sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Em Riocorrente, o niilismo e seu oposto

140731-Riocorrente

Paulo Sacramento, estreante no cinema de ficção (ele dirigiu o documentário O prisioneiro da grade de ferro), conseguiu um feito notável em Riocorrente: espalhar a centelha da provocação, no sentido mais radical da palavra, tanto na forma quanto no conteúdo. A verdade é que saímos desorientados depois de assistir o filme, um pouco anestesiados, um pouco perdidos, como se fosse impossível iluminar um farol de luz no meio dos escombros. Mas, aos poucos, como de costume, voltamos à vida real, a anestesia diminui quando de repente nos deparamos com o seguinte paradoxo: a realidade fora do filme é a mesma realidade do filme. A sensação não poderia ser diferente, duríssima, sufocante, como se tivéssemos eternamente sob uma “jaula de ferro”, como diria o sociólogo Max Weber, ou no interior do quadro O grito, de Edvard Münch, ou num sonho kafkiano.
Pesadelos à parte, essa aflição ganha potencialidade especialmente quando o filme é assistido em São Paulo, já que a cidade não é apenas um espaço contingente da trama, mas um personagem tão protagonista quanto Renata, Marcelo, Carlos e Exu. Todavia,Riocorrente não almeja oferecer descrições, flashes de lugares e cenas da cidadedesvairada, mas expor a paranoia social contemporânea dos espectros que rondam homens subterrâneos da cidade paulistana. São personagens sem prumo. “A agonia dos que sobrevivem em São Paulo em meio às honras e covardias”, como invocam os Racionais MC’s na letra Negro Drama.
Para ler o texto completo de Deni Rubbo clique aqui

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP