Wallerstein: o jogo geopolítico de Moscou e Pequim
Os governos, os políticos e a mídia do mundo “ocidental” parecem incapazes de compreender os jogos políticos representados por outros atores, em outros lugares. Sua análise do acordo recém-proclamado entre Rússia e China é um exemplo espantoso disso.
Em 16 de maio, Rússia e China comunicaram a assinatura de um “tratado de amizade” que duraria “para sempre”, mas que não era uma aliança militar. Simultaneamente, anunciaram uma negociação com gás, segundo a qual os dois países construirão um gasoduto para exportar o gás russo para a China. A China emprestará o dinheiro para construir sua parte do gasoduto. A Gazprom (maior produtora russa de gás e óleo) teria feito algumas concessões de preço à China, um assunto que há algum tempo impedia o acordo.
Os jornais de 15 de maio estavam cheia de artigos explicando por que tal acordo era improvável. Quando, no dia seguinte, o acordo aconteceu, os governos ocidentais, os políticos e meios de comunicação ficaram divididos entre os que pensavam ser uma vitória geopolítica do presidente russo, Vladimir Putin (e deploravam o fato), e aqueles argumentando que o acordo não faria muita diferença geopolítica.
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