"Corpo Abolido" - Natália Correia
Corpo Abolido
Este homem que entre a
multidão
enternece por vezes
destacar
é sempre o mesmo aqui
ou no Japão
a diferença é ele
ignorar.
Muitos mortos foram
necessários
para formar seus
dentes um cabelo
vai movido por pés
involuntários
e endoidece ser eu a
percebê-lo.
Sentam-no à mesa de um
café
num andaime ou sob um
pinheiro
tanto faz desde que se
esqueça
que é homem à espera
que cresça
a árvore que dá
dinheiro.
Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que não é
dele
não tem mais que esse
frasco de vidro
para fechar a estrela
do norte.
E só o seu corpo
abolido
lhe pertence na hora
da morte.
Natália Correia
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