INTEGRIDADE CIENTÍFICA: Estudo falso é aceito para publicação em mais de 150 revistas
Imagine só o seguinte experimento: Você escreve um trabalho científico falso,
baseado em dados falsos, obtidos de experimentos sem validade científica,
assinado com nomes falsos de pesquisadores que não existem, associados a
universidades que também não existem, e envia esse trabalho para centenas de
revistas científicas do tipo “open access” (que disponibilizam seu conteúdo
gratuitamente na internet) para publicação. O que você acha que aconteceria?
Pois bem, um biólogo-jornalista norte-americano chamado John Bohannon fez
exatamente isso e os resultados, publicados hoje pela
revista Science, são aterradores (para aqueles que se preocupam com a
credibilidade da ciência): ele escreveu um trabalho falso sobre as propriedades
supostamente anticancerígenas de uma molécula supostamente extraída de um líquen
e enviou esse trabalho para 304 revistas científicas de acesso aberto ao redor
do mundo. Não só o trabalho era totalmente fabricado e obviamente incorreto (com
falhas metodológicas e experimentais que, segundo Bohannon, deveriam ser óbvias
para “qualquer revisor com formação escolar em química e capacidade de entender
uma planilha básica de dados”), mas o nome dos autores e das instituições que o
assinavam eram todos fictícios. Apesar disso (pasmem!), mais da metade das
revistas procuradas (157) aceitou o trabalho para publicação. Um escândalo.
O que isso quer dizer? Quer dizer que tem muita revista “científica” por aí
que não é “científica” coisíssima nenhuma. E que o fato de um estudo ter sido
publicado não significa que ele esteja correto (pior, não significa nem mesmo
que ele seja verdadeiro para começo de conversa). A ciência, assim como qualquer
outra atividade humana, infelizmente não está isenta de falcatruas.
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