O desejo anticapitalista de Pasolini
Cena de “Decameron”, 1971
Há exatos 40 anos, Pier Paolo Pasolini fazia publicar no jornal “Paese sera” uma carta aberta a Italo Calvino, que o havia criticado pelas suas posições políticas, linguísticas e estéticas relacionadas ao que seria uma espécie inocente de nostalgia do mundo pré-burguês. Tal nostalgia, para Calvino, impediria Pasolini de compreender a fundo o mundo que lhe era contemporâneo. Nesta famosa carta, Pasolini responde às críticas realizando, na verdade, uma súmula do seu pensamento apaixonadamente anticapitalista. Há ali a crítica ao consumismo, ao fascismo, à modernização homogeneizante das classes populares, à posição isolacionista dos intelectuais em relação ao povo. Tudo isso embalado pelo rancor com a perseguição que Pasolini sofreu por parte do conservadorismo da sociedade italiana. O texto, com isso, é dialeticamente datado e atualíssimo, pois nos ajuda a ver as raízes de um movimento global que atinge hoje feições paroxísticas.
Como forma de lembrar este grande escritor e a sua combatividade, apresento uma tradução livre [1] da referida carta, também com o objetivo de dar ao leitor brasileiro a oportunidade de sentir um pouco de saudade do empenho estético/político apaixonado de Pier Paolo Pasolini (1922-1975). (A.P.)
Para ler a carta de Pasolini a Ítalo Calvino clique aqui
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