Marx depois do marxismo
Nem só livros isolados têm o seu destino, mas também grandes teóricos. E sobretudo para os teóricos críticos vale o antigo adágio: "Quem é dado por morto, vive mais". Karl Marx já foi dado por morto mais de uma vez e sempre escapou por um fio da morte histórica e teórica. A razão é simples: a teoria de Marx só poderá morrer em paz junto com o seu objeto, o modo de produção capitalista. Enquanto esse sistema de um cinismo mundialmente objetivado não desaparecer da história, o espectro do comunismo continuará a rondar; e a teoria de Marx, com sua análise até hoje insuperada da lógica capitalista e de suas leis funcionais, forneceu um dia os elementos básicos de uma crítica à qual essa forma de sociedade é um desafio renovado. Talvez no futuro próximo o mundo se surpreenda novamente com um indesejável renascimento do tantas vezes satanizado "profeta" barbudo da crítica radical do capitalismo. A favor dessa suposição pesa o fato de que o capitalismo fracassou estrondosamente em dar às regiões economicamente arruinadas de sua periferia uma nova perspectiva civilizadora. E tampouco é só a expectativa de uma possível crise alarmante dos mercados financeiros que poderia recolocar Marx na ordem do dia da história. Mesmo se o capitalismo do tipo "shareholder value" perdurar ainda por algum tempo, o sistema capengante, em sua singeleza econômica, já carrega involuntariamente dentro de si uma outra e perigosa substância inflamável, o bocejante tédio intelectual.
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