domingo, 12 de janeiro de 2014

O financiamento bilionário dos céticos do clima

A investigação do sociólogo norte-americano Robert Brulle, citada esta quinta-feira no Le Monde, foi publicada na última edição da revista Climatic Change. Brulle tem estudado a fundo o que chama de "contramovimento sobre as alterações climáticas" nas últimas décadas e identificou 91 organizações com intervenção sistemática no espaço público no sentido de promover o ceticismo sobre as alterações climáticas e impedir mudanças políticas que as combatam.
Entre 2003 e 2010, este investigador calcula que tenham sido injetados 900 milhões de dólares (cerca de 650 milhões de euros) todos os anos por parte de 140 fundações filantrópicas conservadoras, incluindo muitas pertencentes às grandes famílias da indústria do petróleo, minas e do setor financeiro. Em primeiro plano, pelo menos até 2007, estavam as Fundações Koch e ExxonMobil. 
Mas a partir daí as contribuições públicas destas organizações encontram-se dissimuladas no Donors Trust e Donors Capital, duas entidades com a mesma morada que passaram a agrupar os donativos daquelas fundações para os redistribuir depois sem a mesma transparência. Do ponto de vista dos investigadores, estas duas entidades "são uma caixa negra" envolta em secretismo, mas Brulle calcula que representava em 2003 cerca de 3% do total de doações a este contramovimento, disparando em 2009 para cerca de 25% do total.
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