sábado, 8 de fevereiro de 2014

Mais do que um beijo gay

Divulgação
A Rede Globo finalmente liberou o beijo gay. A afirmação soa estranha, pois pode sugerir que uma emissora de televisão tenha poder para arbitrar a subjetividade, os afetos, o desejo, o que é circunscrito à esfera do particular, do pessoal. Óbvio que não. Cada um sabe de si. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, escreveu Caetano. Diria mais: muitos sabem das agruras para se enfrentar a sordidez da vida, o preconceito, a intolerância, o olhar censor, o não acolhimento, a chacota, o desprezo, a agressão – seja simbólica, seja na carne golpeada, na pele rasgada, no hematoma contabilizado como violência urbana pelo discurso de recusa à concretude da homofobia. Mas a Globo exibiu dois homens se beijando no dia 31 de janeiro, e isso não é pouca coisa, pois cada um sabe das dores de se constituir e viver nestes tempos em que persiste a intolerância. Portanto, cada vez mais, segue o debate.
Enfim: veio o beijo no epílogo da novela Amor à vida, de Walcyr Carrasco. Na discussão momentaneamente sem fim das redes sociais, alguns tentaram esvaziar a importância do feito, pois se trataria de oportunismo da Globo, de estratégia para conquistar audiência polpuda. A desqualificação sustentava-se ainda no fato de que o gesto provém de emissora cuja programação costuma expor gays estigmatizados, caricatos ou atormentados – ressalvando-se que traços afeminados não devem ser tratados como negativos, pois não existe problema nisso. Havia mais críticas, muitas procedentes, mas arrisco propor que, neste momento, isso tudo não se impõe.
Para ler o texto completo  de Vitor Necchi clique aqui

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