver em Portugal.
É por estar Abril exilada,
Que nasceram pips e rebites de racionalidade e fomento,
Mas a proficiência é estéril de pessoas.
Se tantos partem e poucos esperam,
Já não há adeus,
Danem-se as despedidas,
Já passamos depois do adeus.
Somos só nós, só nós, só nós, somos sós nós.
Se neste país não há crianças, não há emprego, não há crianças,
O que falta quebrar da promessa de Abril?
Mas...
Se já houve mil sois em Abril
E apenas quarenta as noites,
Sejamos nós o Abril, todos os dias.
Haverá Abril, ainda Abril.
Maria Machamba
1 comentários:
E se o povo não decreta, cantará sempre e uma vez mais a canção morena. Que haja paz, pão, saúde e habitação, porque o povo é quem mais ordena!
Belo poema, emocionada evocação!
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