HSBC: apenas a ponta do iceberg
Há semanas, divulgou-se o esquema em que o HSBC – maior banco da Europa – participou ativamente da execução e propagação de uma evasão fiscal em larga escala através de sua subsidiária suíça, permitindo que alguns de seus clientes internacionais mais ricos escondessem mais de 120 bilhões de dólares em ativos não declarados em 30 mil contas bancárias secretas. Principais reguladores britânicos, os deputados e funcionários do governo tinham conhecimento das irregularidades e conheciam os nomes dos sonegadores potenciais (incluindo estrelas de cinema, barões das drogas e chefes de estado), mas nunca propuseram acusações criminais.
Ao mesmo tempo, o Reino Unido – como o resto da Europa – vive uma era de “austeridade”. Se por um lado os bilhões dos ricos moveram-se na direção da Suíça e Ilhas Cayman, os benefícios dos pobres foram cortados “para equilibrar o orçamento.” No ano passado, David Cameron prometeu cortar “gastos públicos” por mais uma década, pois os recursos “sairiam do bolso dos mesmos contribuintes cujos padrões de vida queríamos ver melhorarem”. A ironia do primeiro-ministro ao falar do trono de ouro não passou em branco. Bem-vindo à realidade às avessas da política de “austeridade”.
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