WISLAWA SZYMBORSKA: A poeta e a pedra
Quando o jornalista quis saber por que ela não publicou mais que 350 poemas ao longo de sua vida, Wisława Szymborska respondeu: “Eu tenho uma lixeira na minha casa.” E ainda: “Eu escrevo à noite. De dia, tenho o hábito irritante de reler o que escrevi para constatar que há coisas que não suportam sequer o teste de uma volta do globo.”
Esse gosto pela autoironia e pela desmitificação também deu a tônica de seu discurso quando da outorga do Prêmio Nobel de Literatura, em 1996. Após se referir aos filmes que tratam de grandes cientistas, músicos e pintores – que trabalham em espaços potencialmente cenográficos e cujos processos de criação têm uma carga dramática reconhecível –, Szymborska concluiria que o ofício do poeta, diferentemente, “não é nada fotogênico. Alguém senta à mesa ou num sofá e olha imóvel a parede, o teto. De vez em quando essa pessoa escreve sete linhas apenas para riscar uma delas quinze minutos depois, e depois mais uma hora se passa, durante a qual nada acontece... Quem poderia assistir a esse tipo de coisa?”.
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