terça-feira, 20 de julho de 2021

"Sabes, as aves" - Al Berto

 




Sabes, as aves

 



 

 

 

sabes, as aves aquáticas já não pernoitam junto ao mar nem por entre os nossos dedos de areia


sobem-nos vozes calcárias à garganta, estrangulo-me neste humilde canto, fico atento ao eterno silêncio do teu castelo



às vezes escuto o teu cantar, raramente, é certo...mas quando cantas saem-te nomes puros da boca e sorrisos diáfanos de cristais


os lábios incendeiam-se com vinho, teu corpo adquire o sabor misterioso das algas


no crepúsculo expande-se o perfume a moreia frita, teu olhar é o mosto dos nossos desejos



dançamos à roda dum mastro, saia em papel de seda bordada com búzios...uma quadra flutua pela noite de nossos cabelos


rodopias, e os teus amores são relembrados pela noite adiante


espalham-se estrelas cadentes, papoulas breves, junco molhado e o mar enche-se novamente de pássaros, embarcações semelhantes a beijos que nos percorrem de alegria




 

 

Al Berto

 



 

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