LÍNGUA PORTUGUESA: A velhíssima mãe e os seus diferentes filhos
É sempre ingrato falar de algo tão usual como a língua, mas
talvez seja por muito falarmos dela, com euforia e sem tino, que a ela sempre
voltamos, como náufragos sem madeiros que nos valham num mar imenso. Vamos,
pois, à língua e aos seus futuros.
Mas
é impossível falar em futuro sem relembrar, ainda que brevemente, o passado. O
tempo do galego-português (ou galaico-português, se preferirem), nascido do
latim no ângulo noroeste da Península Ibérica, depois da presença romana
iniciada em 218 a.C. Outras invasões e conquistas trouxeram outros falares. E
se o latim escrito continuava como língua de cultura e transmissão de
conhecimento, o português nascido de uma das línguas peninsulares
(galego-português, castelhano e catalão; os bascos não haviam abraçado o latim
e assim se mantiveram) viu o seu vocabulário, latino e grego na origem,
enriquecer-se com palavras de origem germânica (menos) ou árabe (mais). O
Testamento de D. Afonso II, que está na origem da mais recente euforia
celebrativa, está datado de 27 de Junho de 1214 (faz agora exatamente 800 anos)
e é, a nível oficial, o mais antigo documento escrito em língua portuguesa de
que há registo. Mas o português não parou por aí, e às influências da
proximidade com o castelhano (que chegou a ser usado como segundo língua falada
e escrita, inclusive por Gil Vicente e Camões) veio depois a ser influenciado,
a partir do século XVIII, pela língua francesa. Gramática, Ortografia e
Lexicografia iam-se desenvolvendo desde o século XVI. E iam surgindo os dicionários
e vocabulários, com realce para os de Bluteau e de Morais e Silva (ambos
escritos e publicados já no séc. XVIII). Por onde andava o português falado, já
então?
0 comentários:
Postar um comentário