ELIANE BRUM: "Para Brasília, só com passaporte"
No filme Branco Sai, Preto Fica, em
cartaz nos cinemas do Brasil, para alcançar Brasília é preciso passaporte. O
elemento de ficção aponta a brutal realidade do apartheid entre
cidades-satélites como Ceilândia, onde se passa a história, e o centro do
poder, onde a vida de todos os outros é decidida. Aponta para um apartheid entre
Brasília e o Brasil. Ao pensar no Congresso Nacional, é como a maioria dos
brasileiros se sente: apartada. O Congresso mal iniciou o atual mandato e tem
hoje uma das piores avaliações desde
a redemocratização do Brasil: segundo o Datafolha, só 9% considera
sua atuação ótima ou boa, 50% avalia como ruim ou péssima. É como
se houvesse uma cisão entre os representantes do povo e o povo que o elegeu. É
como se um não tivesse nada a ver com o outro, como se ninguém soubesse de quem
foram os votos que colocaram aqueles caras na Câmara e no Senado, fazendo deles
deputados e senadores, é como se no dia da eleição tivéssemos sido clonados por
alienígenas que elegeram o Congresso que aí está. É como se a alma corrompida
do Brasil estivesse toda lá. E, aqui, o que se chama de povo brasileiro não se
reconhecesse nem na corrupção nem no oportunismo nem no cinismo.
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