"Violinos" - Mahmoud Darwish
Violinos
Violinos
choram: vão-se os ciganos a Alandalus.
Violinos
choram: vão-se os árabes de Alandalus.
Violinos
choram: o tempo ido é sem retorno.
Violinos
choram: a pátria ida terá retorno.
Violinos
queimam: a mata é escuridão distante.
Violinos sangram: sentem pulsar o sangue.
Violinos
choram: vão-se os ciganos a Alandalus
Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.
Violinos:
cavalos nas cordas da miragem, na água gemente.
Violinos:
campo violáceo selvagem, longe, circundante.
Violinos:
fera fustigada, unha de mulher, o roçar do toque.
Violinos:
escala menor, sons de exército em cemitério de mármore.
Violinos: loucos corações no rodopiar de pés da dançarina.
Violinos: bando de aves a migrar da bandeira não erguida.
Violinos:
seda encrespada, queixas de mulher à noite sozinha.
Violinos:
voz de vinho distante a evocar o dia vencido.
Violinos:
me seguem, aqui, ali, para vingarem-se de mim.
Violinos:
para matarem-me, onde quer que eu termine.
Violinos
choram pelos árabes que se vão de Alandalus.
Violinos
choram com os ciganos que se vão a Alandalus.
Mahmoud Darwish
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