Nós, que amamos tanto Fellini
Era improvável ocorrer algo de errado em Que estranho chamar-se Federico – Scola conta Fellini. Trata-se do novo filme de Ettore Scola, 82, um dos maiores cineastas italianos, que não filmava há mais de dez anos, mas definitivamente não se esqueceu de seu ofício. Pela peculiaridade da obra, do homenageado (Federico Fellini) e do homenageante, qualquer tentativa de chafurdar erros, equívocos, excessos, parecerá inútil e ingênuo. Por isso, nossa questão não diz respeito à qualidade do filme – se é “bom” ou “ruim” –, mas ao significado histórico dessas duas figuras canônicas do cinema italiano.
Antes de qualquer coisa, estamos diante de um filme que pede passagem para se sentar e evocar, com gentileza e doçura, emoções e memórias de duas trajetórias que se entrecruzaram na história social de seu país. Assim, não se trata apenas de uma (justa) homenagem a Fellini, mas de construiruma afinidade eletiva, profissional e afetiva que ligou diuturnamente dois mestres do cinema italiano.
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