O paraíso na outra esquina
“Não há liberdade sem liberdade de pensar. O meu direito ao conhecimento é superior às leis que privatizam o que é de todos”, dizia-me um hacker alemão, sobre a questão da propriedade intelectual, num cenário revelador: computadores empilhados. Canibalizados. Esventrados. Salvo do massacre das máquinas estava um velho Apple Lisa, de 1983. OKaos Komputer Klub é uma organização de hacktivistas que tem sede em Kreuzberg, o bairro de que eu mais gosto do lado ocidental de Berlim: boêmia, imigração e ativismo misturados. A história está escrita nas paredes. As pinturas da resistência curda confundem-se com palavras de ordem dos autonomistas. Nas ruas de Kreuzberg estão ainda as pichagens, datadas do final dos anos 70, protestos contra o assassinato na prisão de Ulrike Meinhof e Andreas Baader, da Facção do Exército Vermelho.
À saída do KKK vemos passar um grupo de autonomistas vestidos de preto. Um amigo diz-me que o problema deles é que não querem mudar a Alemanha mas aprender espanhol para ir para a América Latina. Acham que é “lá” que “as coisas vão acontecer”. Distraído com a “movida” do bairro onde se cruza gente de lenço islâmico com punks de crista verde, no mais puro estilo Bilal, pergunto: “Acontecer o quê?” “A revolução”, garante-me, divertido.
Para ler o texto completo de Nuno Ramos de Almeida clique aqui
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