Europa: o espectro da extrema-direita
Como o bom jornalismo, mesmo quando produzido com viés conservador, ajuda a enxergar os fatos e a interferir sobre seu desfecho. A revista inglesa Economist acaba de publicar um editorial e uma análise sobre uma das tendências políticas mais preocupantes da atualidade: o rápido crescimento, na maioria dos países da Europa, de partidos políticos de extrema-direita. Os textos revelam: tais agremiações podem conquistar até 10% das 751 cadeiras do próximo Parlamento Europeu, a ser eleito em maio. Mais: em nações com influência destacada sobre o continente e além dele — como Inglaterra, França e Holanda — a ultradireita pode ser majoritária, nesse pleito. Não se trata apenas de um fenômeno eleitoral. O estado de bem-estar social, que constituiu uma espécie de identidade comum europeia no pós-II Guerra, entrou em declínio agudo, com a crise econômica pós-2008. A esquerda não foi capaz, ainda, de apresentar uma alternativa. Diante do vazio, uma parcela considerável das populações busca refúgio em três atitudes: uma crítica difusa e desesperançada às instituições políticas, vistas como elitistas e corruptas; a nostalgia em relação a um passado comunitário ou nacional supostamente glorioso; e, em especial, o ressentimento — ou o ódio — em relação ao outro, em especial o não-europeu.
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