'JORNAL DA MORTE': O 'datenismo' como instrumento de opressão
Roberto Silva, o Príncipe do Samba, chamou na década de 1960 a atenção dos órgãos censores do regime militar ao gravar “Jornal da Morte”. Clássica de nascença, a canção, que hoje conta com versões de Nação Zumbi e Casuarina, entoa já em seus versos iniciais: “Vejam só esse jornal, é o maior hospital, porta-voz do bangue-bangue e da polícia central...” As ironias da vida levaram seu compositor, Miguel Gustavo, a cair nas graças da ditadura, só que com outra composição: o hino “Pra frente Brasil”, símbolo da seleção tricampeã do mundo em 1970. Contou, obviamente, com a generosidade do então general presidente Emílio Garrastazu Médici, que, com o típico e ginasial ufanismo da época, o capitalizou enquanto instrumento oficial de propaganda política e ideológica do regime.
Roberto Silva morreu em 2012. Viveu, portanto, para ver o jornal da morte sair da mídia impressa e abraçar, com ardor, a mídia televisiva por meio de um fenômeno em escala nacional a que muitos chamam de “datenismo”:
“O datenismo – em nítida referência a José Luiz Datena, representante-maior do gênero na atualidade – se tornou um estilo onipresente na TV aberta brasileira: linguagem coloquial, transmissão ao vivo, plano sequência, músicas tensas, cenários simples, apresentadores populares e o uso desmesurado da imagem são alguns dos elementos que caracterizam este gênero de programa jornalístico” (SARKIS; VIANNA, 2014, p. 04).
Calcado no sensacionalismo, o datenismo se propõe a transmitir, lançando mão de recursos dramáticos, crimes cometidos local, regional e/ou nacionalmente, a depender da abrangência do sinal eletromagnético de que se vale a concessionária que emprega seu respectivo porta-voz.
Para ler o texto completo de Gustavo Henrique Freire Barbos clique aqui
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