sábado, 17 de agosto de 2024

"Minha pátria, minha língua" - Jacyntho Lins Brandão

 



Minha pátria, minha língua




Minha pátria, minha língua. Que língua


Esta que me resta e não me diz e em


Que falo a me matar silente à míngua


De língua que nem tenho nem me tem?


Se ela falo, falar é pura luta


Que me constrange a não dizer falo ela.


Língua materna, nada! língua puta,


Impura, inculta, apátrida: tão bela.


Povoa-me a vigília e a insônia


Em cada negação, cada assertiva


Que dita com bondade, com acrimônia,


Ela é minha língua, minha babilônia,


A confusão que põe à deriva:


Pátria nenhuma. Assim: língua colônia.




Jacyntho Lins Brandão



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