quinta-feira, 15 de julho de 2021

“Dicionário pessoal” sobre árvore - Casimiro de Brito

 




“Dicionário pessoal” sobre árvore





A árvore tem fome dos seus frutos.


A árvore que vemos não é a mesma para ti e para mim.


Ando em busca (há quantos anos?) do coração da árvore.


A minha primeira amiga.


Árvore caída, pássaro de partida.


Árvores há que crescem dentro de mim.


As árvores da noite parecem espelhos do meu cansaço.


Balanço no teu corpo, ó árvore entre todas preferida.


Cada árvore é o centro do mundo.


Decerto se amam mas não sabemos como.


Ela dança, ela parece emborrachada.


Elas levantam as suas raízes e entregam-nas ao vento.


Embora não pareça a árvore é um ovo.


Em cada árvore o centro do Paraíso (Génese, 2).


Haverá árvores que não cheguem ao céu?


O que ela nos dá, a árvore, é uma visão do passado.


Pássaro preso que todos os anos floresce.


Primeira igreja ao ar livre.


Pudesse eu sentir, por momentos, o que a árvore sente.


Quem escuta uma árvore aproxima-se do seu sangue.


Rainha dos dois reinos: o subterrâneo e o celeste.


Uma árvore tem mais para ensinar do que Aristóteles.


Umas vezes fonte, outras vezes escultura.


Teus braços, tuas pernas serão ramos de uma árvore?


 



Casimiro de Brito




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