Brutalidade, emoções contidas e medo de ser livre
Blade Runner: a projeção sombria de uma sociedade hierarquizada ao extremo e dominada pelo medo
Somos todos violentos. Podemos não reconhecer isso. Acreditamos não ser violentos porque não matamos, roubamos, batemos ou quebramos. Mas se olharmos com mais atenção, vamos perceber que a violência passiva, ou seja, de natureza emocional, faz parte do nosso dia a dia. E é ela que alimenta a fornalha da violência física. Atitudes egocêntricas, egoístas, manipuladoras, maliciosas, gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e agressivas, muitas vezes, ferem e deixam marcas mais profundas.
É comum ouvirmos as pessoas dizerem: “Este é um mundo cruel, e, se a gente quer sobreviver, também tem de ser cruel”. Então, vamos continuar a educar para o ódio. Para afastar e, quem sabe, eliminar os que são “diferentes”. Sim, é isso que estamos fazendo. Estamos todos esperando que os outros mudem primeiro. Tudo que fazemos é condicionado por motivações egoístas: “Que vantagem eu levo nisso?”. Claro que eu sei que muitas pessoas estão buscando outros caminhos, mas de alguma forma estamos sendo coniventes com essa visão que ganha força no mundo. O conservadorismo está vencendo. Por que temos medo de avançar na garantia dos direitos humanos? Podemos pensar em vários motivos, políticos, sociais, econômicos, culturais, mas quero entrar mais profundamente na esfera emocional, na forma como lidamos com nossos sentimentos, principalmente, a raiva, desde a infância.
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