segunda-feira, 16 de junho de 2014

O ato de comer enquanto prática política


"Pensar que temos o direito de lutar por uma cidade, um estado, um país, um mundo em que a diversidade seja preservada, em detrimento da padronização imposta pela indústria agroalimentar; em que todos possam ter acesso ao alimento bom (sabor), limpo (sem poluir a saúde ou o ambiente) e justo (correta e dignamente remunerado a quem produz); em que, entre os parâmetros da Segurança Alimentar que buscamos construir, está o respeito à cultura alimentar dos distintos grupos... Para mim, isso é pensar o comer como ato político." A explicação foi dada pela antropóloga Renata Menasche em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.
De acordo com a professora, a alimentação passou a ser concebida como patrimônio cultural a partir da ampliação do entendimento do conceito de manifestações culturais, momento em que houve a valorização, em termos ideológicos, da diversidade cultural. Assim, as práticas e os saberes associados à alimentação passaram a ser entendidos como manifestações de grupos sociais específicos, associados a um determinado território. Estes saberes e práticas constituem-se em parte integrante da vida dos territórios e, portanto, estão inseridos nos modos de viver da população dos espaços geográficos em questão, expressando a identidade cultural destes grupos.
"A comida é, assim, constitutiva de relações sociais: vale lembrar a origem da palavra ‘companheiro’, que remonta à expressão latina cum panis, referente ao ato de compartilhar o pão. Se somos o que comemos, temos que nossa identidade se define pelo que comemos, mas também por onde, quando e com quem comemos, ou melhor dizendo, pelos significados que, no comer, partilhamos", enfatiza Renata Menasche. "É importante notar que não é o alimento em si o bem reconhecido como patrimônio cultural, mas sempre os saberes e práticas a ele associados, contemplando os lugares em que se realizam, as relações de sociabilidade neles implicadas, os significados através deles compartilhados", complementa.
Para aler a entrevista com Renata Menasche clique aqui

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