domingo, 31 de agosto de 2014

Eleições: Metade da internet não quer entender o que lê. E a outra...


É fácil escrever o que o senso comum deglute com facilidade e que está guardado nos instintos mais animais que não abandonamos nem com milhares de anos de convivência.
Coisas do tipo: “Mata a vadia, mata!''
Difícil mesmo é redigir algo com a certeza absoluta de que apenas uma minoria vai ler até o final, embutindo uma provocação que gere uma reflexão ao final.
Em um assunto considerado polêmico, boa parte das pessoas passa o olho de forma transversal em um texto, capta algumas palavras como “direitos humanos”/ “traficantes”/ “Estado” / “maioridade penal” / “aborto” / “evangélico” / “casamento gay'' / “Palmeiras” e sem nenhuma intenção de expor ideias ou debater, pinça um capítulo de sua Cartilha Pessoal de Asneiras e posta como comentário.
Para ler o texto completo de Leonardo Sakamoto clique aqui

"All Of Me" - John Legend & Lindsey Stirling


Para ver a interpretação de "All Of Me" nas vozes de John Legend & Lindsey Stirling clique aqui

Sexo como arma

Ilustração: Lumi Mae

A questão da semana é o caso do internauta que tem uma namorada que o excita, deixa-o louco de tesão e, de repente, interrompe tudo com qualquer desculpa.
O psicoterapeuta e escritor José Ângelo Gaiarsa resume, em um dos seus livros, a perspectiva do real prazer sexual quando afirma que só seremos sexualmente satisfeitos no dia que pudermos ter relações sexuais quando tivermos vontade, com quem tivermos vontade, do modo que for melhor para mim e para o parceiro (a).
Observamos que cada vez um número maior de pessoas busca o prazer através de relações sexuais mais livres, respeitando o próprio desejo e o modo mais satisfatório para os envolvidos. Entretanto, como antigamente, ainda encontrarmos mulheres que usam seu sexo para conseguir alguma coisa do homem.
Para ler o texto completo de Regina Navarro Lins clique aqui

"Preparativos de viagem" - Nuno Júdice


Preparativos de viagem

Ao fazer a mala, tenho de pensar em tudo o que lá
vou meter para não me esquecer de nada. Vou ao
dicionário e tiro as palavras que me servirão
de passaporte: o equador, uma linha
de horizonte, a altitude e a latitude,
um lugar de passageiro insistente. Dizem-me
que não preciso de mais nada; mas continuo
a encher a mala. Um pôr-do-sol para que
a noite não caia tão depressa, o toque dos teus
cabelos para que a minha mão os não esqueça,
e aquele pássaro num jardim que nasceu
nas traseiras da casa, e canta sem saber
porquê. E outras coisas que poderiam
parecer inúteis, mas de que vou precisar: uma frase
indecisa a meio da noite, a constelação
dos teus olhos quando os abres, e algumas
folhas de papel onde irei escrever o que a tua ausência
me vem ditar. E se me disserem que tenho
excesso de peso, deixarei tudo isto em terra,
e ficarei só com a tua imagem, a estrela
de um sorriso triste, e o eco melancólico
de um adeus.


Nuno Júdice

Magia ao luar e o amor como síntese

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Dizer que Magia ao luar é entretenimento inteligente é dizer pouco. Trata-se do filme mais engenhoso e “redondo” de Woody Allen em muitos anos. Mais que isso: sintetiza à perfeição suas reflexões de maturidade a respeito da vida e seus mistérios insolúveis. Tudo isso com a leveza e o savoir-faire dos melhores momentos do diretor.
Numa narrativa em que tudo gira em torno do engano e do autoengano, a trama é, ela própria, enganosamente simples: Stanley (Colin Firth), um célebre mágico inglês que atua sob o nome artístico de Wei Ling Soo, é incitado por um velho colega de profissão (Simon McBurney) a desmascarar uma jovem médium norte-americana, Sophie (Emma Stone), que está causando furor na Europa. A ação se passa em 1928 no sul da França, onde Sophie está prestes a ficar noiva de um rapaz milionário (Hamish Linklater).
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Europa: agora, todos são Berlusconi

Italian outgoing PM Silvio Berlusconi gestures while opening Letizia Moratti's electoral campign in Milan

A Europa está doente. Nem sempre é fácil determinar o grau de gravidade e o motivo dessa doença. Mas existem três sintomas claramente visíveis e relacionados entre si. O primeiro, e mais conhecido, é a tendência de degeneração da democracia em todo o continente, da qual a estrutura da União Europeia é ao mesmo tempo causa e consequência.
O caráter oligárquico do arranjo constitucional do bloco, inicialmente concebido como uma etapa provisória para a soberania popular em escala supranacional, vem se tornando mais rígido com o passar do tempo. Referendos são invalidados com frequência, quando contrariam a vontade dos governantes. Eleitores rejeitam o Parlamento Europeu que nominalmente os representa, e o comparecimento às urnas diminui a cada eleição. Burocratas que nunca foram eleitos policiam os orçamentos aprovados nos Legislativos nacionais, que perderam até mesmo o poder de gastar.
Para ler o texto completo de Perry Andersen clique aqui

Boulos: o porquê da Reforma Política

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Se há um tema que não sai da pauta nacional é a corrupção. Escândalos se sucedem e bodes expiatórios são criados um após outro para acalmar os ânimos. A mídia denuncia, o público pede cabeças e vez ou outra alguma vai para a guilhotina. Nesse circo contínuo se alimenta a descrença do povo na política institucional.
Descrença, é verdade, que tem bases legítimas na história e no caráter do Estado brasileiro. Mas o viés que tem assumido leva a caminhos perigosos. “Militares no poder!”, “Varre vassourinha!”, “Vamos acabar com essa desordem!”. O discurso que tem se fortalecido é o da direita. Não se pode nunca esquecer que a Marcha da Família com Deus, que preparou o golpe militar de 64, tinha o combate à corrupção como lema.
Isso porque a roda das denúncias midiáticas gira em falso. A corrupção é mostrada no varejo, mas pouco se fala do atacado. A estrutura carcomida do sistema político brasileiro não entra em questão. Acreditar que o vereador ou o deputado que recebe propina é o grande agente da corrupção beira o ridículo. São apenas os varejistas, atores coadjuvantes do processo.
Para ler o texto completo de Guilherme Boulos clique aqui

sábado, 30 de agosto de 2014

Pai criativo tira fotos divertidas a suas três filhas

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Para ver as fotos divertidas que um pai criativo tirou a suas três filhas clique aqui

"Aprendi..." - Paulo César Pinheiro


"Aprendi que o amor não se acorrenta,
quando é solto o amor aumenta,
que é pra caber na imensidão
Tem que ser amor pra que dê certo,
como pássaro liberto,
só pousado em sua mão
Que o amor ninguém isola,
não é ave de gaiola,
só nas cordas da viola
que se prende um coração."

Paulo César Pinheiro
 

"Aleluia", do Oratório O Messias - Händel


Poucas obras da música europeia são tão conhecidas como “Aleluia”, do Oratório O Messias, de compositor alemão/britânico Georg Händel. Definitivamente é belíssima. Sua arquitetura musical é extraordinária, e a sua melodia maravilhosa se tornou mais conhecida que o mais popular dos cantos populares. É, em sentido estrito, uma espetacular criação de um gênio musical. Isso explica que tenha perdurado através do tempo, e seja hoje um ícone da cultura universal.
Para escutar esta peça musical preciosa interpretada pelo Coro Tabernáculo Mormon e pela Orquestra Temple Square clique aqui

Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil


O objetivo deste artigo é apresentar algumas tendências presentes no mundo do trabalho no Brasil recente. Se até a década de 1980, por exemplo, era relativamente pequeno o número de trabalhadores terceirizados, nas décadas seguintes houve um aumento significativo, resultado do forte processo de reestruturação produtiva e das mudanças no espaço da organização sociotécnica do trabalho. Pretendemos indicar, em seguida, um desenho de três setores que cumprem papel de destaque no capitalismo brasileiro: a indústria automobilística, a agroindústria e o telemarketing e call center. Assim, esperamos indicar alguns traços constitutivos da nova morfologia do trabalho no Brasil.
Para ler o texto completo de Ricardo Antunes clique aqui

Para que serve a literatura?


A arte em geral e a literatura em particular não servem para nada? São atividades cuja grandeza reside nessa sublime “inutilidade”? A fruição de uma pintura, de um poema, de uma obra de arte é apenas isso: fruição?
No entanto, o prazer que sentimos na leitura de um conto, de um romance, de uma crônica é um prazer interessante e interessado. O prazer estético que a literatura proporciona nos torna mais atentos às dores e aos odores da vida. Kafka dizia que um livro deve ser como “martelo que rompa a espessa camada de gelo” sob a qual nos escondemos.

Afinal, para que serve a literatura? Para que escrever um texto, brincar com as palavras, conceber imagens, metáforas? Para que criar diálogos entre seres inventados, descrever mundos paralelos, fazer jorrar e enxugar lágrimas invisíveis? O professor francês Antoine Compagnon tem uma resposta simples e impactante: “quando começamos a ler uma narrativa ou um poema corremos o risco de nos tornar diferentes do que éramos antes dessa leitura”. A literatura nos transforma.
Para ler o texto completo de Gabriel Perissé clique aqui

Por um fio


As últimas décadas foram assombradas por uma constatação dos anos 1990 da Organização Mundial da Saúde (OMS): o estresse é uma “epidemia” global. Estranhamente, porém, não se estava diante de uma doença, mas de um quadro de desequilíbrio complexo, indutor de males físicos e mentais. No século 21, vieram outras constatações desconcertantes. Sem que a sociedade percebesse, o estresse havia rompido os limites da faixa etária de maior risco (adultos jovens e de meia-idade). Entravam na roda-viva da epidemia também os idosos e, para espanto de muitos, até mesmo crianças e adolescentes. Assim, ajudar pais, professores e médicos a reconhecerem o fenômeno na faixa mais jovem da população tornou-se uma questão de saúde pública em poucos anos. Seria mais um modismo?
Longe disso, explicam especialistas. A necessidade não nasceu na teoria, mas na prática médica, psiquiátrica e psicológica: os consultórios passaram a receber uma clientela numerosa de crianças e jovens que apresentam males físicos, mentais e comportamentais associados ao estresse. “É algo que vem crescendo muito”, conta Quézia Bombonato, presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia. “Em parte, isso é resultado do aumento da consciên­cia das necessidades da criança e do adolescente. Mas em maior medida decorre da explosão de jovens com sintomas e doenças pouco usuais no passado. Há 30 anos, havia poucos relatos de crianças e adolescentes com úlceras pépticas, por exemplo, ou com quadros de depressão. Mas hoje isso se tornou comum”, explica.
Para ler o texto completo de Liliana Pinheiro clique aqui

Como Gaza resistiu ao massacre

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Tenho reportado de Gaza continuamente. Em meio à torrente de civis mortos e feridos que passam por mim, transportados em carrinhos de mão, as pessoas que gesticulam freneticamente na minha cara e as noites passadas em uma cidade às escuras, sob bombardeio, cheguei a uma conclusão que não esperava: Gaza “funciona”.
Quero dizer que, se lhe fossem dados os recursos, conexões com o mundo exterior e tempo, esta minúscula entidade política poderia funcionar normalmente. Com sua areia macia, céu e mar azuis, poderia até mesmo tornar-se um destino turístico. Já tem um grupo enorme de gente treinada e instruída – infelizmente, porém, a maioria dos seus especialistas são cirurgiões de trauma. Na situação atual, os hotéis ao longo da praia na Cidade de Gaza mantêm-se desertos. Seus garçons, envergonhados, lutam para fazer café numa chama de fogareiro. Os pescadores do porto avançam em canoas por uns vinte metros, talvez, enquanto as hostilidades continuam, e em barcos a motor a cem metros, durante os esporádicos cessar-fogos.
Para ler o texto completo de Paul Mason clique aqui

Filmes baseados em contos de Julio Cortázar


Leia a seleção de alguns dos mais importantes filmes inspirados em obras do escritor argentino Julio Cortázar clicando aqui

Racismo contra Aranha: quando os estádios vão sair do século 19?


Sou santista fanático, mas a vitória ​do meu time ​por 2 a 0 sobre o Grêmio nesta quinta-feira (28/08), pela Copa do Brasil, foi uma das mais amargas que já assisti. Fundamental para as pretensões do Santos na atual temporada, de ao menos se classificar para a Copa Libertadores da América de 2015, o triunfo em Porto Alegre foi ofuscado pelas ofensas racistas ao goleiro Aranha. “Macaco” e “preto fedido” foram algumas das expressões gritadas por uma parcela da torcida gremista ao atleta.
Após a partida, jogadores, técnicos, dirigentes e comentaristas esportivos analisa​ram o caso. “Isso não é exclusividade do Brasil, também acontece na Europa.” Sim, casos de racismo em campos de futebol têm acontecido em todo o mundo. Na Itália, na Espanha, na Rússia...
Para ler o texto completo de Vitor Sion clique aqui

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Um hino à alegria, um hino à vida!


Para ver o vídeo com belas imagens e ao som da "Ode à Alegria" de Beethoven clique aqui

O silêncio decoroso está destruindo a Universidade de São Paulo


Há poucos dias o Departamento de Filosofia da USP divulgou uma nota, sem data, intitulada “Manifestação de professores do Departamento de Filosofia à comunidade universitária”. Disponível na íntegra no site do DF, a manifestação é assinada por 24 docentes, o que representa dois terços do quadro de docentes do DF na ativa.
A manifestação é longa. Por isso, os comentários que decidi escrever e divulgar são igualmente longos. Desnecessário dizer que tais considerações são de caráter individual.
Antes de mais nada, considero bastante positivo que os signatários da nota afirmem seu entendimento de que “greves são instrumentos legítimos de pressão e luta” e que “algumas [das greves anteriormente deflagradas na FFLCH] foram movidas por razões justas e obtiveram resultados importantes e benéficos”. A nota chega a dizer “não [ser] senão natural que, [nas atuais] circunstâncias, se deflagre uma greve”.
Para ler o texto completo de Antonio David clique aqui

10 mulheres revolucionárias


Todo mundo conhece os grandes revolucionários da história, como Che Guevara, mas a contribuição de mulheres em revoluções costuma ser sempre diminuída, quando não totalmente apagada. Certamente, muitas mulheres lutaram e morreram por um mundo melhor e também existem aquelas que foram protagonistas em vários movimentos. Algumas pegaram em armas, outras usaram a força das palavras, mas todas lutaram por algo em que acreditavam.
Para conhecer o perfil dessas dez mulheres revolucionárias clique aqui

Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen


Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo.
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Sophia de Mello Breyner Andresen

 


Gisela João - "Meu Amigo Está Longe"


Para ver a interpretação de "Meu Amigo Está Longe" na voz da fadista portuguesa Gisela João clique aqui 

«A língua portuguesa usa capulana»: provavelmente a última entrevista de Eduardo White


Em Malhangalene (bairro de Maputo) todos conheciam “o White”. Aquele homem alto que tinha que curvar-se para entrar na porta baixa do seu bar favorito ao final da tarde, aquele homem branco que se dizia “pardo mestiço”, filho de mãe portuguesa e pai de descendência inglesa, bisneto de uma negra “grande e analfabeta”1, aquele “poeta do povo” que, logo após o pôr-do-sol, tomava um whisky ou dois nas barracas do jardim da Malhangalene, mais conhecido como “o Pulmão”, entre a Rua da Resistência e a Rua do Padre André.
Eduardo White (1963, Quelimane, 2014, Maputo) adorava conversar com a gente do bairro, gente que se cruzava nesse pequeno parque poeirento e nessas barraquinhas ao pé das quais uma senhora costuma vender bagias por um metical a unidade, e onde me vendiam, à pesquisadora alemã, o galão de água às vezes por 60, às vezes por 70, dependendo da minha capacidade de disfarçar a condição de estrangeira. A partir das seis horas da tarde o Pulmão, mal iluminado, com cheiro a verdura podre, lixo e mijo, transforma-se em lugar de encontro para as pessoas do bairro. Carros estacionados com música em alto volume, homens iniciam conversas etílicas enquanto os alunos da Escola São Vicente de Paulo entram para o turno da noite. No lusco-fusco encontram-se pessoas tão desiguais como uma jovem advogada do Ministério da Justiça que faz companhia à sua amiga dona do bar, um professor da primária desempregado há muito porque o Estado não tem como pagar os salários, uma mãe de dois filhos que vai fazer o seu exame do ensino secundário daqui a pouco, um madgerman que deixou um filho na Alemanha e trabalha como taxista, um moçambicano que viveu a vida inteira em Portugal e agora voltou e apaixonou-se, uma jovem curandeira que me contou da sua trajetória espiritual, não sem antes pedir autorização à mais velha, um polícia e às vezes um funcionário do Ministério da Juventude e Desporto que aproveitam para cumprimentar o povo. 
Para ler a entrevista de Eduardo White clique aqui
Leia outra entrevista de Eduardo White "O poeta que atirou 'o Pau ao Pato'" clicando aqui

Agamben: O pensamento é a coragem do desespero

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Nascido em Roma em 1942, Giorgio Agamben tem uma trajetória peculiar. Nos anos de formação, o jovem estudante de Direito andava com artistas e intelectuais agrupados em torno da autora Elsa Morante. Uma Dolce Vita? Um momento de amizades intensas, em todo caso. Giorgio Agamben apareceu como o apóstolo Filipe emO Evangelho segundo são Mateus (1964) de Pier Paolo Pasolini. Pouco a pouco, o jurista virou-se para a filosofia, após um seminário de Heidegger em Thor-en-Provence. Então ele lançou-se sobre a edição das obras de Walter Benjamin, um pensador que nunca esteve longe de seu pensamento, bem como Guy Debord e Michel Foucault. Giorgio Agamben tornou-se, assim, familiarizado com um sentido messiânico da História, uma crítica à sociedade do espetáculo, e uma resistência ao biopoder, o controle que as autoridades exercem sobre a vida – mais propriamente dos corpos dos cidadãos. Poético, tal como político, seu pensamento escava as camadas em busca de evidências arqueológicas, fazendo o seu caminho de volta através do turbilhão do tempo, até as origens das palavras. Autor de uma série de obras reunidas sob o título latino Homo sacer, Agamben percorre a terra da lei, da religião e da literatura, mas agora se recusa a ir… para os Estados Unidos, para evitar ser submetido a seus controles biométricos. Em oposição a essa redução de um homem aos seus dados biológicos, Agamben propõe uma exploração do campo de possibilidades. Nesta entrevista a Juliette Cerf em Trastevere, o filósofo italiano contesta quem o vê como pessimista, cita Marx e sustenta: “condições desesperadoras da sociedade em que vivo me enchem de esperança”.
Confira a entrevista de Giorgio Agamben clicando aqui

Pesquisa põe Brasil em topo de ranking de violência contra professores

Saída escola no Rio de Janeiro

Uma pesquisa global feita com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas.
Na enquete da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.
Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.
Para ler o texto completo de Daniela Fernandes clique aqui
Leia a entrevista de Cristovam Buarque com o título “Escola é violenta com aluno”, clicando aqui

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

FOTOGRAFIA: 37 razões para visitar a Islândia


Para entender as 37 razões para visitar a Islândia veja as fotos clicando aqui

"Poema para o fim de semana: o amor aos sessenta" - Alberto da Costa e Silva


Poema para o fim de semana: o amor aos sessenta

Isto que é o amor (como se o amor não fosse
esperar o relâmpago clarear o degredo):
ir-se por tempo abaixo como grama em colina,
preso a cada torrão de minuto e desejo.
Ser contigo, não sendo como as fases da lua,
como os ciclos de chuva ou a alternância dos ventos,
mas como numa rosa as pétalas fechadas,
como os olhos e as pálpebras ou a sombra dos remos
contra o casco do barco que se vai, sem avanço
e sem pressa de ausência, entre o mito e o beijo.
Ser assim quase eterno como o sonho e a roda
que se fecha no espaço deste sol às estrelas
e amar-te, sabendo que a velhice descobre
a mais bela beleza no teu rosto de jovem.

Alberto da Costa e Silva

Narradores de Javé


Para ver o filme "Narradores de Javé" clique aqui

"Dança da Solidão" - Marisa Monte e Paulinho da Viola


Para ver a interpretação da "Dança da Solidão" nas vozes de Marisa Monte e Paulinho da Viola clique aqui

O predomínio da economia divina


Trabalho espinhento para repórteres e editores, a cobertura eleitoral já se baseou mais no campo político, abordando temas como os conchavos de partidos. Agora, o que se observa no noticiário é o predomínio do debate econômico: que governo teve o melhor desempenho financeiro? Como ficou a balança comercial na gestão de x ou y? Que candidato administraria melhor as relações econômicas com outros países?
Faz algum tempo que o eixo da cobertura eleitoral nos jornais do país migrou do político para o econômico. É fácil entender o porquê: a economia, diferentemente do que se costuma pensar, não é simplesmente uma ciência exata, que trata de números e tabelas; ela, desde o seu conceito grego, de “administração da casa”, carrega traços típicos das ciências humanas. Logo, exerce uma influência gigantesca na esfera social, sobretudo em uma nação capitalista.
Para ler o texto completo de Jeferson Bertolini clique aqui

LEITURAS DE 'VEJA': O trovão que destrói o jornalismo


Na Alemanha, a negação do Holocausto dá cadeia. No Brasil, a negação da ditadura, ou o louvor à repressão, torturas e assassinatos políticos,não dá cadeia. Pelo contrário, garante espaço na revista semanal de maior tiragem do país. Rodrigo Constantino seria, em outra situação, o típico “reaça”a ser ignorado. Melhor seria deixá-lo se afogar em seu ódio enquanto fala para uma plateia de poucas centenas de pessoas em algum folheto de extrema-direita editado por viúvas da ditadura ou por grupelhos marginais ao estilo Carecas do ABC.
Mas, infelizmente, ele tem espaço garantido na Veja – não apenas ele,como outros da mesma fina estirpe – e pode destilar seu ódio sempre que quiser em busca de polêmicas fáceis na sua luta incansável contra o “politicamente correto”, muitas vezes traduzido por “direitos humanos”ou “direitos fundamentais”. É um direito fundamental não ser torturado. Mas para o nobre colunista e blogueiro liberal, as vítimas da tortura é que deviam se desculpar.
Miriam Leitão é uma jornalista que economicamente se coloca à direita do espectro político. Poderia mesmo ser chamada de liberal – em tese, a mesma ideologia professada por Constantino –, mas peca por seu passado “comunista” e por, em muitos casos, se mostrar socialmente progressista. Para a Veja, este deve ser algum tipo de crime. Após mais de 40 anos, a jornalista e economista Miriam Leitão tomou coragem e denunciou a bárbara tortura a que foi submetida pela ditadura militar. O relato é assustador, comovente e tudo que pede é solidariedade (ver “A repórter pergunta, o ministro gagueja“).
Para ler o texto completo de Raphael Tsavkko Garcia clique aqui

Centenário do nascimento de Julio Cortázar, o mestre do Fantástico


“Tenho orgulho de ter sido o primeiro a publicar um trabalho dele”, recordou Borges, que na época tinha 47 anos e já dera à estampa uma das suas obras maiores, “Ficciones”. “Lembro de um jovem alto que se apresentou no escritório e me entregou um manuscrito. Prometi que o iria ler, e ele regressou uma semana depois. O conto chamava-se 'Casa Tomada'. Disse-lhe que era excelente; a minha irmã Nora fez a ilustração”. Cortázar tinha 32 anos, escrevia desde criança, mas decidira só tornar público o seu trabalho quando achasse que o estilo já tinha atingido um nível aceitável.

“Devo ter pecado por vaidade, porque determinei uma espécie de teto, de nível muito alto, para começar a publicar, e tinha suficiente sentido autocrítico para ler o que ia escrevendo e dar-me conta de que estava abaixo”, explicaria Cortázar mais tarde.
Para ler o texto completo de Luís Leiria clique aqui

Crianças cada vez mais conectadas


Aos 9 anos de idade, Gabriel passa os finais de semana jogando ‘Minecraft’ enquanto conversa com seus amigos pelo Skype em chamadas de voz, “porque parar o jogo para digitar não daria certo”. Com 10 anos de idade, Emília conversa com as amigas no Facebook enquanto vê um filme pela Netflix. Também com 10 anos, Gustavo joga games de futebol pela internet a tarde toda com pessoas de diversas partes do mundo ou assiste a vídeos sobre jogos no YouTube, enquanto planeja criar seu próprio canal de vídeos para ganhar dinheiro.
Os três, assim como milhões de jovens no País, fazem parte de uma geração que já nasceu conectada e que usa cada vez mais plataformas para jogar e interagir com seus amigos. Segundo a pesquisa TIC Kids Online 2013, divulgada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) em julho, 79% dos jovens conectados à web entre 9 e 17 anos no Brasil estão em alguma rede social; em 2012, eram 70%.
Pelas suas atividades online, Gabriel, Emília e Gustavo, porém, podem ser considerados clandestinos digitais. Isso porque a maioria dos serviços que utilizam – incluindo redes de jogos como Minecraft e League of Legends – não são permitidos para menores de 13, 16 ou 18 anos (veja tabela abaixo), de acordo com suas condições de uso.
Para ler o texto completo de Bruno Capelas clique aqui

A saúde da leitura


A leitura deveria ser uma questão de saúde pública. Estudos realizados em vários países provaram que ela é um santo remédio para a cabeça: quem lê tende a chegar à velhice menos propenso à doença de Alzheimer. Outras pesquisas, feitas na Universidade Stanford, na Califórnia, mostraram que os neurônios envolvidos na leitura, quando exercitados com obras de ficção, como romances e contos, mantêm a aprendizagem intacta ao longo da vida. Livro significa musculação para os neurônios. Livro devorado, neurônio sarado. Além disso, os leitores assíduos apresentam maior confiança no relacionamento. O motivo é simples: o cérebro não distingue muito bem a literatura da realidade. Assim, mistura as tramas fictícias e os eventos verdadeiros enquanto absorve a diversidade de personagens, enredos e visões de mundo encontradas na literatura. Por fim, através do conhecimento adquirido, desenvolve a mente e o senso crítico. Uma curiosidade: a televisão não oferece esses benefícios. Ela entra por um olho e sai pelo outro. 
Para ler o texto completo de Luís Giffoni clique aqui

Universidade de São Paulo: A insustentável leviandade do Zago

14.08.25_Osvaldo Coggiola_Zago

A greve da USP (e da Unesp e Unicamp, excetuados os docentes da segunda), iniciada a 27 de maio, entrou no seu quarto mês, acrescida agora da decisão grevista dos estudantes de Medicina (FMUSP), que assim o decidiram em assembleia de 600 presentes, de todos os anos do curso. Agreve, método por de luta excelência da classe trabalhadora, se sobrepôs à intensa propaganda contrária veiculada institucionalmente (pela Reitoria), ao corte de ponto dos funcionários técnico-administrativos, às ameaças de diretorias e chefias, à repressão da Polícia Militar e à hostilidade declarada da grande imprensa (que usou para o movimento em curso os qualificativos de “grevismo”, “baderna”, “grevistas folclóricos” e outros semelhantes), hostilidade que se estendeu ao próprio caráter público da instituição (a USP estaria “contra o muro” – o paredão? – segundo ponderado editorial da Folha de S. Paulo), a mesma imprensa que cobra das universidades públicas padrões de Primeiro Mundo, enquanto se satisfaz com padrões de Quarto Mundo para si.
Para ler o texto completo de Osvaldo Coggiola clique aqui

Como a 'Guerra ao Terror' criou o grupo terrorista mais poderoso do mundo


Há elementos extraordinários na política atual dos Estados Unidos em relação ao Iraque e à Síria que estão atraindo uma atenção surpreendentemente baixa. No Iraque, os EUA estão perpetrando ataques aéreos e mandando conselheiros e treinadores para ajudarem a conter o avanço do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (mais conhecido como Estado Islâmico) na capital curda, Arbil. Os EUA presumidamente fariam o mesmo se o EI cercasse ou atacasse Bagdá. Mas, na Síria, a política de Washington é exatamente oposta: há muitos opositores do EI no governo sírio e curdos sírios em seus enclaves do norte. Ambos estão sendo atacados pelo EI, que já tomou cerca de um terço do país, incluindo a maior parte de suas instalações de óleo e gás.
Para ler o texto completo de Patrick Cockburn e TomDispatch clique aqui

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

FOTOGRAFIA: Ilusões surpreendentes de arte corporal

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Para ver as fotos que revelam ilusões surpreendentes de arte corporal clique aqui

"Festa" - Rui Knopfli


Festa

Quando romper a manhã…
Não,
nada de estandartes desfraldados,
bandeiras a baloiçar-se ao vento.
Nem gritos, nem manifestações,
nem meetings no bulício da praça.
Tão-pouco a embriaguez desvairada,
a louca conquista da rua.
Quando romper a manhã,
saibamos erguer a fronte
ao sol puro.
Em silêncio olhar de frente,
na curva do horizonte,
o novo sol-nascente.
Saibamos recolher-nos
e, por um longo momento,
pesar,
respirar,
captar as múltiplas vivências
da tranquila alegria
que irá brotar ininterrupta,
quando romper a manhã.

Rui Knopfli

Documentário "Janela da Alma"


O que o escritor José Saramago, o cineasta Wim Wenders, a atriz Marieta Severo e o músico Hermeto Pascoal têm em comum? Eles e mais quinze personalidades com problemas visuais, que vão da simples miopia à cegueira total, dão depoimentos revelando sua percepção do mundo no documentário “Janela da Alma”, de João Jardim e Walter Carvalho. O filme é composto de 19 depoimentos de pessoas com problemas visuais. A ideia surgiu da vivência do diretor João Jardim, que achava que o fato ter uma miopia muito grande teria influenciado em sua personalidade e até mesmo em sua vida.
Para ver o documentário clique aqui

"Try" - Colbie Callat


Para ver a interpretação de "Try" na voz de Colbie Callat clique no vídeo aqui

A politização sem dogmas do Teatro do Oprimido

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Entre os nomes de nossa dramaturgia, Augusto Boal (1931-2009) figura não apenas como autor e diretor, mas sobretudo como teórico da arte teatral. Aos 70 anos, declarou em entrevista considerar-se um exilado em seu próprio país, em virtude de seu trabalho ser mais conhecido no exterior do que entre nós – um homem cujo trabalho e trajetória muitos brasileiros só vieram a conhecer recentemente, depositário que somos do legado de estupidez deixado por aqueles que, de maneira diferenciada, censuraram, prenderam, torturaram e expulsaram do território e da memória do país pessoas como José Celso Martinez Corrêa, Mário Lago, Flávio Rangel, Ferreira Gullar, Plínio Marcos e o próprio criador do Teatro do Oprimido (citamos apenas alguns nomes, dos muitos inscritos na esfera teatral).
Para ler o texto completo de Ovídio Poli Junior clique aqui

O paraíso na outra esquina

Captura de tela de 2014-08-21 18:03:20

“Não há liberdade sem liberdade de pensar. O meu direito ao conhecimento é superior às leis que privatizam o que é de todos”, dizia-me um hacker alemão, sobre a questão da propriedade intelectual, num cenário revelador: computadores empilhados. Canibalizados. Esventrados. Salvo do massacre das máquinas estava um velho Apple Lisa, de 1983. OKaos Komputer Klub é uma organização de hacktivistas que tem sede em Kreuzberg, o bairro de que eu mais gosto do lado ocidental de Berlim: boêmia, imigração e ativismo misturados. A história está escrita nas paredes. As pinturas da resistência curda confundem-se com palavras de ordem dos autonomistas. Nas ruas de Kreuzberg estão ainda as pichagens, datadas do final dos anos 70, protestos contra o assassinato na prisão de Ulrike Meinhof e Andreas Baader, da Facção do Exército Vermelho.
À saída do KKK vemos passar um grupo de autonomistas vestidos de preto. Um amigo diz-me que o problema deles é que não querem mudar a Alemanha mas aprender espanhol para ir para a América Latina. Acham que é “lá” que “as coisas vão acontecer”. Distraído com a “movida” do bairro onde se cruza gente de lenço islâmico com punks de crista verde, no mais puro estilo Bilal, pergunto: “Acontecer o quê?” “A revolução”, garante-me, divertido.
Para ler o texto completo de Nuno Ramos de Almeida clique aqui

Comer ou apenas nutrir-se? Eis a questão

140822-Brueguel

A abordagem da alimentação na escola não deveria se limitar a cultivar hábitos saudáveis, numa visão que coloca o alimento como nutriente e a responsabilidade nos ombros do sujeito que come. A escola é o lugar das interações sociais, produtora de sentido (CARRANO, 2009) e instituição cultural (PÉREZ, 1999). Portanto, é necessário ampliar os olhares para o valor da Alimentação Escolar. Esta é uma poderosa ferramenta para matar a fome de conhecimento, renovando o entendimento sobre a relação com a comida, afim de engajar e transformar pessoas, comunidades e sociedades.
Desde 2009, a Lei de Alimentação Escolar (11.947) oficializa o olhar cultural sobre o comer e inclui a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) no processo de ensino-aprendizagem, que deve perpassar o currículo escolar. Essa política pública estimula o respeito às tradições alimentares e à preferência alimentar local saudável; o desenvolvimento biopsicossocial; e amplia a presença de outros profissionais na escola, com proposta interdisciplinar e intersetorial. Também determina que ao menos 30% dos alimentos comprados para a refeição escolar venham da agricultura familiar local, preferencialmente produzidos de forma agroecológica ou orgânica.
Para ler o texto completo de Juliana Dias clique aqui

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