CARTA ABERTA DOS PROFESSORES DA UEMG
CARTA
ABERTA DOS PROFESSORES DA UEMG
Durante
anos a fio, nas duas décadas passadas, a Universidade do Estado de Minas Gerais
– UEMG – não promoveu concursos para a efetivação de professores. Os concursos
ali abertos, em todo esse tempo, foram concursos de provas e títulos com o fim
precípuo de classificar professores para “efeito de designação”. Muitos
de nossos colegas professores, assim, construíram sua vida profissional na
Instituição, ao longo de quinze e vinte anos, e ajudaram significativamente a
construir a UEMG que, diga-se de passagem, ainda ensaia seus primeiros passos,
se considerarmos o grau de comprometimento do Estado com a Educação e com a
própria Instituição de Ensino Superior. Esses profissionais da Educação, em
gesto contrário, independentemente de sua situação de “designados” – portanto,
de “contratados precariamente” – doaram sua capacidade tanto na docência quanto
na pesquisa e na extensão, além de terem ocupado com a devida competência
cargos na gestão, por acreditarem numa Universidade que se voltasse para as
demandas da população e se tornasse, cada vez mais, pública, gratuita e de
qualidade.
Finalmente,
após todo um tempo de provações e de instabilidade, o Estado esboçou um gesto
de reconhecimento aos designados da Educação e da Universidade. A implantação
da Lei 100, em 2007, de alguma forma já sinalizava uma atitude dúbia do Estado,
uma vez que, apesar da “aparente estabilidade” proporcionada pela “efetivação”,
não permitia aos profissionais a expansão de suas cargas horárias e, portanto,
limitava a ação dos professores tanto no ensino, quanto no ensino e na
extensão.
Na
verdade, a Lei 100 só foi criada no intuito de resolver um problema de caixa do
governo do estado que, durante décadas, recolheu a contribuição previdenciária dos
servidores designados, mas embolsou o dinheiro, não repassado ao INSS os
bilhões de reais recolhidos. Assim, deixou a descoberto vários profissionais
designados que, por ocasião de sua aposentadoria, se depararam com essa
situação esdrúxula e surreal: apesar de terem contribuído para a previdência do
Estado, sua aposentadoria deveria ocorrer por conta do INSS...que, não tendo
recebido do Estado os valores correspondentes, tornava inviável o ato da
aposentadoria. Ou seja, o profissional designado foi ‘vergonhosamente’ enganado
pelo Estado...
Não é
difícil entendermos que a propalada “efetivação”, ao invés de ter a finalidade
de reconhecer e corrigir a situação de tantos funcionários, no fundo teve como
escopo principal “livrar o caixa do Estado” de um DÉFICIT FINANCEIRO COM O
INSS.
Durante
sete longos anos, os profissionais da Educação do Estado foram embalados pelas
prováveis garantias da Lei 100, que se anunciava como fonte de estabilidade
funcional a todos aqueles que foram contemplados. Mera ilusão ! A estabilidade anunciada guardava, nos seus
interstícios, a marca da inconstitucionalidade... que, há pouco, em 26 de março
último, foi solenemente sentenciada pelo
Supremo Tribunal Federal.
Portanto,
estamos aqui, novamente, à semelhança das duas últimas décadas, no mesmo
estágio de insegurança, na mesma precariedade na nossa situação funcional.
Voltamos
à ESTACA ZERO e, com certeza, fomos vítimas de um ENGODO. “A casa caiu” e o
Estado mostrou a verdadeira “face oculta” de seus aparentes gestos de apoio e
reconhecimento do trabalho de tantos profissionais que a ele dedicaram suas
vidas, em nome de uma Educação de qualidade, de uma Universidade pública,
gratuita e de excelência na sua qualidade...
Por
tudo isso – pela nossa decepção, pela ausência de uma política estadual séria e
comprometida com a Educação – estamos, hoje, reunindo forças e nos mobilizando
em reuniões, assembléias. Estamos também nos acolhendo, pois muitos dos nossos
profissionais apresentam um altíssimo grau de ansiedade, preocupados – com
razão – com suas vidas e com as vidas de tantos outros que ora estão em jogo. Estamos em
permanente trabalho de sensibilização e nos solidarizamos com todos aqueles
que, como nós, se vêem subtraídos em seus direitos, como é o caso dos
companheiros da Educação básica, dos porteiros, dos cantineiros, dos
secretários escolares e de tantos outros cargos da Educação atingidos pela
enganosa Lei 100 que ora foi desmascarada.
Nesta
hora angustiante, pedimos a todos que não nos culpem pela irresponsabilidade do
Estado e pelo “mau caratismo” de gestores, que nos deram um verdadeiro presente
de grego – um enorme CAVALO DE TROIA – ao sinalizarem para nós uma estabilidade
que jamais existiu.
Estamos
na luta. O direito e o reconhecimento de nosso trabalho e de nossas angústias
hão de encontrar um caminho mais seguro, a fim de continuarmos nossa lida em
prol de uma REAL MELHORIA DA EDUCAÇÃO EM NOSSO ESTADO.
Professores Da Universidade do Estado de
Minas Gerais
Direção do sindicato SINDUEMG
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