sábado, 25 de abril de 2015

Escolhas divinas


“Agradecemos a Deus pela bomba atômica ter vindo para nós, e não para os nossos inimigos; e oramos para que Ele possa nos guiar para usá-la em Seus caminhos, e para Seus propósitos”.
Presidente Harry, S. Truman, cit in P. Anderson, “A política externa norte-americana e seus teóricos”, Ed. Boitempo, SP, 2015 p:42


Do ponto de vista estritamente lógico, é impossível de imaginar um Deus que seja único e absoluto, e que ao mesmo tempo faça escolhas de qualquer tipo que seja. Mas esta ideia da monopolização unilateral da “vontade divina”, por alguns povos, parece ser muito antiga e persistente, sobretudo entre os que professam religiões monoteístas. O exemplo mais conhecido talvez seja o do povo hebreu, como aparece descrito num dos cinco livros de Moises, o Êxodo: “Então Javé chamou a Moisés e lhe disse: agora, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança,  sereis para mim uma propriedade peculiar entre todos os povos, porque a terra é minha. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19).  Mas esta mesma convicção pode ser encontrada no Zoroastrismo, e na relação preferencial de Ahura Mazda com o povo persa e com o Império Aquemênida, da Ciro, Dario e seus descendentes; na relação de Alá, com os sucessivos impérios islâmicos, desde o século VII d.C;  ou na relação do Deus cristão, com os povos europeus e seu projeto de expansão e conversão do mundo, a partir do século XVI.  E esta mesma ideia está por trás da certeza norte-americana a respeito do seu “destino manifesto” à liderar a humanidade. Uma visão construída pelos seus “founding fathers”, e que permanece viva até hoje, como se pode ler na epígrafe do presidente Truman; ou na idéia do presidente Kennedy, de que “os EUA deviam seguir em frente para liderar a terra... sabedores de que aqui na Terra a obra de Deus deve, em verdade, ser obra nossa” (op cit p 43); ou ainda, na certeza do presidente Bush, de que “a nação americana foi escolhida por Deus e comissionada pela história para ser um modelo para o mundo” (idem, p:43).
Para ler o texto completo de José Luis Fiori clique aqui

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