O golpe de 64 e a História na encruzilhada
Protesto contra censura, em 1968. Na foto, Tônia Carreiro, Eva Vilma, Odete Lara, Norma Bengell e Ruth Escobar
Frente aos 50 anos do golpe militar de 1964, a agenda de rememorações instaurada no país tem criado uma situação algo suspeita – do ponto de vista do ideal (questionável) de autonomia científica que norteia a universidade moderna – desde a profissionalização dos estudos históricos: o debate público e a academia têm se encontrado com uma força e uma constância incomum e, talvez, com raros precedentes no Brasil. Evidentemente, a lembrança laudatória vem dos setores conservadores que descendem diretamente do regime ou dos novos grupos que a eles se ligam ideologicamente, como o famigerado fenômeno neonazista. Em contrapartida, as memórias da resistência surgem aos borbotões, produzidas pelos opositores de então, pelas famílias dos desaparecidos, por todos que sofreram com a perseguição, a tortura e a barbárie de Estado, mas também por novas gerações de políticos e intelectuais, incluindo historiadores acadêmicos. Diante do incômodo com o posicionamento dos últimos, o que constitui um contra-trabalho de memória, Ronaldo Vainfas publicou um texto polêmico em seu perfil oficial em uma rede social, relativizando questões hoje fulcrais para a memória histórica que aos poucos se consolida e para o discurso de esquerda sobre o regime. Imediatamente, uma onda de repúdios se espalhou pela rede. O caso é revelador do atual estado das batalhas simbólicas em torno da última ditadura brasileira. Mais ainda da encruzilhada que as demandas do presente constroem para o historiador.
Para ler o texto completo de Jocelito Zalla clique aqui
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