MÍDIA & PRECONCEITO: O processo belicoso dos médicos brasileiros
Se fosse preciso sinalizar um momento-chave para a guinada para a direita, de modo mais explícito, de parte significativa da classe média, eu apontaria a chegada dos médicos cubanos. A percepção que tenho – posso estar enganado – foi que a atitude belicosa e militante de parte significativa dos médicos brasileiros, no episódio médicos cubanos, liberou geral o reacionarismo que estava até então dissimulado e evasivo (ver aqui entrevista com Frei Betto). Recordo que em questões polêmicas anteriores, como a das cotas raciais, fora os reacionários de carteirinha havia, pelo menos, uma tentativa de encarar a questão e questioná-la através de argumentos racionais, lógicos, assentados na meritocracia, que seria a primeira vítima deste modelo inclusivo à universidade via raça.
Por que o corporativismo médico, representado pelos militantes que xingavam os cubanos que desembarcavam nos aeroportos, significou uma maior visibilidade e explicitação de um pensamento difuso e só exercitado à boca pequena na sociedade? Penso que os médicos constituem uma elite respeitada e sua voz é, por isso, ouvida com mais atenção em uma sociedade desde sempre marcada pela separação entre a Casa Grande e a senzala. No imaginário popular, e especialmente na classe média, que compreende o quanto é difícil e tortuosa a carreira médica a começar pelo funil do vestibular, os médicos são representantes legítimos, mais do que ninguém, a pertencer por mérito à Casa Grande. Nada mais justo, em um país onde o diploma universitário é, praticamente, um título de nobreza, que a considerada mais nobre e requisitada das carreiras profissionais tenha relevância e peso.
Para ler o texto completo de Jorge Alberto Benitz clique aqui
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