domingo, 21 de abril de 2024

"Com as fronteiras às costas" - Latifa Meskini


 


Com as fronteiras às costas

 




Uma pátria de cartão.

 

Umas fronteiras de ferro.


Uma cor escura que tinge


o odor a brisa queimada.


Uns olhos de gelo fundido,


um solo regado com secura,

 

o ventre vazio e a esperança


como uma vela eterna


que não acaba, que não se apaga,


cruza um mar de areia


para se encontrar


de novo com a miséria,


com a pátria desejada,


com a detestada fronteira.


Sonhos de um flamenco africano


com o sinal na testa


de proibida a passagem


para uma nova vida,


para uma dignidade ignorada.


 

Latifa Meskini*




*Nasceu em Fez (Marrocos) em 1970. Começou a publicar os seus poemas em jornais. Em 2004 foi-lhe atribuído, pelo seu primeiro livro, A viagem esquecida, de 2003, o Prémio da Casa da Poesia de Marrocos, e, em 2009, o Prix du Maroc du Livre, pelo seu livro A garganta cega, publicado nesse mesmo ano. Publicou ain da, em 2007, Esboços das telas da paixão.



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