“Dicionário pessoal” sobre árvore - Casimiro de Brito
“Dicionário
pessoal” sobre árvore
A árvore
tem fome dos seus frutos.
A árvore
que vemos não é a mesma para ti e para mim.
Ando em
busca (há quantos anos?) do coração da árvore.
A minha
primeira amiga.
Árvore
caída, pássaro de partida.
Árvores
há que crescem dentro de mim.
As
árvores da noite parecem espelhos do meu cansaço.
Balanço
no teu corpo, ó árvore entre todas preferida.
Cada
árvore é o centro do mundo.
Decerto
se amam mas não sabemos como.
Ela
dança, ela parece emborrachada.
Elas
levantam as suas raízes e entregam-nas ao vento.
Embora
não pareça a árvore é um ovo.
Em cada
árvore o centro do Paraíso (Génese, 2).
Haverá
árvores que não cheguem ao céu?
O que ela
nos dá, a árvore, é uma visão do passado.
Pássaro
preso que todos os anos floresce.
Primeira
igreja ao ar livre.
Pudesse
eu sentir, por momentos, o que a árvore sente.
Quem
escuta uma árvore aproxima-se do seu sangue.
Rainha
dos dois reinos: o subterrâneo e o celeste.
Uma
árvore tem mais para ensinar do que Aristóteles.
Umas
vezes fonte, outras vezes escultura.
Teus braços, tuas pernas serão ramos de uma árvore?
Casimiro de Brito
Divulgando o último livro do autor do blog Aqui
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