Na morte de JOÃO UBALDO RIBEIRO: "Encaro com enorme tédio essa tal de literatura"

João Ubaldo procurava não se levar a sério e adorava retirar da escrita o peso (e o pó) dos salões literários, soltando-o na rua, no linguajar popular. Em 2011, numa entrevista colectiva na Festa Literária Internacional de Paraty, dizia aos jornalistas: “As pessoas acham que estou fazendo charme, mas vou te dizer uma coisa, não me considero um homem de letras. Encaro com enorme tédio essa tal de literatura”.

João Ubaldo Ribeiro morreu esta madrugada na sua casa do Leblon, no Rio de Janeiro, vítima de uma embolia pulmonar. Aos 73 anos de idade – 57 anos depois de se estrear como jornalista, 51 anos depois de publicar o primeiro livro, 43 anos depois de Sargento Getúlio, que lhe valeria reconhecimento popular e académico (“É um livro que está aí há uns 40 anos e até hoje é pub­li­cado. Então, em alguma coisa eu acertei”, palavras ditas em Paraty), 30 anos depois de Viva o Povo Brasileiro, a sua obra maior (o próprio lê um trecho aqui neste vídeo do Estadão), e 21 anos depois de ter assumido a cadeira número 34 da Academia Brasileira de Letras.

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