De Varsóvia a Gaza
Sempre me
senti constrangido para criticar Israel devido ao fato de ter nascido na
Alemanha e ser filho de um soldado da Vermacht (o exército alemão) morto na
Segunda Guerra. Passei minha infância tentando entender o nazismo e como aquilo
podia ter acontecido num país civilizado como a Alemanha, onde os judeus
participavam ativamente da cultura e a condição de judeu era uma religião
herdada (não muito seguida pela maioria secularizada). Os judeus alemães faziam
parte inseparável e preciosa da cultura germânica.
Embora nunca
tenha sido cidadão alemão (não sou “ariano” o suficiente), nasci na Alemanha
nazista, sob um regime no qual minha mãe teve que provar a Gestapo que não
tinha ascendentes judeus até a quinta geração e sujeita a medidas
antropomórficas dos “especialistas” em “raça” para determinar se não tinha
características semitas.
Ou não
funcionou ou os “especialistas” nessa “ciência” se enganaram, mas se houvesse a
menor suspeita de judaísmo eu teria acabado num forno antes mesmo de nascer,
condenado desde o óvulo e o espermatozóide, nessa singularidade diabólica que
caracteriza e diferencia o nazismo de todos os demais totalitarismos, como o
mal absoluto. Passei muito tempo olhando para os alemães com idade acima de 18
anos durante a Segunda Guerra para me perguntar sempre o que eu e o que eles
teriam feito. Muita gente acha que sou judeu e não teria o menor problema ou
preconceito em sê-lo, mas se considerar o preço que teria que pagar se o fosse,
foi melhor para mim que os nazistas considerassem minha mãe aceitável, embora
não de “raça pura”. Para ler o texto completo de Fritz Utzeri clique aqui
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