segunda-feira, 29 de abril de 2024

"Violinos" - Mahmoud Darwish


 


Violinos

 




Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus.


Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.



 

Violinos choram: o tempo ido é sem retorno.


Violinos choram: a pátria ida terá retorno.



 

Violinos queimam: a mata é escuridão distante.


Violinos sangram: sentem pulsar o sangue.



  

 

Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus


Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.



 

 

Violinos: cavalos nas cordas da miragem, na água gemente.


Violinos: campo violáceo selvagem, longe, circundante.



 

Violinos: fera fustigada, unha de mulher, o roçar do toque.


Violinos: escala menor, sons de exército em cemitério de mármore.



 

Violinos: loucos corações no rodopiar de pés da dançarina.


Violinos: bando de aves a migrar da bandeira não erguida.



 

Violinos: seda encrespada, queixas de mulher à noite sozinha.


Violinos: voz de vinho distante a evocar o dia vencido.



 

Violinos: me seguem, aqui, ali, para vingarem-se de mim.


Violinos: para matarem-me, onde quer que eu termine.



 

Violinos choram pelos árabes que se vão de Alandalus.


Violinos choram com os ciganos que se vão a Alandalus.



 

Mahmoud Darwish




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