"Nada" - Sofia Loureiro do Santos
Nada
1.
Ao meu lado
naquele espaço que já não preenches
ouço uma voz ausente.
No silêncio desta tarde morna e quieta
aguardo um respirar uma pergunta
um chamamento
aqueles pequenos nomes que inventavas
e que eu sabia
num misto de ternura e indignação
serem só nossos.
Ao meu lado
dói-me tanto já não seres.
2.
Tantos móveis lençóis
chávenas pratos copos
almofadas roupa quartos
esponjas sabonetes
tudo tão grande tanto espaço
num desperdício evidente.
E eu tão minúscula encolhida quase inexistente
que não preciso de nada mas de nada
de nada
a não ser de ti
que não estás.
3.
Deixo as janelas abertas
para que o vento abane a casa.
Batem portas voam cortinas
num ruído da mais profunda
solidão intemporal.
Sofia Loureiro do Santos
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