terça-feira, 30 de abril de 2024

"Café Tropical" - Manuel de Freitas

 



Café Tropical




para o João Miguei Fernandes Jorge




Chegara, dessa vez, mais cedo à praça


da República. O café estava


inusitadamente cheio e houve palavras


de derrota a acompanharem


a primeira cerveja da tarde. Nem


sequer abriu o livro que trazia na mala:


uma edição mexicana, comprada


junto ao mar, de 
El Hombre y ia Divino.



Atrasou-se cinco minutos,


o seu amigo. Mas tudo lhe perdoou:


o atraso, os poemas, o implacável


desafio que em breve o conduziria


às piores memórias que não tinha.


Frente a frente, liam cartas


um do outro — e até nisso estavam juntos.



O susto, verdadeiro, deu-se quando


lhe pediu, sem réplica, poemas


sobre a cidade onde fugiram ambos


da embriaguez da juventude:


tabernas e corpos, diferentes maneiras


de nos ser devolvida a única


pergunta necessária — e a mais inútil.



Brincamos, somente, com os castelos


da morte. Talvez me bastasse


ter-lhe respondido que nunca escrevi


sobre nada; limito-me a anunciar


que vou morrer, com razoável certeza.


Mas foi isso, justamente,


o que não me ocorreu na altura.


Pedi outra cerveja, consegui pagar a conta.



E Coimbra, desta vez, anoitecia


mais devagar. Como se não fosse ainda


uma despedida, à entrada do Jardim


da Sereia que para nenhum de nós cantou.



Manuel de Freitas




Para ter acesso ao mais recente livro de poesia "Nas sílabas do ventodo autor do blog clique aqui


Se não reagirmos, em 15 anos não haverá mais democracia no mundo




Para historiador João Cezar de Castro Rocha é imperioso enfrentar Elon Musk e o avanço da extrema-direita nas redes sociais. Para ler sua entevista clique aqui

 

Paulo Kliass - Lula: abandone a austeridade


Fernando Castilho: Parece que uma anistia está sendo urdida


Cintia Alves: "Eles queriam reuniões às escondidas": GGN entrevista advogado que presenciou encontros da Lava Jato com agentes americanos


Rafael Valim: O direito ao erro


EUA bloqueiam uma solução justa para a questão palestina

 





Em 18 de Abril, os EUA vetaram um projecto de resolução preparado pela Argélia que propunha a concessão de adesão plena à ONU ao Estado da Palestina, bloqueando efectivamente uma decisão do Conselho de Segurança de reconhecer a Palestina como um Estado. Doze dos quinze membros do Conselho – Eslovénia, Serra Leoa, Coreia do Sul, Moçambique, Malta, Japão, Guiana, Equador, Argélia, bem como Rússia, China e França – votaram a favor da resolução, enquanto o Reino Unido e a Suíça se abstiveram (univerA Palestina tem status de observadora na ONU desde 2012). Para ler o texto de Vladimir Mashin clique aqui
































HAEVN: "Where Did You Go"

 




Para assistir à interpretação de "Where Did You Go" pelos HAEVN clique no vídeo aqui

Navegando pelo cinema

"Clube Zero"
"Plano 75"




Comer, beber, morrer




Chama atenção nos créditos finais de "Clube Zero" ("Club Zero") a informação de que nenhum ator perdeu peso na realização do filme. Todas as modificações corporais foram feitas por efeitos visuais, maquiagem e figurino. Não é um trabalho dos mais eficazes. Com o emagrecimento dos personagens, as roupas ficariam mais largas, mas não mais compridas como estão. A maquiagem é também incongruente. Mas, afinal, a aparência física conta bem menos que a caracterização mental dos adolescentes. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui








"Memórias do cárcere" segundo Florestan Fernandes




Memórias do cárcere" balizava-me o aparecimento de uma nova consciência política da realidade nacional e de uma repulsa ao conformismo típico dos movimentos de rebelião. Para ler o texto de Débora Mazza clique aqui




A distopia cruel e real de "Guerra Civil"



Ao nos depararmos com a sinopse de filmes que se passam no futuro é comum vermos frases como “em um futuro distópico”… e automaticamente já imaginarmos um futuro pós-apocalíptico, um planeta Terra destruído com catástrofes naturais, vírus zumbis, ataques alienígenas ou coisa do gênero, sempre colocando tudo no mesmo pote. Mas esses são conceitos com grandes diferenças. A distopia não significa um estado de destruição total, física e palpável, mas sim uma experiência social onde determinado povo vive sob um regime autoritarista, de extrema opressão, violência e privação de muitos direitos e liberdades civis, um exemplo dessa temática na cultura pop seria os quadrinhos e adaptação cinematográfica V de Vingança. O filme "Guerra Civil", dirigido por Alex Garland, que estreou nos cinemas brasileiros em 18 de abril de 2024, mostra um futuro distópico, extremamente cruel (por ser facilmente possível de acontecer) nos Estados Unidos, e assustadoramente faz o espectador mais sensível – e pessimista – imaginar acontecendo aqui no Brasil. Para ler o texto de Henrique Rizatto clique aqui


Nos caminhos da arte





Manuel Bandeira e seu Recife de alumbramento




Causos por trás de antológicos versos do poeta, que completaria 138 anos neste mês. São sínteses de amor e memória da cidade, atinados na densidade da infância. E somam-se às outras geografias líricas de Antônio Maria, Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto. Para ler o texto de Urariano Mota clique aqui

 







Com água, estas estátuas de bronze de Małgorzata Chodakowska ganham vida




Em cidades ao redor do mundo, você verá frequentemente estátuas humanas como parte de fontes, com a água saindo de um recipiente que elas seguram, ou algo parecido. Além disso, todos nós já vimos as famosas fontes do ‘menininho fazendo xixi’, que, apesar de charmosas, não são novidade. Bem, a escultora polonesa Małgorzata Chodakowska criou uma série de esculturas de tirar o fôlego que são complementadas por água. Os resultados desta concepção são originais e impressionantes. Não é apenas o maravilhoso trabalho artesanal envolvido em sua criação que irá conquistar você. Quando a água começar a fluir, você ficará realmente encantado. Para ver alguns de seus trabalhos clique aqui

Para ver como essas estátuas maravilhosas são feitas clique nos vídeos aqui








O piloto Santiago Borja Lopez captura fotos aéreas de tirar o fôlego!




Como piloto, você poderá testemunhar vistas deslumbrantes do alto das nuvens. Santiago Borja Lopez, piloto da Ecuador Airlines baseado em Quito, aproveita seu tempo de inatividade para capturar as cenas hipnotizantes que encontra no céu. De tempestades deslumbrantes a relâmpagos eletrizantes, suas fotos são simplesmente espetaculares. Você também pode experimentar a beleza inspiradora da natureza de uma perspectiva única, conferindo suas incríveis fotos aéreas clicando aqui


Reflexões sobre o tempo presente

 





A filosofia política de Mujica por ele mesmo




Ex-presidente Pepe Muijica sustenta em S.Paulo: é preciso viver como a maioria, aproveitar os dias, libertar-se dos interesses e sonhar com o que virá depois de nós. Para ler seu texto clique aqui








Nossa Sociedade Imagética




Foi dito que vivemos na “época da imagens de mundo”. O próprio mundo, o real, se tornou imagem. Também foi dito que vivemos na “sociedade do espetáculo”, que nossas relações estão todas mediadas por imagens. É de fato um mundo diferente daquele criado, principalmente, pela invenção da imprensa. Aquele era o mundo dos textos. Não que o alfabeto, a escrita e, enfim, os textos, não sejam imagens. Sempre foram. As letras também foram desenhadas. Todavia, imagem e texto nos põe em condições diferentes, nos faz pensar, sentir e agir de modos diferentes. Para ler o texto de Paulo Ghiraldelli clique aqui








Em busca do conceito de modo de produção




Numa discussão sobre feudalismo, capitalismo, ou qualquer outro termo, é evidente a necessidade de esclarecer o sentido em que o termo é usado. Para ler o texto de José Ricardo Figueiredo clique aqui

segunda-feira, 29 de abril de 2024

"Violinos" - Mahmoud Darwish


 


Violinos

 




Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus.


Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.



 

Violinos choram: o tempo ido é sem retorno.


Violinos choram: a pátria ida terá retorno.



 

Violinos queimam: a mata é escuridão distante.


Violinos sangram: sentem pulsar o sangue.



  

 

Violinos choram: vão-se os ciganos a Alandalus


Violinos choram: vão-se os árabes de Alandalus.



 

 

Violinos: cavalos nas cordas da miragem, na água gemente.


Violinos: campo violáceo selvagem, longe, circundante.



 

Violinos: fera fustigada, unha de mulher, o roçar do toque.


Violinos: escala menor, sons de exército em cemitério de mármore.



 

Violinos: loucos corações no rodopiar de pés da dançarina.


Violinos: bando de aves a migrar da bandeira não erguida.



 

Violinos: seda encrespada, queixas de mulher à noite sozinha.


Violinos: voz de vinho distante a evocar o dia vencido.



 

Violinos: me seguem, aqui, ali, para vingarem-se de mim.


Violinos: para matarem-me, onde quer que eu termine.



 

Violinos choram pelos árabes que se vão de Alandalus.


Violinos choram com os ciganos que se vão a Alandalus.



 

Mahmoud Darwish




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Muito além das relvas verdejantes dos vizinhos

 




A greve dos docentes das federais enseja decorrer de desconforto muito mais profundo, fundamental e quase existencial. Para ler o texto de Daniel Afonso da Silva clique aqui







Qual caminho para a Palestina? Opções para uma nova estratégia face à NATO

 





O caminho da OTAN para a Pérsia começa a assemelhar-se ao caminho de Hitler para Moscovo, uma cidade que Napoleão Bonaparte visitou uma vez. O caminho trilhado por Hitler e Napoleão tem seus pontos dignos de nota. Para ler o texto de Declan Hayes clique aqui




































Papisa: "Dores no Varal"

 




Para assistir à interpretação de "Dores no Varal" na voz de Papisa clique no vídeo aqui

Navegando pelo cinema

 






Eu Cinéfilo: "Guerra Civil"




Ao se falar de fotografia existe todo um aparato ideológico do visual que equipara o contato do espectador com um plano fixo. Aquele momento registrado eternamente, parado no tempo. Congelado. Estático. É desse registro de um fragmento da história que se baseia o fotojornalismo. Vem do real. Da vida real. E isso, inserido dentro de um contexto de conflito, se coloca em um lugar de observador, tal qual se expectador dela após registrada. Ali, é onde existe um distanciamento de quem registra a imagem ao que de fato está acontecendo. A câmera aqui é uma ferramenta da aproximação e ao mesmo tempo distanciamento do real. "Guerra Civil" (2024) de Alex Garland junta essa ideia de distanciamento e registro ao cinema. Uma arte que amplia tal sensação. São vinte e quatro fotos por segundo. Para ler o texto de Felipe Vignoli clique aqui








Roma fora de casa ... e de horas




Não fiquemos surpreendidos com as constatações estéticas que este “Adagio” nos apresenta de imediato, tendo em conta que a sua mão assinante é a de Stefano Sollima, realizador que povoa os três mundos; Itália e a sua indústria, Itália para o Mundo por via Netflix e Hollywood (“Sicario: Day of the Soldado”). Para ler o texto de Hugo Gomes clique aqui








Entrevista com Negash Abdurahman sobre "Cuba na África"




Apresentado no FESPACO 2023, onde ganhou o Prêmio Thomas Sankara, "Cuba na África" oferece um resumo conciso do compromisso cubano com as lutas de libertação e contra o apartheid. Seu diretor responde às nossas perguntas na entrevista que pode ser lida clicando aqui

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