segunda-feira, 18 de abril de 2022

"Desencanto" - Manuel Bandeira

 




Desencanto

 

 

 

 

 



Eu faço versos como quem chora


De desalento...de desencanto...


Fecha o meu livro, se por agora


Não tens motivo nenhum de pranto.





Meu verso é sangue. Volúpia ardente...


Tristeza esparsa... remorso vão...


Dói-me nas veias. Amargo e quente,


Cai gota a gota, do coração.





E nestes versos de angústia rouca,


Assim dos lábios a vida corre,


Deixando um acre sabor na boca.





Eu faço versos como quem morre.



 

 

 

Manuel Bandeira

 

 



 

 

 


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