A moralização da sexualidade, o conservadorismo e o ódio ao cinema
Os brasileiros estão mais conservadores. É o retrato das pesquisas mais recentes. Parece uma afirmação quase óbvia vindo de um cenário que, no ano passado, uma tentativa de golpe de estado foi armada e que felizmente deu errado, promovido por uma extrema direita ressentida e com um projeto de poder muito claro: a aposta violenta na repressão e censura aos moldes da ditadura militar (1964-1985), e com isso a interrupção a qualquer debate mais aprofundado. Se algo não é debatido, jamais será superado. É esperado que isso se reflita no humor popular e que afete diretamente a percepção da cultura em uma sociedade, visto que histórias orais, visuais ou textuais também fazem parte da manifestação cultural de um povo. Quais histórias estão sendo contadas refletem diretamente no acesso da educação formal e informal de uma sociedade, e demonstram o tom de como essas histórias chegam e são acolhidas, rechaçadas ou censuradas por essa mesma sociedade que as produz. Quanto maior a sensação de insegurança simbólica, mais conservadores tendem a ficar os pensamentos e a recepção de obras que questionam a lógica dominante. Para ler o texto de Alan Alves clique aqui
Viver, morrer e reviver
Por coincidência (ou não), dois filmes estreiam nos cinemas nessa semana de feriado da Páscoa, símbolo de ressurreição para os católicos. Ambos abordam questões complexas e oportunas: a morte, a memória, possibilidades de novas vidas, e evocam temas contemporâneos que afligem as populações. A depressão, a ansiedade originada pela competição desmedida entre indivíduos; a exposição pública superdimensionada de crianças e adolescentes nos meios digitais, a ganância pelo dinheiro e pelo sucesso. Para ler o texto de Léa Maria Aarão Reis clique aqui
"Saltburn", de Emerald Fennell
A variação das cores vindas de diferentes bares e prédios, no momento em que o rapaz revolta-se por ter sido ignorado pelo novo melhor amigo, dá um bom resumo da personagem central de Saltburn: ao mesmo tempo exposta e fugidia, alguém que não se deixa decifrar. Em cena, Oliver Quick não é um só. Nesse homem com jeitão de garoto, nesse menino com traços de homem formado, habitam muitas máscaras. No filme de Emerald Fennell, a bela fotografia de Linus Sandgren cumpre a função de nos embriagar com excessos, trocas, fluxos que se desenrolam em celebrações, conflitos, encontros entre os que parecem pobres e os que são verdadeiramente ricos, um jogo através de classes sociais que toma algo de "Parasita" – o invasor que destrói, pouco a pouco, o reino do hospedeiro – e também de "O Talentoso Ripley" – o rapaz que ama outro a ponto de querer matá-lo para assumir a sua identidade, para viver outra vida. Para ler o texto de Rafael Amaral clique aqui
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