sábado, 12 de julho de 2014

Metamorfose contemporânea


Alguém certamente teria caluniado Franz Kafka – caso ele ainda fosse vivo –, pois uma manhã ele foi acusado sem ter feito mal algum. A estrutura da modernidade sobre a qual escrevia o autor há cerca de cem anos acabou por se refletir em páginas atuais, no mundo contemporâneo, em um estado de presença provavelmente parecido com o realista do século XX – tanto menos ou mais absurdo. A sentença a ser cumprida por Kafka, 90 anos após sua morte, é a de continuar sendo lido como o anunciante do novo século.
Ao lado de Marcel Proust e James Joyce, Franz Kafka foi um dos maiores autores do século passado. Imagético, expressionista e neurótico, escreveu  obras em um alemão límpido e protocolar diante da atmosfera pré-fascista que se estabelecia na Europa. Não havia espaço para discutir direitos humanos e a liberdade era, ao mesmo tempo que essencial e requisitada, frágil. Kafka nos mostra a partir de seus personagens, quase sempre subalternos a engrenagens autoritárias cujas ordens não conseguem compreender, uma realidade mecânica na qual prevalecem o automatismo raso, o medo e a perda de identidade. Humilhado e anônimo, resta ao heroi kafkiano o esforço de compactuar com esse universo onde viver é como arrastar-se sobre um pesadelo. A tentativa, no entanto, resulta na ilusão: frustrados e inadaptáveis, os personagens são incapazes de entrar em compromisso.
Para ler o texto completo de Gabriela Soutello clique aqui

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