quinta-feira, 19 de junho de 2014

CINEMA: Só o que vale a pena


Estreia neste mês nas salas brasileiras de cinema o drama agridoce A grande beleza (foto acima), de Paolo Sorrentino, o candidato da Itália para a corrida ao Oscar 2014 de filme estrangeiro. Para os cinéfilos, a obra pode ser descrita como uma espécie de A doce vida (1960), de Federico Fellini, só que atual e pelo ponto de vista ‘do outro lado da moeda’. No clássico felliniano, o personagem de Marcello Mastroianni é um fotógrafo de celebridades, um paparazzo, que em sua flanada por Roma, captada em belo preto e branco, traça um panorama do universo intelectual e/ou notório daquele momento. Já no filme de Sorrentino, o foco está no mundo das celebridades, em especial as muito ricas, o alvo predileto dos tais paparazzi. As atenções se concentram em torno de Jep Gambardella (o ótimo ator Toni Servillo, de A bela que dorme), uma das principais figuras da noite romana desde justamente os anos 1960, os ‘de doce vida’. A ostensiva e histérica festa de seu aniversário de 65 anos, associada a uma revelação inesperada do passado, leva Jep a um impasse completo.
O personagem central de A grande beleza viveu por décadas o que muitos enxergam como a qualidade de vida plena: viver no conforto da riqueza, ser muito conhecido e assim querido e convidado, circular sempre nos melhores cenários e festas e, por fim, ter um histórico invejável de conquistas amorosas. O argumento original de Sorrentino, porém, acompanha justamente a epifania ou o momento de lucidez vivido por Jep, quando ele se dá conta do quão fútil e passageiro é tudo o que viveu até então, inclusive as relações com certos amigos. O protagonista de Sorrentino mergulha temporariamente em uma espécie de limbo, em que precisa reaprender a tatear o entorno e seus novos fatos para descobrir como bem viver a partir dessa crise de consciência (e idade). O personagem questiona o fato de ser um ícone romano recorrente em meio à hedonista cultura da imagem em que circula. Curiosamente, é o segundo protagonista seguido de Sorrentino que surta ao tomar contato com uma verdade transformadora e então dá uma guinada radical e positiva – antes o mesmo aconteceu com o peculiar personagem interpretado por Sean Penn em Aqui é o meu lugar.
Para ler o texto completo de Christian Petermann clique aqui

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