terça-feira, 18 de março de 2014

Os EUA e a “democracia”: discurso esfarrapado

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Um velho clichê político repetiu-se, nas últimas semanas, na Ucrânia e na Venezuela – ainda que com roupagem nova. Em Kiev, um presidente corrupto, porém legítimo, foi deposto após meses de manifestações, comandadas por grupos neonazistas. Em Caracas, Leopoldo López, político de extrema-direita e um dos líderes do golpe de Estado de 2002, apoia-se em dificuldades do governo para pedir sua derrubada antidemocrática. Nos dois casos, os Estados Unidos têm interesse geopolítico claro na queda dos governantes e agiram (agem, na Venezuela) para provocá-la.
O pretexto de Washington é uma concepção particular de “democracia”. Na Ucrânia, o chefe de governo, Viktor Yanukovitch, teria sido afastado por se aproximar da Rússia – adversária dos EUA e, portanto, “antidemocrática” por definição. Na Venezuela, tanto o ex-presidente Hugo Chávez quanto seu sucessor, Nicolas Maduro, promovem políticas de unidade latinoamericana que incomodam Washington. Por isso, seriam, naturalmente, “autoritários”. A mídia aliada ideologicamente à Casa Branca repete tais argumentos de maneira tão maciça (e acrítica) quanto assegurava haver, no Iraque, “armas de destruição em massa”.
Mas qual a autoridade do governo norte-americano para falar em nome da “democracia”? Nos próprios Estados Unidos, parece haver enormes dúvidas. Colaborador de publicações como “Huffington Post”, “Salon”, “ZNet” e “Alternet”, o escritor e jornalista Nicolas J.S. Davies acaba de produzir, para esta publicação, um texto de grande importância e atualidade. Após vasta pesquisa histórica, Davies relacionou uma lista (certamente incompleta) de países em que Washington interveio derrubando governos legítimos por meio de golpes de Estado, apoiando ditaduras ou participando de massacres e genocídios.
São 35 países, contando apenas as intervenções entre pós-II Guerra Mundial e hoje. Os verbetes são densos, porém breves – ou o texto seria interminável. Mas Davies teve o cuidado de pesquisar e indicar por meio de links, em cada caso, textos que permitem compreender, em detalhes, o contexto e os fatos concretos. O autor adverte: “em nome de sua incansável busca pelo domínio global, Washington criou um longo e contínuo histórico de trabalhar lado a lado com fascistas, ditadores, chefões das drogas e países que patrocinam terrorismo. (…) Os crimes cometidos vão de assassinato a tortura, de golpes a genocídios. A trilha de sangue desse caos e carnificina vai até os degraus da Casa Branca e do Congresso norte-americano”. A seguir o resultado, ordenado alfabeticamente, da pesquisa de Davies. (A.M)
Para ler o texto completo de Nicolas J.S. Davies clique aqui

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