Lançamento do livro "Terra do Mar Longe" de Maria Sá
José de Sousa Miguel
Lopes
O título já diz ao que
vem. Nele está presente o mar, mas não qualquer mar, mas sim um mar longínquo,
um mar ao qual a autora parece não conseguir resistir ao chamamento. Mar: esse
espaço infinito, de expansão e de aventuras! Um mar que, implicitamente, remete
para lugares distantes, lugares de memória, lugares de fruição de um tempo que
não volta mais, lugares agora impregnados de uma dolorosa nostalgia.
Maria Sá dá continuidade ao tema do mar sempre tão presente na
literatura em língua portuguesa. Recorde-se que desde o século XVI, o mar é
largamente cantado por historiadores e poetas. Fernão Mendes Pinto permaneceu
21 anos no oriente e escreveu Peregrinação, onde a temática do mar é
recorrente ao relatar o que se passou nesse período. Os Lusíadas de Luís de Camões, datado de 1572, considerado
uma das maiores obras da literatura portuguesa, faz constantemente referências
ao mar na trajetória épica do povo português a caminho da Índia. Na peça
teatral “Auto da Índia” Gil Vicente critica a ambição dos navegadores e os
naufrágios que aconteciam frequentemente. Já no século XX, o poeta Fernando
Pessoa e os seus heterônimos, usam a temática do mar nas suas poesias.
Por se
constituir na via líquida por onde singraram as caravelas chegando aos mais
distantes portos, o mar se tornou símbolo do alargamento dos domínios portugueses,
criando o fenômeno crucial do “ser português”: o Império. Sob essa perspectiva,
pode-se mesmo dizer que as águas salgadas foram o ponto privilegiado de onde a
nação mirou-se ao voltar seu olhar ao Outro, engendrando, a partir da espessa
camada de representações elaboradas sobre os povos dos portos, uma imagem de si
própria.
Leia o Prefácio
completo (pág.13 à pág.20) de José de Sousa Miguel Lopes clicando aqui
Leia o livro “Terra
do Mar Longe” de Maria Sá clicando aqui
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