domingo, 7 de abril de 2024

"Ulmus Minor" - Manuel de Freitas

 



Ulmus Minor




A folha, outra folha.


Onde a tua mão repousava,


o som de uma guitarra morre,


esfacela-se na tarde


sem remédio.



O jardineiro deixou mesmo de aparecer,


e não sei muito bem como medir-lhe


a ausência, o pequeno maço de Kentucky


que escondia no bolso da farda,


junto ao gasto coração.



Quem morre (e morre sempre


alguém em versos meus)


faz de mim o espelho da sua derrota.



Mas nada posso dizer:


as folhas acumulam-se, nenhum jornal


registrará o óbito do jardineiro,


que sereia o terá levado,


esse tipo de minúcias.


 

Manuel de Freitas




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